quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O RIO À NOSSA MESA

foto de Eduardo Gageiro


Aparentemente livres

nas margens deste rio

insondáveis onde se cruzam brisas

e afagam retratos

recuperámos as nossas velas

transportámo-nos para o mar



No marulhar desta povoação

de sílabas quase perfeitas

desaguámos lentos

desenhámos garatujas

na coluna dos barcos

sem amarração



De tão quedas as águas

recortámos memórias

em pedaços de tremulina

sentámo-nos nas margens

a invocar a sede

a rasgar com um sopro

uma espécie de tempestade



Livres e insondáveis

perguntámos ao rio

se queria sentar-se à nossa mesa

e ele disse que sim




25 comentários:

Maria disse...

Assim, como se fosse da família...
... é com certeza da roda de amigos...

Beijo

isabel mendes ferreira disse...

"abençoada" mesa".






abraço.

Donagata disse...

Lindo. Apenas isso, lindo.

Justine disse...

Tão intenso e belo, que me apetece ficar em silêncio, ouvindo o marulhar das palavras e do rio.

isabel mendes ferreira disse...

a.d.o.r.e.i!!!!!!






______________obrigada!

Anónimo disse...

CAMINHO.....
Andarilhos de si mesmos, viandantes do que contêm, incontinenti seguem. Lendo-se, reescrevem - morrendo, se vive. Quero ir por esses caminhos; não há outro meio de ser livre.

V.A.A.

Anónimo disse...

A tempestade que neste momento
invade o meu espaço e a minha alma
contrasta com a leveza
tranquilidade e beleza
que mais um dos seus poemas
nos inspira e convida
a sentir
de, por assim dizer.
"a brisa"
"desaguámos lentos"
"recortámos memórias" em "barcos sem amarração"..."em pedaços de tremulina".
Apetece-me perguntar:
Há lugar para mais um?

princesa


e

Manuel Veiga disse...

abraço.

rios espraiando-se na mesa do poeta.

muito belo

Mateso disse...

Belo !
Que mais dizer?
Bj.

Sensualidades disse...

fantastica foto fantastico texto

Adorei o blog

jokas

Paula

Sensualidades disse...

obrigada

jokas

Paula

mariam [Maria Martins] disse...

não vejo a foto!
o poema é lindo!

meu Deus, esse recortar de memórias em pedaços de tremulina!
sentados junto ao rio que é rio de vós...

~~~~
mar arável, nós próprios não conseguimos avaliar em boa verdade... se merecemos!
eu p'lo menos...
obrigada p'las palavras

e, o prémio também é seu!
faz favor de o lá ir buscar.

bom fim-de-semana

um abraço outonal
um mimo
e um sorriso :)

mariam

vieira calado disse...

OS rios são nossos irmãos.
São da nossa própria natureza. Correm para o grande mar...
Cumprimentos

hfm disse...

Como não dizer sim a estas palavras?!

Anónimo disse...

...E disse muito bem!
...E está muito bem sentado!
abraço

São disse...

...e assim se continua "aparentemente livres"...
Bom domingo.

Luís Galego disse...

é complicado dizer que não quando a proposta é deste calibre...mais um belo poema.

um abraço e foi excelente o encontro em terras de Bandida.

um abraço do tamanho do seu talento.

Ana Paula Sena disse...

Convidar o rio, é preciso! Ele faz por não nos decepcionar!

Muito bonito, o poema :):)

José Pires F. disse...

Uma mesa imensa, com lugar para muitos e muitas coisas.
Fez-me lembrar um titulo fabuloso de um livro do Rui Marques “Uma mesa com lugar para todos”

Um abraço.

PS: Vi-te lá, na apresentação do livro da M.Q., quando decidi apresentar-me, tinhas desaparecido.

Será numa próxima, sem dúvida.

jrd disse...

E como tu serves a poesia!...

CNS disse...

Aparentemente livres. Nas tuas silabas mais que perfeitas.

abraço

Teresa Durães disse...

quando existe espaço para todos

Graça Pires disse...

Perfeitas: as plavras e a fotografia.
Posso fazer-vos companhia à mesa para estar com o rio?
Um abraço.

isabel mendes ferreira disse...

obrigada!


.



beijo.

Mié disse...

e eu também me sento.

Generosos são os rios

belo poema. parabéns


a fotografia é de mestre.

beijos

grandes