quinta-feira, 2 de março de 2017

CHÃO DE MARÉS





Correm em bando
os teus olhos por cima das searas
descansam no beiral
onde nidificam sonhos
procuram outras moradas
nos mesmos sítios da água corrente

porque nos surpreendemos?

admito a influência dos barcos
nas prateleiras da casa
um forte desejo das pedras
medrarem nas paredes
o reflexo inocente
de relâmpagos azuis
nas infatigáveis metáforas

admito que é preciso transgredir
rasgar o véu de todos os fascínios
para que as papoilas
continuem a crescer por instinto
na palma das nossas mãos

neste chão de marés

eufrázio Filipe

20 comentários:

  1. Um chão de marés que fez nascer um belo e apaixonado poema
    Um abraço
    Maria

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  2. Pq ainda nos surpreendemos, com tanta agua para tao pouco chao?

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  3. Admito.
    Mas, quem sou eu?
    para opinar em sonhos alheios,
    aguados de vermelho e salitre,
    onde aguadas marés despenteiam
    nas esquinas da noite
    as flores da pele?

    E, no entanto, fantasio
    por entre clareiras: sinto
    o ardor que fumega da seiva
    derramada na lua branca e nua
    espraiada por entre nuvens.

    Eu admito e sonho:
    nas tuas metáforas
    há o miolo e a pele da poesia.
    Mais do que saber é querer!
    (Marés de sonho?)

    Grande abraço.

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  4. eu tenho a certeza da influência dos barcos nas prateleiras da casa

    é por isso que as coisas mudam de sítio e surpreendemo-nos, sim


    um abraço

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  5. Sonhos... fantasias... num mar de palavras vibrantes....
    Lindo...
    Beijos e abraços
    Marta

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  6. Um bando de papoilas no baloiço irreverente
    do sonho entrecortado por marés vivas .
    E nasce autêntica poesia !
    Beijo !

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  7. Gosto da escrita
    A poesia veste tons belos nos teus dedos
    Bjinho😘

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  8. Olá Felipe.
    Gostei muito de Chão dasmarés. Poema de excelentee qualidade. Parabéns.
    Um abraço.
    Pedro

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  9. Magnifico poema!
    Mas as papoilas ainda estão vivas, talvez descoloridas.
    Há que saber reanimá-las.
    Beijinhos,
    Ailime

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  10. "admito que é preciso transgredir
    rasgar o véu de todos os fascínios
    para que as papoilas
    continuem a crescer por instinto
    na palma das nossas mãos
    neste chão de marés"
    Tão belo! Que mais acrescentar?
    Uma boa semana.
    Um beijo, meu Amigo.

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  11. Como relampejam suas palavras num chão de marés! E como nos surpreendem os sonhos que embarcam!
    Muito belo, Filipe.
    Beijinho.


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  12. E o Eufrásio transgride...pela palavra.
    fantástico!
    Bj

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  13. dreams are the nest for others !
    others who make us learn how to sail when wind is strong and waves are high,though all they do by applying on us

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  14. Nada se faz sem dor.
    Sonhar é, cada vez mais, um ato de transgressão.
    Sigamos o teu chão de marés.
    Fantástico!
    Bj

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  15. Sabe-nos bem vir até aqui ... Construir outros sonhos na peugada dos que aqui encontramos.
    Abraço.

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  16. Por vezes, é preciso transgredir. :)

    Belo poema.

    Bom domingo. Bj

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