segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

ARTESÃO DE METÁFORAS





Nas margens do rio
onde habito
respiram pautas desertos
retratos íntimos de flores
a preto e branco

repousam mãos famintas

Nas margens deste rio
quando a noite amanhecida
não dorme
ouvem-se pêndulos vagares
cadenciados
agitam-se os dedos

o tempo ousado dos poetas
que não eu
artesão de metáforas

No fulgor das águas
desprendo-me
a profanar metáforas
para ver mais claro
o teu corpo antigo
baloiçar nas paredes da casa


Eufrázio Filipe
"Chão de claridades" editora Lua de Marfim

22 comentários:

  1. E devemos ser sempre ousados... nas memórias... no tempo... no poema que escrevemos...
    Gostei muito...
    Beijos e abraços
    Marta

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  2. O teu ousar é legítimo e certeiro.
    Basta começar pelo fim e contemplar
    qual animatógrafo o belo baloiçar
    projectado na parede da casa.

    Abraço CT

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  3. E acontece poesia, quando as margens do rio, extravasam a memória do poeta.
    Abraço

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  4. O ousar do poeta
    provoca poesias lindas e intensas.
    Beijos

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  5. do imaginário do poeta, passa um 'filme' de sombras, num rio de emoções.
    Gostei
    abraço

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  6. o poeta ousa
    e com as mãos famintas
    e o olhar ausente
    o poeta nunca dorme
    mesmo que habite nas margens do rio
    ou do mar

    ;)

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  7. da tua mente saem belos poemas como este aqui.
    adorei, Mar.
    :)
    beijo

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  8. Belo poema de palavras límpidas e ondulantes.
    Abraço meu irmão poeta

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  9. Mar Aravel, uma bela metafora de Eufrazio Felipe.

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  10. É muito bom quando a mente ousa
    aplicar metáforas e fazê-las
    interrogar-nos.
    Um abraço amigo.
    Irene Alves

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  11. Um habitáculo sujeito ao fulgor das águas. Gostei do artesanato.

    Beijo.

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  12. E que bem as esculpes, Filipe! Depois, é só colocá-las nos teus lugares de culto.
    E, mesmo que não haja assinatura, sei de quem são.
    Bjo, amigo :)

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  13. Um rio repleto de excelente poesia.
    Beijinhos,
    Ailime

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