quarta-feira, 1 de novembro de 2017

SINAIS DE PENAS






Cumprida a colheita
decepadas as videiras
sem lágrimas soltas
na mesa redonda
do alpendre
só há lugar cativo
para os pássaros

timbres
mais leves que as cinzas
sopros de vento
na folhagem desprendida

Aqui em torvelinho
se deitam
os deuses do costume
que não dormem
palavras desalinhadas
sinais de penas


Eufrázio Filipe

18 comentários:

  1. Poeta
    tens a palavra certa

    dirige-a aos deuses que não domem
    e que acordem
    desse cómodo colchão de penas

    ou então
    não
    deixa-os
    deixa-os, deixá-los

    e antes liberta
    os pássaros

    ResponderEliminar
  2. O que lhe posso dizer, poeta, que não caia nos lugares comuns de lindo, muito bonito, ou gostei muito, que nada dizem?
    Na verdade não sei, porque a verde é que achei lindo e gostei muito.
    Abraço

    ResponderEliminar
  3. soltam-se todos os mistérios...
    nos oráculos de Baco.
    abraço

    ResponderEliminar
  4. Que se soltem os pássaros...O sopro do Vento que leve as palavras aos Deuses para que as escutem...
    Lindo..
    Beijos e abraços
    Marta

    ResponderEliminar
  5. Os pássaros e a liberdade de um poiso sempre reservado, tal qual um poema que chega com lugar cativo, neste "mar arável".

    Um abraço.

    ResponderEliminar

  6. Os pássaros, com lugar cativo aqui neste espaço, cumprem a sua missão naquela aspiração de liberdade que nos alenta. Por vezes, são só migalhas mas, com persistência encontraremos o caminho mais frutuoso.

    Abraço

    OLinda

    ResponderEliminar
  7. Que se libertem os pássaros, ainda que se soltem as penas!

    Bj

    ResponderEliminar
  8. As palavras desalinham-se porque os pássaros permanecem no poema com as penas ansiosas do seu voo.
    Belo, como sempre, meu Amigo.
    Um beijo.

    ResponderEliminar
  9. Resta-me um cacho solitário, o primeiro e último, que olho demoradamente para entreter a melancolia dos dias.

    Um abraço fraterno Poeta

    ResponderEliminar
  10. Vim ver a pena que escorre a hipnose,
    o espanto das palavras
    que nos sustentam, nos constituem
    átomo a átomo até sermos ser
    A palavra é a nossa razão de ter.

    ResponderEliminar
  11. Sinais de penas repletos de excelente poesia!
    Beijinhos,
    Ailime

    ResponderEliminar