Todos os dias conforme as estações
acordava à hora dos pássaros
escancarava a janela
abria os braços
dava um grito para chamar os cães
descia pedra a pedra
todos os degraus
da minha escarpa
até ao chão das marés
para hastear uma bandeira
enchia um jarro de água
sentava-me à mesa do alpendre
e começava a desenhar
palavras improváveis
Ao fundo
muito para lá da romãzeira
fremiam as águas
não sei porquê
mas fremiam
os cães latiam
e as palavras por uma nesga
espreitavam entre os dedos
como se fosse o fim da história
Neste paraíso
seduzimo-nos pela simplificação dos gestos
e assim eternos
todos os dias despertamos
de olhos fechados
Eufrázio Filipe
(2014 reconstruído)
Gosto desta narrativa poética ou deste poema narrativo... em sintonia com "A sesta" do Almada.
ResponderEliminarBom fim-de-semana. Bj
Despertemos
ResponderEliminarcom os olhos que temos
Maravilhoso poema!
ResponderEliminarBeijo
Bom fim de semana.
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/
Bem me parecia que já te tinha lido.
ResponderEliminarNunca é demais.
Dia bom.
Ana
E devemos apreciar o Mundo....com os olhos bem abertos...
ResponderEliminarLindo...
Beijos e abraços
Marta
Fremiam no milagre da vida onde,
ResponderEliminarum ponto mil contas contidas,
da circular curva o sumarento
vermelho da romã espera
que o poeta se sente e beba,
letra a letra o poema,
a orgia de versos.
Na sexta estive a contemplar mil planos e formas. Esta beleza estava lá.
Abraço.
muito bonito :)
ResponderEliminarPoema de uma fantástica visualização !
ResponderEliminarE desci as escadas à procura de romãs !
Beijo EF!
O importante sao os olhos abertos para dentro de nos mesmos...mesmo que ainda nao tenha vindo o despertar...
ResponderEliminarÉ isto amigo. Parece que estou a seguir um a um os teus passos. Sou capaz de te ver a seduzir as palavras "pela simplificação dos gestos"...
ResponderEliminarUm belo poema.
Uma boa semana e um beijo.
Li. Gostei. Tenho dificuldade em comentar poesia. Sempre digo que ela, a poesia, se sente, não se comenta. Por isso muitas vezes leio e não comento. Aliás li este poema ontem ainda não havia nenhum comentário.
ResponderEliminarÀs vezes eu digo que é bonito. Mas parece-me tão pouco para o que sinto...
Oxalá compreenda.
Um abraço
tão difícil os olhos abertos...
ResponderEliminare a simples beleza aqui tão perto.
Bom, muito bom poema.
Um abraço
E assim se construiu um Poeta...
ResponderEliminarAbraço
Um poema muito belo este! Sinceramente, muito belo!
ResponderEliminarTão bom! Sempre. Beijinhos :)
ResponderEliminarQue poema maravilhoso!
ResponderEliminarInsana esta rotina em que vivemos, numa corrida desenfreada em busca de não sei o quê, se todos os dias acordamos com os pássaros!
Basta-nos apenas abrir os olhos...
Abraço Poeta
ResponderEliminare que seja sempre assim
um belo despertar
beijinhos
:)
Tão suave e leve.
ResponderEliminarGostei imenso daqui.
Beijinho
ResponderEliminarQuanto mais fremem as águas, mais lindas as metáforas.
Bjs
E neste " paraiso" que por vezes se parece mais um onferno, é bom que nos deixemos " seduzir pela simplificação dos gestos " , pela maravilha que é o despertar de um novo dia; escancarem-se as janelas, abram-se os braços e deixe-se a luz entrar . Não precisamos " hastear uma bandeira " , mas, simplesmente encher os pulmões de ar fresco e dar as boas vindas a um novo dia. Assim fazem os pássaros, os cães e os demais seres viventes, todos os dias, de modo diferente, como diferentes são os momentos, as estações, as emoções. Porquê? Não sabemos, ou melhor...não interessa saber, só que...tem de ser! Despertemos! De olhos abertos, amigo!
ResponderEliminarUm beijinho
Emilia
Simbólico, o ato de hstear uma bandeira: a presença, a pertença, a identidade. Estar, sentir, independentemente do tempo e do espaço. Belos frémitos, os teus.
ResponderEliminarBJ 😊
Quando o poema é um retrato vivo do quotidiano, recriar é melhorar.
ResponderEliminarAbraço fraterno
Que lindeza...
ResponderEliminarQue bonito despertar assim!
ResponderEliminarBj
A hora dos pássaros confunde-se com a orla da noite e o precipício do madrugar.
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