Cumprida a colheita
decepadas as videiras
sem lágrimas soltas
na mesa redonda
do alpendre
só há lugar cativo
para os pássaros
timbres
mais leves que as cinzas
sopros de vento
na folhagem desprendida
Aqui em torvelinho
se deitam
os deuses do costume
que não dormem
palavras desalinhadas
sinais de penas
Eufrázio Filipe
18 comentários:
Poeta
tens a palavra certa
dirige-a aos deuses que não domem
e que acordem
desse cómodo colchão de penas
ou então
não
deixa-os
deixa-os, deixá-los
e antes liberta
os pássaros
O que lhe posso dizer, poeta, que não caia nos lugares comuns de lindo, muito bonito, ou gostei muito, que nada dizem?
Na verdade não sei, porque a verde é que achei lindo e gostei muito.
Abraço
Muito bonito!!
Beijos e uma excelente semana
soltam-se todos os mistérios...
nos oráculos de Baco.
abraço
Gostei do que li...
Sinais de penas...
Saudade
Que se soltem os pássaros...O sopro do Vento que leve as palavras aos Deuses para que as escutem...
Lindo..
Beijos e abraços
Marta
Os pássaros e a liberdade de um poiso sempre reservado, tal qual um poema que chega com lugar cativo, neste "mar arável".
Um abraço.
Um desalinho tão confortável! De deuses!
Beijo.
Os pássaros, com lugar cativo aqui neste espaço, cumprem a sua missão naquela aspiração de liberdade que nos alenta. Por vezes, são só migalhas mas, com persistência encontraremos o caminho mais frutuoso.
Abraço
OLinda
Que se libertem os pássaros, ainda que se soltem as penas!
Bj
Ambiente perfeito para voar nas palavras !
Beijo !
Com pena se escreve sem pena.
Muito bom!
Abraço
As palavras desalinham-se porque os pássaros permanecem no poema com as penas ansiosas do seu voo.
Belo, como sempre, meu Amigo.
Um beijo.
Os pássaros têm mesmo um lugar especial, sortudos.
Resta-me um cacho solitário, o primeiro e último, que olho demoradamente para entreter a melancolia dos dias.
Um abraço fraterno Poeta
Vim ver a pena que escorre a hipnose,
o espanto das palavras
que nos sustentam, nos constituem
átomo a átomo até sermos ser
A palavra é a nossa razão de ter.
Sinais de penas repletos de excelente poesia!
Beijinhos,
Ailime
Singelo e profundo!
bj
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