terça-feira, 1 de novembro de 2011

OLHOS REMOÇADOS








No tempo em que crescíamos
a noite bramava tão parda
que nem parecia noite

De súbito um frémito de luz
pestanejou nos mastros do cais

o mar restolhou

e eu vi claramente
os teus olhos remoçados
alumiarem as águas

Após tantos relâmpagos vividos
julgavas estar preparada
para voar

mas os pássaros ainda aprendiam
a ter asas



 


31 comentários:

Maria disse...

Lembraste-me a minha avó. Era sábia... e sabia voar...

Beijo.

Branca disse...

Muito lindo este dizer de um saber tão calejado, mas com dias sempre inesperados, vividos junto ao cais...

Bonita homenagem e a imagem é lindíssima!

Um rosto muito expresivo e bondoso, olhar terno, mapa de muitos caminhos interiores e muitas lutas...difícil definir tanto saber e doçura. Muita vida num só olhar...!

Beijos

anamar disse...

Olhos nos olhos, li-te em alta voz.
Bj

António Gallobar - Ensaios Poéticos disse...

Um maravilhoso poema, que cala fundo, parabens a foto é muito interessante, parabens

folha seca disse...

"No tempo em que crescíamos
a noite bramava tão parda
que nem parecia noite"

"mas os pássaros ainda aprendiam
a ter asas"

E um dia cantámos que éramos livres para crescer e voar.

Isabel disse...

Lindo.
A foto ecolhida é um mimo.
Um abraço

Nilson Barcelli disse...

Há olhos que alumiam...

trepadeira disse...

Os pássaros começam a aprender a ter asas.

A foto até arrepia.

Um abraço,
mário

Anónimo disse...

Há águias que parecem demorar a jogar seus filhotes dos penhascos...

jrd disse...

De repente lembrei-me dela, velhinha, avó minha.

Abraço

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

um olhar de poeta em que os pássaros ainda sabiam voar e talvez nem asas tinham...

Justine disse...

Passamos a vida toda a aprender a ter asas...

Flor de Jasmim disse...

Que nunca nos tirem nossas asas, trabalhamos imensos para as obter e poder voar.
Uma foto de respeito emocionante.
Beijo

ana disse...

Que bonitos olhos! Quem tem olhos assim não precisa de aprender a voar, já sabe.
Abraço. :)

SAM disse...

Querido amigo,

A foto que fala por si e o poema lindo e comovente. Obrigada.


Beijos com carinho

Manuel Veiga disse...

que o mar restolhe e as ondas se agigantem...

e as gaivotas aprendam (de novo) a voar.

abraços, Poeta.

Eduardo Miguel Pereira disse...

Nunca as asas nos chegam, para o vôo de toda uma vida.
De quando em vez é necessário que alguns olhos nos alumiem e nos conduzam aos cais da tranquilidade, onde recuperamos para outros vôos.

Maré Viva disse...

Devíamos ser como os pássaros e nunca desistir de aprender a voar!
Um beijo.

www.amsk.org.br disse...

Esses olhos já voam.

bjs

hfm disse...

Do voo, do mar, dos pássaros, das asas. Numa palavra - da vida. Belo!

R. disse...

Olhos que reflectem a luz que os ilumina...

Um abraço.

bettips disse...

Aprendemos a voar todos os dias. Lamento os velhos que tanto passaram, da miséria, da ditadura, à revolução, à contra-revolução, à desolação de ver a enxurrada do liberalismo desenfreado. Ah as asas...
Lindos o olhar e as palavras.
Abç

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Querido Poeta

Há olhares que ficam para sempre tatuados na nossa memória...vidas que não se perderam no tempo, porque deixam alguma coisa em nós.

Deixo um beijinho
Sonhadora

Maria P. disse...

Belíssimo!

Anónimo disse...

Belíssimo!

manuela baptista disse...

olhos de rebuçado

doces

a aprender a ter asas


um abraço

Mel de Carvalho disse...

a aprendizagem, meu bom amigo, é um processo contínuo. somos, na eternidade dos tempos, relâmpagos dos nossos próprios olhos

... "e já é tanto".


um abraço com estima e amizade
Mel

Sônia Brandão disse...

E nós, quando aprenderemos?

Beleza no poema e na foto.

abs

Sara disse...

A mudança é, tantas vezes, lenta, "esculpida no tempo", como diria Yourcenar. Lenta, mas sólida, é o que se deseja.
Um abraço e um bom fim de semana.

Anónimo disse...

Há olhos que falam!
Os da imagem transmitem sabedoria...

Abraço.

Canto da Boca disse...

Confesso que muitas vezes me sinto presa ao seu hermético olhar...
O poema é de uma subjetividade tal que eu nem ouso profaná-lo, com qualquer comentário desavisado, Eufrázio.