terça-feira, 21 de setembro de 2010

VENTO DESGRENHADO





Tinhas um quase deus escondido
no oráculo das mãos
todos os azuis descompassados
à hora incerta das marés

e foi assim que acordaste
sentada no cais
a celebrar o único barco
que se fez ao mar
para te prender ao voo dos pássaros

e foi assim que soletraste
os miríficos relâmpagos
floriste em concha
soltaste areias por entre os dedos

até o vento desgrenhado
te afagar as tempestades

33 comentários:

  1. Tudo é possível, quando o poeta é vento e mar...
    Muito bom!
    Abraço

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  2. fiquei ali no cais,
    olhando nas marés tuas palavras
    deitadas sobre as ondas do mar...

    Belo !

    Beijinhos

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  3. [quantas as margens do mar, para que todo o vento aconteça? quantas as praias, onde o voo se adormeça? tantas, possibilidades, tantas]

    um imenso abraço,

    Leonardo B.

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  4. "até o vento desgrenhado
    te afagar as tempestades"
    É belo de ler e de ouvir...
    Mas diz-me poeta:
    Quando será que tal vento
    repetirá esse afagar
    em suas serenas bonanças?

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  5. E é sempre assim que eu fico, aqui...

    como num cais, a celebrar o último barco.

    Um beijinho

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  6. Belísssimo! Um poema de amor e liberdade.
    Um beijo, amigo.

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  7. quando, de intemporais, as tempestades se tornam bonanças.

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  8. Em tempos de regresso, uma visita para constatar mais um bonito poema, com o mar sempre presente.

    Beijos

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  9. Como sºao belos os azuis descompassdos...

    Fica bem.

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  10. ... lê-se de um ritmado fôlego com o coração (oráculo) nas mãos e pedindo mais tempestades destas.

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  11. Adorei esse «vento desgrenhado que afaga tempestades».

    bjs

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  12. Esta imagem, a do vento desgrenhado, é magnífica. Verdadeiramente estimulante da nossa capacidade imagética. Antecipo lembrar-me dela em dias (ou noites) de ventania.

    Obrigada e um abraço!

    PS: Obrigada pelo comentário que deixou a propósito do "Elogio del Horizonte". Um verdadeiro poema em três versos, devo dizê-lo.

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  13. O quanto gosto destes trabalhos, tão despojados de artificialismos.

    Meu bom amigo, os seus poemas são ventos alísios aos sentidos de quem o lê. Fazem acreditar no lado bom, generoso, do ser humano.


    Abraço saudoso
    Mel

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  14. Belo.
    A imagem bafejada do vento foi muito bem escolhida.

    O vento arrasta a espuma do
    mar
    em concha florescem as algas.
    Abraço. :)

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  15. Encantadora a harmonia que atravessa a desordem...

    [gosto sempre deste travo a tranquilidade!]

    Um abraço

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  16. *
    desgrenhado,
    fiquei ao ler este poema,
    e sem vento . . .
    ,
    conchinhas,
    ,
    *

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  17. ________________________________

    ...bonito!

    " tinhas um quase deus escondido no oráculo das mãos..."


    Beijos de luz e o meu carinho!


    ________________________________

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  18. A natureza encerra, em si mesma, a sabedoria dos melhores antídotos.

    Um abraço.

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  19. na simplicidade despojada de um poema a mestria pura das palavras.
    Perfeito!

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  20. Olá,

    gostei muito - e o vento desgrenhado disse-me: temos poeta!
    ;0)

    Muito bonito!

    Beijinhos de sol*

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  21. O amor nasce de um beijo, cresce de um sorriso, alimenta-se de um carinho e ressuscita de um perdão."
    Uma boa semana
    Bjs com carinho

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  22. E foi assim que se fez um tempo e um momento singular em que o desalinho era afinal a vida toda a acontecer.

    Muito bonito, tal como os outros de que estou a gostar imenso.

    Obrigada,
    Branca

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  23. Os elementos como forma de realçar ...
    "até o vento desgrenhado
    te afagar as tempestades"

    :)))

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  24. Há sereias assim, apaixonadas e musas inspiradoras!
    Abraço

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  25. Um canto à ousadia de ser, de se cumprir como destino...
    Belo!

    Abraço

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  26. Olá Eufrázio, também a mim me trouxeram os ventos, a este cais seguro de poesia azul.

    Gosto muito desta imagem que deixas

    "e foi assim que acordaste
    sentada no cais
    a celebrar o único barco
    que se fez ao mar
    para te prender ao voo dos pássaros."

    Magnifica.

    Um abraço.

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  27. Retribuo a visita ao meu blogue, e como gostei do que li aqui, fiquei;)

    Um poema intenso,cheio de azul e mar

    beijinhos

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  28. os ventos desgrenhados amaciam os incêndios...


    abraços

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  29. Ali sentada, depois de sabido o único barco, quando o mar parecer chama, o vento virá e o teu cabelo será seda de novo.

    Tão bonito, Poeta.

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