terça-feira, 10 de maio de 2016

MAR





Respiramos fundo
pelas narinas do vento
em todos os póros das palavras

esculpimos garatujas
num grão de areia
vestígios submersos
no movimento do rio

pequenos nadas
afagados pelas águas que passam

Resgatamos a pulso
por muito que doa às pedras
uma janela aberta

a síntese exposta
da nudez


Eufrázio Filipe
 

21 comentários:

  1. Perdoa, poeta, mas começo pela fotografia. Linda! Que inspiração para teu poema!

    Agrada-me a ideia de 'resgatar a pulso (...) uma janela aberta'.

    ResponderEliminar
  2. adoro o amor. sou até meio boba para falar. abraço profundo.

    ResponderEliminar
  3. O Mar aqui bem representado em imagem e palavras!
    Será que este também é Arável??

    Só pode!! :)

    Beijinhos

    ResponderEliminar
  4. Uma imagem que parece um rasgo doído, permitido apenas para que a nesga de um rio pudesse mostrar que está bem protegido...
    Um poema a dizer dos esforços para se expor uma nudez que, por certo, não se queria mostrada...
    Tudo, tão bem composto, para a nossa admiração!

    ResponderEliminar
  5. Se até mesmo as pedras oferecem a passagem para revelar a síntese dos nossos pequenos nadas... Abraços.

    ResponderEliminar
  6. Haja sempre uma janela, ainda que resgatada a pulso e com dor.

    Beijos, MA :)

    ResponderEliminar
  7. a nudez das palavras com sabor a mar.
    a imagem muito bem escolhida e em completa sintonia.
    um beijo
    :)

    ResponderEliminar
  8. eloquentes "pequenos nada" os que resgatam a nudez das palavras...

    belo, meu caro Poeta

    abraço amigo

    ResponderEliminar
  9. Todos vivemos de pequenos nadas. Contudo, serão grandes e únicos quando, como tu no poema, fazes deles belas esculturas...
    Bjo, amigo :)

    ResponderEliminar
  10. A nossa vida é como um mar, com marés ora altas ora baixas, onde a qualquer custo tentamos evitar que os " pequenos nadas " que fazem parte de nós e aos quais damos valor sejam arrastados por uma onda gigante, daquelas que de quando em vez aparecem. E neste balanço do mar lá seguimos nós tentando equilibrar o barco, " respirando fundo" e pedindo para que ele se aguente até ao próximo porto. Nunca sabemos se chegaremos lá! Amigo, um beijinho e um bom fim de semana.
    Emilia

    ResponderEliminar
  11. Ao despir da inspiração eis que surge o desejo.
    Cadinho RoCo

    ResponderEliminar
  12. A janela da poesia e da luz (do amor) a emergir do rio azul.
    Beijinhos,
    Ailime

    ResponderEliminar
  13. O mar sempre foi uma inspiração para os portugueses...
    Abraço do Zé

    ResponderEliminar
  14. Resgataremos a pulso, sim!

    Belo poema e forte mensagem.

    Beijinho

    ResponderEliminar
  15. A gota exposta através da muralha-de-todos-os-dias é a maravilha que se vê
    Num mar sempre aravel a sublimação poética acontece.
    Abraço.

    ResponderEliminar
  16. A vida é um grande mar que se entretém a juntar pedras distantes...
    Mais um excelente poema, meu amigo.

    ResponderEliminar
  17. Houve uma mudança na sua poesia. Gosto mais desta sua veia.
    Tem mais a ver comigo. Não sei explicar melhor do que isto.
    Parabéns.:))

    ResponderEliminar
  18. dói menos se as pedras foram da praia, arredondadas

    ResponderEliminar