sexta-feira, 19 de março de 2010

MÃOS VERTIGINOSAS







Nos meus dedos as tuas mãos
são vertiginosas
capazes de criarem asas
para voarmos quase imortais

mas hoje inconciliei-me
com as tuas mãos
porque sufocaste um pássaro
ferido na voz
e desenhaste no chão
a dor que sentimos

Eu conhecia mal as tuas mãos
mas quando as vi nos meus dedos
a rebentarem em flor

perguntei-me

É preciso matar um pássaro
para nascer a primavera?




34 comentários:

mdsol disse...

:)))

_Sentido!... disse...

Ai... Mar
Arrepiei-me!...

Acertaste em cheio, lá, bem no centro do alvo, mas tenho que reconhecer a verdade:

- Sim, às vezes mata-se um pássaro para que se consiga SER a primavera eternamente!

Belissimo o teu poema, salta dele uma verdade que nem imaginas como, nem porquê, é "verdadeira"! A força das tuas palavras descreveu um sentimento arrepiante! Gostei muito deste poema. Parabéns.

Beijo

Anónimo disse...

Muitos amores matam a essência do ser amado e até hoje nada melhor que teu poema eu li que expressasse essa violência de modo tão emotivo e forte.
Lindo, lindo demais!

jrd disse...

Excelente metáfora da morte e da vida.
Abraço

lino disse...

Que mãos!
Abraço

Manuel Veiga disse...

e da morte se faz vida...

poema de excelência. como sempre.

admirável teu talento, Poeta!

grande abraço.

Inês disse...

Lindo!
Beijos...
Inês.

Virgínia do Carmo disse...

Na vertigem das mãos cabe tanto...

[Do seu toque se morre, e do seu toque se (re)nasce]

Um abraço

- sempre -

Gabriela Rocha Martins disse...

excelente metáfora ao AMOR

no primeiro dia de Primavera de 2010




.
um beijo

Ana Paula Sena disse...

Como sempre, muito bom!

...a Primavera, às vezes, chega carregada dos tormentos do Inverno, para mais tarde os desvanecer em promessas de renovação...

Um abraço :)

Maria Josefa Paias disse...

.
Belíssimo poema!

Um abraço.

Alberto Oliveira disse...

... não é - respondeu ela tardiamente arrependida do acto selvagem e gratuito - mas como perdi o conto aos dias... julgava-me ainda no inverno.
Foi nesse dia que ele lhe ofereceu um calendário completo: com os dias, os meses e as estações.
Não foram muito felizes, não tiveram filhos nem casaram, pois nem sempre o encontro de duas almas tem um final feliz...

... mas este poema tem a musicalidade dramática das interrogações no amor. Parabéns.

São disse...

Muito bonito, mesmo!

Beijinhos de admiração, amigo meu.

anamar disse...

É uma metáfora da vida...

Por amor
também se "mata"...
para se ficar irremediavelmente
só...

beijos primaveris

betencourt disse...

A primavera renasce todos os anos.
Não precisa de sacrificar passarinho nenhum

Ela aí está em todo o seu explendor

Beijo doce para vc.

Começo a refazer o meu blog com outro nome pois o anterior perdeu-se Espero a sua visita
Outro beijo

partilha de silêncios disse...

A eterna renovação!!

um beijo

utopia das palavras disse...

Nada é perfeito, nem mesmo o renascer da Primavera!
Excelente poema!

Maria P. disse...

É sempre primavera passar aqui...

Beijinho*

maré disse...

alguém disse que é do caos que nasce uma flor...


vertiginosa
verdade
que increve no chão
a morte de um pássaro

________

um beijo Eufrázio

Graça disse...

Um belíssimo poema. Às vezes é preciso, sim... [renascer].


Beijo meu, Poeta.

pin gente disse...

a dor desenhada no chão tinha asas, para um dia levantar de novo voo.
muito belo o poema!
um abraço
luísa

Justine disse...

O sofrimento, que ensina sempre novos horizontes, que descobre outros voos. Tudo isso leio no teu poema, e ainda algo mais.

Arábica disse...

Das Primaveras que as mãos arquitectas tacteiam...

Um abraço

mundo azul disse...

__________________________________


...sim! Por vezes é preciso morrer, para poder nascer novamente...

Esse poema é muito, muito bonito!!!
Obrigada, pelo bom momento...


Beijos de luz e o meu carinho!


_______________________________

luís filipe pereira disse...

Parabéns pela excelente construção poética:
precisa a primavera
das mãos abertas
insurrectas
amplas
como pássaros
sigilosos
que delas possam
florir, fragílimos,
num voo desvendado.
grato por este instante intenso,
luís filipe pereira

_Sentido!... disse...

Mar!...

... só dizer Mar lembra logo amor...
porque há tanta forma de amar...

O amor ninguém inventou...
Ele simplesmente aparece não se sabe de onde nem porquê, entra e instala-se sem pedir licença..., é muito atrevido e abusado, o Amor, só faz o que lhe apetece e não obedece a ninguém... (sorrisos)

Brincadeira minha, mas verdade incontestavel, não só minha, mas de todos..., digo eu...!?
Tu que achas Mar?!
Beijo

Barbara disse...

Impedimentos para com um pássaro é algo grave.

Mar Arável disse...

Delirius

Admito que tenha razão

mas esclareço

O pássaro era um preso político
já falecido

Bjs

Licínia Quitério disse...

De como a dor pode renascer em alegria. Ou de como a alegria pode ser sufocada e feita pura dor. Mutatis mutandis,a vida.

_Sentido!... disse...

Me perdoa Mar, jamais imaginei tal coisa! Perdoa a minha insensibilidade por não ter compreendidoo sentido da tua metáfora.
Eu pressenti algo grave, por isso me arrepiei, mas nunca imaginei. Desculpa!

Beijo!

José Carlos Brandão disse...

"É preciso matar um pássaro
para nascer a primavera?"
Que lindo! E dorido!

tb disse...

e tantos foram mortos...

Menina Marota disse...

"...Eu conhecia mal as tuas mãos
mas quando as vi nos meus dedos
a rebentarem em flor
perguntei-me
É preciso matar um pássaro
para nascer a primavera?"


"... Mas pesa como um luto
Este silêncio hostil.
E fere como a raiva dum cilício
A certeza da morte
Colada ao corpo.
Que desgraça
Desconhecida,
Se a mudez ultrapassa
A nossa Vida!"

(Excerto de um poema de Miguel Torga in Orfeu Rebelde,pág.32/33)

Que aqui te deixo com um grande abraço.

Mar Arável disse...

Para a menina marota

Podias ser mais clara

identificando a primeira citação
da minha autoria

e a outra do Torga

Bjs