terça-feira, 7 de junho de 2016

FLORES FOLHEADAS





PREFÁCIO


O tempo luz evidências
indecifráveis nas águas mansas

liberta-se apócrifo
no "rio da minha aldeia"
quando num fôlego de guelras
peixes em cardume
vêm à tona entardecer
de olhos abertos

POSFÁCIO

Vassalos os cães
quase litúrgicos
afagam as margens
ladram vertiginosos
pelo mais precioso
que a vida lhes parece

flores de sal folheadas
nos remos e nos passos

um osso duro de roer


Eufrázio Filipe

20 comentários:

  1. notas à margem do rio

    a folhear os seus poemas


    um abraço

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  2. entre a primeira página e
    a última folha

    um rio de esperança
    a percorrer

    e um osso duro de roer

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  3. nem sempre as águas são mansas... por vezes são bem violentas

    e há as margens e o caminho

    e o caudal

    e tantos detalhes...

    muito belo!

    :)

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  4. O indecifrável num osso duro de roer...
    Tem um bom fim de semana.
    Abraço.

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  5. Entre a placidez das águas
    e a vassalagem dos cães
    há um longo caminho a percorrer
    tão pedregoso,
    como um osso duro de roer.

    Um grande abraço, Poeta!

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  6. entre o Prefácio e o Posfácio parece faltar a brilhante Lua para os cães ladrarem...

    talvez a Lua ande por outras paragens.
    mas a Lua é mentirosa e certamente irá voltar...

    abraço, Poeta

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  7. Herético
    Entre o prefácio e o posfácio
    só não faltou o teu abraço

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  8. ... e faltou a frase que não vejo publicada

    "entretanto os cães entretêm-se a roer o osso"

    com o abraço. sempre

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  9. Herético
    Como sabes aqui comemos do mesmo entrecosto
    eu,os cães e os amigos
    Abraço fraterno

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  10. abraço fraterno, Eufrázio

    saúde (e boa disposição) para ti, os cães e os amigos!

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  11. E a vida é um rio a correr, mansamente ou feito cascata dependendo do leito; com ele corre o tempo sem se preocupar
    que os peixes venham ou não à tona , sem se importar com os cães, com os homens, com a vegetação nas suas margens; indecifrável é para nós o movimento do rio, o passar do tempo, o sentido que a vida tem, uma vida que se torna tantas vezes " um osso duro de roer", até para os cães, amigo. Que o rio da tua aldeia corra sereno e com águas sempre limpidas. Um beijinho
    Emilia

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  12. Onde o mar se confunde com o céu, escrevem poemas.

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  13. Um belíssimo poema, numa rara junção de metáforas.

    Beijo meu

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  14. Pelo meio, antes que o fôlego rebente, o ritual das galhetas cumpre-se.
    Excelente poema que reluz nos olhos das águas.

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  15. Mar Arável,
    Este para mim ainda é melhor do que o primeiro.
    Gosto da quebra que impõe.
    Bj. :))

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  16. Um rio de águas tranquilas e o sal que tantas vezes corroi os remos dos barcos.
    Bjs
    Ailime

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  17. No antes, no entretanto e no depois - antes que quebrar que torcer. Também sou fiel à tua militância poética :)
    Bjo

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