domingo, 30 de maio de 2010

À FALA COM OS CÃES



No bulício dos silêncios
um coro a restolhar
contra o tempo que faz
despertou-me para a fala
com os cães

Acordavam em flor os jacarandás
quando fixámos os olhos
no teu ninho devoluto
e sublinhei com um dedo
molhado nos lábios
uma frase inscrita
no portão da casa

infinitésimo é o pensamento

Indiferente chegaste e partiste
fora do tempo
nas mesmas asas

deixaste um rasto trinado
que guardo no meu búzio
de mãos nos ouvidos

À fala com os cães
os pássaros públicos renovam-se
na minha escarpa

mas é preciso intervir
para evitar o suicídio
dos jacarandás

33 comentários:

  1. Os jacarandás não podem morrer!
    E os cães e os pássaros têm que os impedir.
    :):))_lindo!

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  2. Perdi o meu olhar na alameda dos jacarandás...
    Belo!

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  3. dizem que os cães ladram... mas, o ar, esse tem que continuar a ser livre e sem limites.
    abraço

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  4. QUE PRECIOSO PAISAJE Y POEMA.
    Cariños para ti.
    mar

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  5. Poema bem enquadrado

    com o lilás

    (também)

    dos jacarandás!

    Um abraço

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  6. Vindas, partidas...
    o que importa é a permanência da beleza dos jacarandás.

    abs

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  7. "é preciso intervir
    para evitar o suicídio
    dos jacarandás" - Que verdade, Eufrázio.

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  8. É preciso intervir, sim. Os cães, os pássaros, nós. Como poderíamos ser gente sem a flor dos jacarandás?

    Muito belo!

    Um beijo.

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  9. O suicídio é um mundo onde os outros são estranhos, tão estranhos como o improvável trio deste poema.

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  10. De Cães e Jacarandás se renovam as asas da poesia.

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  11. "infinitésimo é o pensamento...

    ....

    mas é preciso intervir..."


    beijo

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  12. é preciso re aprender a linguagem dos CÃES.......

    .....para evitar o derrube de mais árvores!

    excelente este teu poema



    .
    um beijo

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  13. É preciso intervir.Ponto.
    Ah, os jacarandás que vestem Lisboa

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  14. Lindos, a imagem e o poema. E eu, se quiser ver jacarandás floridos, tenho de ir sozinho porque a minha companheira é alérgica às suas flores.
    Abraço

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  15. intervenhamos juntos, nem que para isso seja preciso ladrar ou morder! beijinho grande, eufrázio.

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  16. Mas os jacarandás são eternos, meu caro... Ou não?

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  17. "Infinitésimo é o pensamento" e o poder criativo. Salvemos, pois, os jacarandás com a melodia que invade este escrito: a fala dos cães, o bulício do silêncio e o trinado que o búzio guarda.

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  18. 2decopas à fala com quem fala com os cãezes:
    Já era a era em que os animais falavam com os homens. Quando o faziam, os homens respondiam. Esta é a era em que os homens falam com os animais. É preciso. Mas quando o fazem, respondem-lhes estes? Talvez o cão que não tenha vida de cão o faça. Talvez este cão seja da opinião que o homem é o melhor amigo do cão. Ossos do ofício.

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  19. desamparados ninhos devolutos...

    que os cães uivem. e os jacarandás floresçam...

    e o canto (dos pássaros publicos) se renove.

    e renasçam búzios.
    em mãos abertas...

    abraço,Poeta

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  20. Prefiro não pensar na possibilidade de se auto-extinguirem. Prefiro, antes, pensar que, acordados em flor, nos "acordarão" para a beleza e harmonia que consigo trazem.

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  21. Ninguém pode ser indiferente aos jacarandás em flor, nem os pássaros nem os cães, nem os homens.
    Como podem suicidar-se?

    Tão lindo!

    Um beijo

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  22. Amanhã vou de novo ver os jacarandás da minha rua... que as suas flores são efémeras...
    faço visitas guiadas...
    :))
    Beijinho

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  23. Li algures que os frutos dos jacarandás são semelhantes a conchas; e que por esta altura florescem e libertam uma poeira de sementes / vida ...

    Um abraço

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  24. "... infinitésimo é o pensamento. "

    e este, vou guardá-lo comigo, cá dentro. Vou repeti-lo, nos dias cheios de mim, para nunca mais me esquecer!

    Um abraço

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  25. " é preciso intervir
    para evitar o suicídio
    dos jacarandás"
    Concordo!
    Beijos.

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  26. um diálogo só possível na sabedoria
    das árvores.

    fazer falar o silêncio
    e incendiar as conchas com o rumor do pensamento.

    __ beijo Eufrázio

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  27. É preciso intervir. Entervinhamos então com o poder da fala nossa e dos outros animais.
    É a profundidade por detrás das palavras que me deixa rendida. Aqui.
    meu beijo

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  28. Magnífico poema.
    Gostei do princípio ao fim, mas destaco estas estrofes:
    "deixaste um rasto trinado
    que guardo no meu búzio
    de mãos nos ouvidos"
    Bom fim-de-semana.
    Abraço.

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  29. jacarandás...
    um mar de azul/lilás que veste de pétalas mansas os trilhos das memórias.
    o poema fluí, no rasto dos pássaros, no dorso os cães.

    no "bulício dos silêncios" releio cada palavra e saio deixando aqui o meu agradecimento pela partilha.

    bem-haja, Eufrázio
    abraço fraterno
    Mel

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  30. Amigo

    Coloquei este post na minha pagina do Facebook, recomendando a leitura da tua poesia.
    Abraço
    Luís

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  31. Belíssima a forma de referir-se aos jacarandás...Vou aqui aprendendo a dizer contigo.
    Abraços,
    Tania

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