Um círculo de garças
nem brancas nem esguias
adormecem nos barcos ancorados
com olhos excessivos
Nesta ilha sem vista para o mar
navegam águas improváveis
faúlhas num incêndio
de partículas sitiadas
Aqui paira o aroma da cânfora
em ressonâncias quase divinas
poisam lábios em cálices de cicuta
O mar não é sempre azul
e talvez por isso se agite
nos mapas imaginários
rasgue caminhos
para não se perderem os náufragos
Nesta ilha de bálsamos
onde os destinos se desmentem
afagamos ruínas soltamos hinos
por sobre a memória das pedras
damos voz aos silêncios
até que as garças
se tornem brancas e esguias
como flores de espuma
Eufrázio Filipe
( 2008 )
14 comentários:
o meu 1º poema lido no maio que agora começa.
beijinho e mês lindo
Flores de Primavera.
Um poema intenso- de olhos e coração excessivo.
Gostei muitíssimo !
Beijos.
Até que tudo se renove... E há novos mapas, novos destinos...
Lindo....
Beijos e abraços
Marta
Até que tudo fique renovado num silêncio (com voz). Lindo poema que adorei. Beijos com carinho
A renovação!
Nem o mar é sempre Azul nem sempre os náufragos conseguem chegar a porto seguro, mas se não tentarem nunca o saberão!
Haja persistência e renovação, Poeta!
Beijos
Uma bela cartografia do renascimento...
tudo tem seu tempo.
até mesmo a floração das garças...
belo teu poema
abraço, Poeta
Olhos excessivos a pedir
pestanas de vento
Floresçam graças imaculadas
e pernas esguias - as garças
Como sempre, excelente.
A graça das garças quando florescem.
Abraço meu irmão poeta
O poema é uma ilha a que chego seguindo o voo dessas garças que desabrocham como flores. :)
tudo se renova
e na ilha tudo se tece com olhos de mar
mesmo que sejamos náufragos
beijo
:)
E quando (diva)gando sai da navegação uma diva poética, só podemos ficar num silêncio contemplativo...
Bjo, Filipe :)
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