Com a poeta Licínia Quitério na Ericeira
Quando reivindico um sopro de música
para o teu andar de ancas vagaroso
sobre a nudez branca das dunas
é para despertar o sabor do vento
desfolhar os teus cabelos
Quando reivindico um futuro quase divino
para as aves marinhas
que perfumam as clareiras solares
mais íntimas deste espaço
desejo apenas um porto seguro para o teu corpo
uma jangada efémera de cristal
Quando reivindico para ti um sonho verdadeiro
brotas do chão como um pomar de faúlhas
como se fôssemos uma lenda
em viagem sinuosa pelo tempo
És a pátria em alvorada que navego
e me desprende
o acesso intangível às brevíssimas papoilas
grão de areia esculpido com amor
na memória das palavras
Eufrázio Filipe
Publicado e lido na Ericeira numa iniciativa da poeta Licínia Quitério 2014
17 comentários:
Que belo poema, Eufrázio:), e que bela imagem.
Fica um beijinho com estima e amizade.
(muito belo, isto!)
...com o mar, momento poético no olhar. belo.
abraço.
Há sempre memórias esculpidas com amor em nós....
Que lindo....
Beijos e abraços
Marta
Adorei o poema.
Beijinhos e um excelente Domingo.
Gosto muito de ler a Licínia! E a si também, naturalmente!
Que bom haver blogs e facebooks para irmos conhecendo poetas discretos e tão bons!
Bom Ano!
Reivindicar a vida, dar-lhe cor, sabor e cheiro...
Muito bom, Eufrázio!
Abraço
Um espaço branco bastaria para repousar da viagem e do sonho de papoilas! Muito belo.
Beijo, EF
Quando reivindico para mim ler as tuas palavras é porque elas vêm direitas ao meu coração. Boa iniciativa da Licínia. Beijos aos dois.
reivindicador é aquele que ama as palavras e gosta de as dar a ler
um abraço
Fiquei presa na imagem do porto seguro - uma jangada efémera de cristal.
Serão assim todos os portos seguros? Um misto de quente clareira solar onde o corpo se aninha e o desgarrado frio cristal que sozinho se tornará estéril...
Como quero (queremos todos?) "o acesso intangível às brevíssimas papoilas"
Que lindo poema.
Beijinhos, D’A Vida De Diana.
As tuas reivindicações artísticas são, naturalmente, concedidas, tal a dimensão da tua criação.
Gostei de saber deste evento poético.
Nunca li nada da Licínia, vou tentar.
Bjo
Que belo «sonho verdadeiro», este poema!
(Bem parecido, o poeta!)
Beijo
Gostei das reivindicações.
Isto é, no meu ponto de vista, o poema é excelente. Parabéns.
Bom fim de semana, caro Eufrázio.
Abraço.
Viva, caro Poeta.
Um sublime poema.
Vale mais que a tela pintada.
Imagine-se...
A nós basta-nos
"um grão de areia esculpido com amor".
Que somos nós senão destino
de moldar a praia à medida
dos olhos e da mão humana?
Abraço.
Muito bom recordar esse encontro. Tarde linda de poemas e poetas. Abraço.
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