A CASA É UMA MÁSCARA
Sincopada a chuva
sacudia as folhas da cerejeira
acariciava o despontar das camélias
quando pressenti que estava
no avesso do tempo que faz
Já tinha aberto as portas
mas tu entraste pela janela do vento
percorreste todos os silêncios da casa
em espirais vertiginosas
até pousares devagar
sobre a mesa do alpendre
Trazias nos olhos um sol de mãos de cheias
um certo cansaço no trinado da voz
longas maresias
Afaguei-te a plumagem
à vista dos cães
e disse baixinho para não acordares
A casa é uma máscara
todas as casas são máscaras
que assustam os pássaros
menos a ti
Lindissimo poema...adorei
ResponderEliminarBeijos
Sonhadora
As casas e a magia do que se encontra para lá da porta e das janelas e o que fica nos alpendres encantados. Belíssimo!
ResponderEliminar*
ResponderEliminarnas tuas palavras
mascaro-me de tempo . . .
gostei,
,
*
belo poema, bela imagem «todas as casas são máscaras». por isso, a pureza dos pássaros as receia, excepto o pássaro do poema que pressentiu ternura além da máscara.
ResponderEliminarabraço.
Nunca tinha pensado nisso, que as casas são máscaras... e a verdade é que são mesmo...
ResponderEliminarAinda bem que há pássaros que não se assustam e entram, à descoberta...
Beijinho
Lindissímo! O instinto dos pássaros não se explica, 'canta-se'!
ResponderEliminarAbraço
E dentro das paredes mascaradas muitos homens tiram as máscaras e assustam os poucos pássaram que ousam entrar ou pousar no parapeito da janela aberta.
ResponderEliminarQue bom haver um pássaro a quem a casa-máscara não assusta. Talvez porque trazia porque "trazia nos olhos um sol de mãos cheias".
ResponderEliminarSimples
ResponderEliminarFora do tempo
chegaram as " minhas " andorinhas
A casa poderá também ser um ninho amistoso, onde sempre chega um pássaro aventureiro
ResponderEliminarbelíssimo!
ResponderEliminarbeijo.
Gostei muito!
ResponderEliminarTodas as casas são máscaras... Valeu!
:)))
Lembrei-me de um filhote de beija-flor que um dia caiu no meu quintal, desmaiado. Eu tinha mel de rosas e foi com isso e água que ele se recuperou, mas não sabia voar ainda. Somente no terceiro dia conseguiu voar. No quarto dia voltou... Voltou lindo, como que para agradecer. Vez ou outra ainda aparece na minha janela aberta.
ResponderEliminarBeijinhos
Gosto muito de percorrer todos os silêncios da casa abrigo, máscara caída.
ResponderEliminarUm bom domingo, abraço.
belíssimo Mar.
ResponderEliminarÉ mesmo, "todas as casas são máscaras que assustam os pássaros..."
Um abraço
a migração do olhar das aves não se explica
ResponderEliminarnem a forma dos telhados
apenas a sustentação das asas
e a proximidade de um azul que afague a plumagem.
______
um sorriso e um beijo Eufrázio
Poema lindíssimo.
ResponderEliminarHaverá aqui (Confirmá-lo-ás, se estiveres de acordo) um movimento do exterior para o interior que passa por:
Transpor a primeira barreira (Do exterior para o interior da casa) através da alvenaria, das suas paredes (A primeira limitação física);
Transpor , os limites corporais dos afectos, através do corpo, a física das emoções
Abrindo a salvaguarda ao parceiro
«menos a ti»
caíndo a última máscara.
Gostei!
... já não chegavam as máscaras com que o executivo se disfarçava e eis que, chegada ao aconchego da casa, tinha a dita cheia delas. Desalentada, voltou à rua e foi apanhada por uma chuva fria e tocada pela vento. "Chove de tal modo que até os cães bebem água de pé", lembrou-se de um dito da sua avó. Mais adiante, uma figura vestida de manda-chuva-do-banco-de-portugal-de-saida era perseguida por uma pequena multidão de candidatos ao lugar sem disfarce algum. "Ao que isto chegou!" pensou ela "A ganância pelo lugar é tanta que nem se importam de vir para a rua descalços até ao pescoço."
ResponderEliminarGostei do poema.
ResponderEliminarPela forma e pela duplicidade do conteúdo (achei-o assim, porque a verdade está sempre do lado do leitor... a menos que a leitura seja absurda...).
Boa semana, abraço.
Hoje o orvalho
ResponderEliminarapagará o teu nome
do meu chapéu
Matsuo Bashô, "O Gosto Solitário do Orvalho"
Amigo:
ResponderEliminarUm grande abraço. É bom ler-te, neste tempo em que os amigos são cintilações que nos iluminam o caminho.
Obrigado pelo teu ofício de beleza e suavidade, em tempos tão conturbados...
Luís
Todas as casas são máscaras que assustam os pássaros... acho que o que os assusta é entrar nelas... essa ideia de ficarem presos, não lhes deve agradar nada, mesmo que existam afectos fortes, está na sua natureza, ser livres.
ResponderEliminarbjs
e as palavras, querido eufrázio, são também máscaras de outras palavras e de outras casas. um beijo.
ResponderEliminarBelo, sim.
ResponderEliminarUm beijo.
O que assusta é a idéia da prisão, pássaros são livres e assim devem continuar...
ResponderEliminarMuito bom o poema, a interpretação pode ser diferente para cada pessoa, esta é sua riqueza.
um abraço, linda semana
Belíssimo! Mesmo!
ResponderEliminarÉ assim que a poesia é lugar de liberdade e de sonhos.
Um abraço :)
Esta noite tive uma insónia, raríssima, só possível com excesso de café...creio que é este Governo que ataca aqueles que não podem sobreviver sem o seu salário ( ou reforma)...o congelamento na função pública,servindo de modelo para os outros, o desemprego, todos os flagelos sociais que desfilam nos telejornais e sobretudo o que não vemos mas sabemos, tem de ter um fim.
ResponderEliminarLUTAR, LUTAR SEMPRE! com a Poesia também.Ler-te dá coragem, partilhas luz, as palavras são bálsamo, trazem ânimo, por isso volto a agradecer-te o empenho.
Abraço
Luís
"invejável" esse alpendre. onde os pássaros poisam. dobrando as máscaras. e as casas.
ResponderEliminarexcelente o poema. sempre.
abraço Poeta.
mas nunca a sua Face. nunca.
ResponderEliminarbeijo.O.
sempre.
"no avesso do tempo que faz" Que bom, as mãos cheias de sol. Mesmo quando a casa é uma máscara assustando os pássaros...
ResponderEliminarBelíssimo, o poema.
Um beijo.
Belíssima máscara...
ResponderEliminara casa, um refúgio para além dos outros
ResponderEliminarQue linda forma
ResponderEliminarde evocar a Primavera
o regresso das andorinhas
a ternura
em todos os tempos!!!
A casa é uma das máscaras
mais fiéis...
...penso.
Ela deixa transparecer
quem
nela se refugia.
Repare na cotovia.
lembra-se?
Princesa