reconstruído do meu CAÇADOR DE RELÂMPAGOS"
- O cão ou o velho?
O cão mais velho que o dono - era o guia, a sua bengala de cego.
Pela orla da praia, desde a gruta onde viviam até à colossal duna, abrupta sobre as águas, as aves marinhas mergulhavam a pique - esbracejavam asas só para os salpicar - e eles lá iam , serenos, livres, sem palavras - imensos.
No ar cálido, o sussurro dos silêncios embalava-lhes os passos num concerto de maresias.
Chegados ao topo da montanha, era sempre assim. O velho afagava as orelhas do cão e o cão lambia-lhe as mãos.
Ao longe, muito ao longe, inesperadamente, alguém de um barco bramou
- Fuja - a duna vai desmoronar-se
Impertubável respondeu baixinho - para não acordar o cão
- A duna sou eu?
35 comentários:
e o sono de um cão não deve ser perturbado...
"as árvores morrem de pé..." - como alguns homens. no uivo de um cão!
abraço, caro Poeta.
Acho que já te tinha dito
que acho este teu texto
muito bonito
(ou talvez o tivesse dito baixinho-para não acordar o cão...)
Texto lindo e de uma cumplicidade comovente.
Beijo
Mar Arável,
A duna se se desmoronar vai ter ao mar e lavar as suas areias.
O cão dorme porque sabe que vai com o seu amigo...
Um texto muito interessante!
Beijo.
Haverá, talvez, para cada um de nós, o dia de ser duna.
Um abraço
Adorei o blog. Adorei sua escrita. Parabéns! Quero convidar vc a dar uma passada no meu blog: http://raissasofia.zip.net
Abraços
Nada como ter um amigo que nos acompanhe para onde quer vamos.
A tua história é serena, livre, quase não precisa de palavras, pois é feita de sentimentos.
GOSTEI!
Beijos.
Belo texto!
Abraço
...que exista sempre o sopro das (tuas) palavras...
Beijinho*
A idade não perdoa!... E há dunas de valor imenso na imensidão dos afectos que a idade não perturba nem neles interfere!... Há sempre barcos a passar ao longe... das dunas e do cão por quem olhos afectuosos olham. Gratos!...
Abraço
O vento sopra, o tempo passa, o homem perece lentamente, com dignididade.
Texto com enorme carga emotiva.
Um abraço
oa.s
Belíssimo remate final.
Todos podemos ser uma duna ou um cão. Depende do modo como perspectivamos a vida...
Textos que nem precisam de comentários, estão no ponto, servem para ser saboreados em silêncio.
Bjos
Gostei. Gostei dos cheiros que senti, das cores que construí, dos olhos cegos e da dormência do cão, da duna macia e do silêncio a desmoronar-se.
Gostei da metáfora.
Beijo
a duna ou a velhice, o cao, os silencios.
belo poema.
um beij
A mútua presença afrontava qualquer desafio... "Sentados nas areias respiravam infinitos" e desmoronar seria "apenas" mais uma viagem... a dois (a um?!...)
Abraço
Quicas
História comovente e lúcida!
Imensos são os caminhos em que homens e os cães percorrem as hastes do tempo e deixam na areia a sua pegada respeitosa.
Destes textos, que respiram infinitos, se distendem, acrescentados, os meus olhos.
Abraço daqui, Eufrázio, boas férias, se for o caso.
Mel
Não apenas recheado de belezas e ensinamentos, mas o conto é muito comovente!
Tenho cá para mim que falta-nos essa sensibilidade e fidelidade, encontrada nos cães.
O tempo é infinito, ele, não nós.
Desmoronamo-nos em cada grão-minuto.
Fica o amor e o bem que fizemos bem.
Abç da bettips
Gosto do teu tom, sempre azul, sempre céu (ou será o(a)mar?!).
Abraços poéticos!
tão lindo o teu conto, Mar.
permite-me transcrever o que mais me emocionou...
"... as aves marinhas mergulhavam a pique - esbracejavam asas só para os salpicar - e eles lá iam , serenos, livres, sem palavras - imensos...
...Chegados ao topo da montanha, era sempre assim. O velho afagava as orelhas do cão e o cão lambia-lhe as mãos.
...Sentados nas areias respiravam infinitos - o perfume das algas. Adormeciam por instantes para logo despertarem o voo das aves.
... - A duna sou eu? "
beijo, Mar.
Maravilhoso texto, amigo.
Um beijo.
Navegando por estes mares em expectativa...atràs do fim do conto. Será que o velho se desmoronou ou sobreviveu? Será que o cão acordou e salvou o dono?
Beijos meu amigo fiel.
Parti, mas não por aqui.
Branca
Só queria dizer que gostei muito, tocaram-me aquelas figuras, aquele cão que vou imaginando noutras situações, para não falar já do velho, do sábio velho...Ele é que sabe!
Abraço!
O tempo é um aliado as circunstâncias.
beijos carinhosos!
Meu Anjo..
Agora, neste momento,
onde quer que esteja,
sinta o coração tranqüilo,
a alma leve, a mente junto da luz.
Sinta neste momento, o ar que te rodeia,
a vida que pulsa perfeita em você.
Não se descuide nunca!!!!
Dê sempre a você, o melhor...
aceitando a transformação dos tempos,
aprendendo que a cada dia,
muito está reservado para a você.
Então, seja feliz agora..
Seus lindos Sonhos realizados.
Um final de semana lindo e abençoado.
Sua Amizade Para Mim é Tudo.
Bjs,,Evanir,,
Mar, gostei muito do que li.
Um abraço!
Todas as dunas desmoronarão um dia, mas nem todas terão consigo um afago cúmplice no momento da queda.
Um abraço, Eufrázio
os meus parabéns, pela excelência do seu texto.
Meu caro amigo Eufrázio;
Sublime texto.
Parabéns.
Um abraço.
Excelente. Um quadro de ruína com gente dentro. E o cão, claro, que nem todos são de barro.
Abraço, Eufrázio.
Mar,
" A duna sou eu?"
Que maravilha esta paz de espírito e a reflexão que o conto nos leva. Obrigada.
Beijos com carinho.
E a duna de areia é o senhor?
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