terça-feira, 13 de maio de 2008

SEM BARCOS NEM AMEIAS





Nesta ilha rodeada de sonhos

lutaremos como somos

onde estamos


Ouvidos colados

neste chão de areias

até as searas renascidas

em festa de timbres

respiram fundo a intimidade

da terra lavrada


O nosso lugar é a partir daqui

na combustão de cada instante

porque este mar precisa

ser fecundado

às mãos cheias

na aragem limpa

por cima dos horizontes


Nesta ilha esta água

precisa de gestos simples

e um arado


só então será de beber

ou corpo de mulher


Nesta ilha meu amor

o nosso lugar é aqui

na vibração táctil do lume

na luta que tempera

frutos lentos

sem ameias


e se tivéssemos um barco

ai se tivéssemos um barco


como seria inútil

este mar

23 comentários:

  1. Só com gestos simples se obtêm resultados majestosos.

    (a utilidade de aprender a viver)

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  2. Escreves sempre num arame muito alto e sem rede...
    Mesmo assim arriscas "desequilibrar" com momentos como este.
    Muito bom!

    Abraço

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  3. Belíssima imagem poética...
    palavras fortíssimas, muito belas...

    um beijo

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  4. Ai se tevesemos un barco!,navegariamos igual a illa dos sonos..........
    precioso,chegoume moi preto.
    beijo.

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  5. tudo são ilhas. com sorte, talvez penínsulas.

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  6. inútil nunca será porém o teu mar. gostei muito de ler. um beijinho.

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  7. Se eu tivesse um barco...
    É igualmente óptimo ficar no lugar ao qual se pertence.

    Seria difícil viver sem poesia! Gosto de ler os seus poemas...

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  8. difícil mas.. bom.. mesmo.. é quando na mesma Ilha, se conseguem fazer(inventar) novas "ilhas" ...

    um sorriso :)

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  9. O mar nunca será inútil. Com barco, sem barco, nesta ou em outra qualquer ilha, nunca será inútil. E o seu, mar arável, será sempre imprescindível.

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  10. O nosso lugar é aqui. Lutaremos como somos. Muito bom o poema.
    Um abraço.

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  11. Será que, se tivéssemos um barco, os mistérios insondáveis seriam decifrados e deixaria de haver limites?

    Poema exaltante de demanda, de possibilidades, de amor.
    Bom lê-lo.

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  12. Uma ilha, uma missão de tornar a água "de beber ou corpo de mulher". E o desejo de um barco, como ponte.
    Belíssimo poema!

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  13. "Nesta Ilha rodeada de sonhos
    lutaremos como somos
    onde estamos...."

    Que plenitude
    na poesia
    e na vida!....

    Oh! Poeta nosso
    intemporal
    de sensibilidade sem igual.
    Parabéns!

    princesa

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  14. para quê o sonho, se barco é caminho...

    grande, enorme poema...

    abraços

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  15. Espantosa a metáfora.
    Que nunca o teu mar seja inútil, porque já é também o nosso mar.
    Parabéns Poeta!

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  16. Beber a ilha. Desfocar os olhos no mar.
    Belo o sentir!
    Abç

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  17. Sem barco, é melhor ficar arando esse mar, a multiplicar colheitas.

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  18. Ora viva poeta!

    Obrigado pela visita.

    É uma alegria encontrarmo-nos nestes becos (ou avenidas?) das novas formas de comunicação. É muito bom saber que há muitos, cada um no seu canto, que insistem, e cantam e resistem aos miasmas deste tempo dito liberal.

    Viva poeta!

    Vamos insistir nisto que água mole em pedra dura pelo menos dá para tirar os olhos e o coração de misárias.

    Um grande abraço fraterno,

    José Fanha

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  19. e se tivéssemos um barco

    mas restam-nos os sonhos e a bela poesia...

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  20. Um belo poema como este, convida-nos sempre a embarcar nos nossos sonhos...
    Obrigada pela visita ao meu blog.
    Prometo voltar ao seu.

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