No tempo em que crescíamos
a noite bramava tão parda
que nem parecia noite
De súbito um frémito de luz
pestanejou nos mastros do cais
o mar restolhou
e eu vi claramente
os teus olhos remoçados
alumiarem as águas
Após tantos relâmpagos vividos
julgavas estar preparada
para voar
mas os pássaros ainda aprendiam
a ter asas
31 comentários:
Lembraste-me a minha avó. Era sábia... e sabia voar...
Beijo.
Muito lindo este dizer de um saber tão calejado, mas com dias sempre inesperados, vividos junto ao cais...
Bonita homenagem e a imagem é lindíssima!
Um rosto muito expresivo e bondoso, olhar terno, mapa de muitos caminhos interiores e muitas lutas...difícil definir tanto saber e doçura. Muita vida num só olhar...!
Beijos
Olhos nos olhos, li-te em alta voz.
Bj
Um maravilhoso poema, que cala fundo, parabens a foto é muito interessante, parabens
"No tempo em que crescíamos
a noite bramava tão parda
que nem parecia noite"
"mas os pássaros ainda aprendiam
a ter asas"
E um dia cantámos que éramos livres para crescer e voar.
Lindo.
A foto ecolhida é um mimo.
Um abraço
Há olhos que alumiam...
Os pássaros começam a aprender a ter asas.
A foto até arrepia.
Um abraço,
mário
Há águias que parecem demorar a jogar seus filhotes dos penhascos...
De repente lembrei-me dela, velhinha, avó minha.
Abraço
um olhar de poeta em que os pássaros ainda sabiam voar e talvez nem asas tinham...
Passamos a vida toda a aprender a ter asas...
Que nunca nos tirem nossas asas, trabalhamos imensos para as obter e poder voar.
Uma foto de respeito emocionante.
Beijo
Que bonitos olhos! Quem tem olhos assim não precisa de aprender a voar, já sabe.
Abraço. :)
Querido amigo,
A foto que fala por si e o poema lindo e comovente. Obrigada.
Beijos com carinho
que o mar restolhe e as ondas se agigantem...
e as gaivotas aprendam (de novo) a voar.
abraços, Poeta.
Nunca as asas nos chegam, para o vôo de toda uma vida.
De quando em vez é necessário que alguns olhos nos alumiem e nos conduzam aos cais da tranquilidade, onde recuperamos para outros vôos.
Devíamos ser como os pássaros e nunca desistir de aprender a voar!
Um beijo.
Esses olhos já voam.
bjs
Do voo, do mar, dos pássaros, das asas. Numa palavra - da vida. Belo!
Olhos que reflectem a luz que os ilumina...
Um abraço.
Aprendemos a voar todos os dias. Lamento os velhos que tanto passaram, da miséria, da ditadura, à revolução, à contra-revolução, à desolação de ver a enxurrada do liberalismo desenfreado. Ah as asas...
Lindos o olhar e as palavras.
Abç
Querido Poeta
Há olhares que ficam para sempre tatuados na nossa memória...vidas que não se perderam no tempo, porque deixam alguma coisa em nós.
Deixo um beijinho
Sonhadora
Belíssimo!
Belíssimo!
olhos de rebuçado
doces
a aprender a ter asas
um abraço
a aprendizagem, meu bom amigo, é um processo contínuo. somos, na eternidade dos tempos, relâmpagos dos nossos próprios olhos
... "e já é tanto".
um abraço com estima e amizade
Mel
E nós, quando aprenderemos?
Beleza no poema e na foto.
abs
A mudança é, tantas vezes, lenta, "esculpida no tempo", como diria Yourcenar. Lenta, mas sólida, é o que se deseja.
Um abraço e um bom fim de semana.
Há olhos que falam!
Os da imagem transmitem sabedoria...
Abraço.
Confesso que muitas vezes me sinto presa ao seu hermético olhar...
O poema é de uma subjetividade tal que eu nem ouso profaná-lo, com qualquer comentário desavisado, Eufrázio.
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