quinta-feira, 7 de abril de 2011

O BRILHO DOS CORAIS


                                                             oleo de John Waterhouse

Cansado dos pássaros apátridas
dos cães dulcíssimos
das pedras estateladas
no chão da azinhaga
e do pó que se levanta

das palavras
dos pássaros
dos cães

meti-me ao mar
para te roubar um beijo
afundar um barco
nos teus olhos
e regressar ao cais
de mãos vazias

Amanhã tentarei
recuperar nos escombros
o sinal que deixei gravado
na gávea

o brilho dos corais



41 comentários:

  1. Sinais há

    que deixam sulcos tão profundos

    que nem os escombros podem apagar

    Beijos

    Maria José Bravo

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  2. Ler-te no silêncio da noite...
    Eis-me aqui.
    Beijos salgados

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  3. "afundar um barco
    nos teus olhos
    e regressar ao cais
    de mãos vazias"

    Não costumo retirar partes de poemas do seu contexto. Mas encontrei aqui qualquer coisa de premonitório.

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  4. Caro Eufrázio
    Dificilmente se consegue recuperar nos escombros os sinais que se deixaram gravados, sim acho mesmo que só nos resta voltar de mãos vazias. Palavras sábias muito actuais.
    Abraço

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  5. A beleza de uma escrita que rasga a terra e brota, luminosa, coralina, como um alerta, num país de azinhagas e onde, pobres de nós, (não) "levantados do chão", perdemos dia-a-dia, hora-a-hora, os sonhos e a capacidade de subir à gávea e ver mais longe, ou descer em apneia e ver mais fundo.
    Talvez seja necessário a retoma do mar, do espaço marítimo, onde, no brilho dos corais jaz uma pátria que beijamos às mãos cheias.

    Fraterno abraço meu amigo,
    a minha gratidão pela partilha

    Mel

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  6. Parabéns
    por mais este belo entrelace
    de palavras e sentimentos.

    O desânimo que vejo nele
    acaba por me preocupar

    Apetece-me dizer-te
    "de mãos vazias"
    mas coração cheio
    quando no teu mar
    alguém nele consegue
    navegar
    até às profundezas
    ou subir à "gávea"
    para decifrar o teu sinal
    ou sentir o aroma
    do teu beijo roubado.

    beijo
    princesa

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  7. Um passeio que sempre fazemos.
    É a nossa eterna procura!

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  8. Sempre de um lirismo estonteante, melacólico, mas tão e tão belo!!! Amo algumas palavras recorrentes em poemas teus. Palavrs que nunca usei e, quando as encontro, meus olhos brilham.
    Beijos,

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  9. às vezes é necessário "ir ao fundo e voltar"...

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  10. As mãos, afinal, não regressaram vazias...
    Aquele abraço, meu caro!

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  11. No final encontra-se o brilho dos corais... e isso é que importa!

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  12. Caro Eufrázio;
    A vida e o amor são feitos de sinais, que se perdem e, às vezes se recuperam no "brilho dos corais".
    Gostei imenso deste poema.
    Um forte abraço.

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  13. Há que voltar do chão de escombros. Que o brilho dos corais nos alimente.

    Muito bonito, como sempre, caro Eufrázio.

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  14. Tentar e regressar de mãos vazias não é coisa fácil de digerir. Continuar a tentar, ainda assim, é já o reflexo da recuperação, o próprio "brilho dos corais".

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  15. sinais tatuados. á flor do desejo...

    abraços, caro Poeta.

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  16. A arte de bem fazer poesia e de nos encantar neste seu versejar incomentável de tão rico, porque nestes verso cabem tantos dizeres, tanto sentimento...

    Beijos
    Branca

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  17. ... posso divagar?!..... :))

    a tua poesia é sempre tão linda, que apetece vesti-la, olhar no espelho e perguntar: "achas que me fica bem?!"

    nunca regressamos de mãos vazias, quando nos metemos ao mar.
    particularmente se o mar for assim como este teu.
    aposto que não encontrarás o sinal que lá deixaste...

    :)) beijinho, Filipe.

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  18. Talvez o regresso seja feito de mãos vazias, mas com a alma cheia.

    Boa semana!

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  19. Nem sei que diga, a não ser que fiquei encantado.

    Abraço

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  20. é bonito o seu poema

    rasgado nas palavras
    nos pássaros
    nos cães

    um abraço

    manuela

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  21. meteu-se ao mar e ele secou. há poetas com tanta sede!!!
    Um abraço entre versos

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  22. Nos corais, todos os sinais gravados serão vida, se for isso que quisermos.

    Um abraço

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  23. Os corais é que sustentam o oxigênio.
    No sentido literal e figurado.

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  24. Beijos roubados... Só para deixar um sinal de que foi até ali. Mas só até ali.

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  25. Poeta

    Eu cheguei vazia e vou cheia de palavras ditas...na imensidão do mar.

    Beijinho
    Sonhadora

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  26. No fundo, já estamos... oxalá não tenhamos perdido a capacidade de apreciar os corais! Então, não voltaremos de mãos vazias!
    Abraço

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  27. (o brilho dos corais que refulgem o dos olhos de quem olha)

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  28. Lindo poema e a pintura é brilhante!


    Adorei teu blog e estou a seguir-te; caso queira seguir-me também, este é o meu blogBlog Pessoal
    http://asvozesdomar.blogspot.com/

    Abç!

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  29. O Eufrázio nunca regressa de mãos vazias...
    Tem as dunas, as escarpas, os pássaros, as serras, as flores, as oliveiras, as ondas, os espelhos, as pedras, etc...
    Penso que nunca conheci um poeta com as mãos tão plenas...
    As suas mãos dançam, ao vento com o sabor das açucenas...(silvestres)
    Maravilhoso!

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