quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O RIO À NOSSA MESA

foto de Eduardo Gageiro


Aparentemente livres

nas margens deste rio

insondáveis onde se cruzam brisas

e afagam retratos

recuperámos as nossas velas

transportámo-nos para o mar



No marulhar desta povoação

de sílabas quase perfeitas

desaguámos lentos

desenhámos garatujas

na coluna dos barcos

sem amarração



De tão quedas as águas

recortámos memórias

em pedaços de tremulina

sentámo-nos nas margens

a invocar a sede

a rasgar com um sopro

uma espécie de tempestade



Livres e insondáveis

perguntámos ao rio

se queria sentar-se à nossa mesa

e ele disse que sim




25 comentários:

  1. Assim, como se fosse da família...
    ... é com certeza da roda de amigos...

    Beijo

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  2. Tão intenso e belo, que me apetece ficar em silêncio, ouvindo o marulhar das palavras e do rio.

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  3. CAMINHO.....
    Andarilhos de si mesmos, viandantes do que contêm, incontinenti seguem. Lendo-se, reescrevem - morrendo, se vive. Quero ir por esses caminhos; não há outro meio de ser livre.

    V.A.A.

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  4. A tempestade que neste momento
    invade o meu espaço e a minha alma
    contrasta com a leveza
    tranquilidade e beleza
    que mais um dos seus poemas
    nos inspira e convida
    a sentir
    de, por assim dizer.
    "a brisa"
    "desaguámos lentos"
    "recortámos memórias" em "barcos sem amarração"..."em pedaços de tremulina".
    Apetece-me perguntar:
    Há lugar para mais um?

    princesa


    e

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  5. abraço.

    rios espraiando-se na mesa do poeta.

    muito belo

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  6. fantastica foto fantastico texto

    Adorei o blog

    jokas

    Paula

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  7. não vejo a foto!
    o poema é lindo!

    meu Deus, esse recortar de memórias em pedaços de tremulina!
    sentados junto ao rio que é rio de vós...

    ~~~~
    mar arável, nós próprios não conseguimos avaliar em boa verdade... se merecemos!
    eu p'lo menos...
    obrigada p'las palavras

    e, o prémio também é seu!
    faz favor de o lá ir buscar.

    bom fim-de-semana

    um abraço outonal
    um mimo
    e um sorriso :)

    mariam

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  8. OS rios são nossos irmãos.
    São da nossa própria natureza. Correm para o grande mar...
    Cumprimentos

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  9. ...E disse muito bem!
    ...E está muito bem sentado!
    abraço

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  10. ...e assim se continua "aparentemente livres"...
    Bom domingo.

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  11. é complicado dizer que não quando a proposta é deste calibre...mais um belo poema.

    um abraço e foi excelente o encontro em terras de Bandida.

    um abraço do tamanho do seu talento.

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  12. Convidar o rio, é preciso! Ele faz por não nos decepcionar!

    Muito bonito, o poema :):)

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  13. Uma mesa imensa, com lugar para muitos e muitas coisas.
    Fez-me lembrar um titulo fabuloso de um livro do Rui Marques “Uma mesa com lugar para todos”

    Um abraço.

    PS: Vi-te lá, na apresentação do livro da M.Q., quando decidi apresentar-me, tinhas desaparecido.

    Será numa próxima, sem dúvida.

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  14. Aparentemente livres. Nas tuas silabas mais que perfeitas.

    abraço

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  15. Perfeitas: as plavras e a fotografia.
    Posso fazer-vos companhia à mesa para estar com o rio?
    Um abraço.

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  16. e eu também me sento.

    Generosos são os rios

    belo poema. parabéns


    a fotografia é de mestre.

    beijos

    grandes

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