Nas fissuras menos conhecidas das pedras
navegam sargaços de cristal
move-se um coração de ave
água possuída de viagens
que o sol lambe em alvoradas
Na mais dura pedra um barco
com gestos a dardejar
desperta animal no próprio corpo
margens
voz
arestas
como se houvesse princípio para a fala
Na mais dura pedra a explosão
secreta dos corais
um pequeno sinal de vida
incontido
à beira do desejo e amanhãs
nesta pátria de náufragos
adentro
Nas fissuras menos conhecidas das pedras
uma asa suspensa
voa na luz
despe-se de tudo
participa
na desordem dos espelhos
Eufrázio Filipe (2007)
no mais íntimo das pedras o fogo...
ResponderEliminare na dureza da(s) viagem(s) a asa colorida da esperança e do sonho...
... pese embora a (ilusória?) desordem dos espelhos!
abraço, meu irmão Poeta.
que bela imagem.
ResponderEliminare que bem lhe ficam as palavras!
Dá para ver que pensas azul e só essa cor cabe de forma especial na tua poesia.
ResponderEliminarAfastada, mas sempre com os "bleu birds" no pensamento.
Beijinho
Por muito ténue que seja há sempre luz.... E quando explode em cores e nos abraça, sabemos que vamos encontrar um sentido... Para a vida....Com esperança...
ResponderEliminarObrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
E mesmo que nos faltem as palavras temos que mostrar sempre que estamos vivos, que há vida, há um coração a pulsar dentro de nós, numa ânsia de esperança, de acreditar que o barco nos levará a bom porto Sentimo-nos como naufragos tantas vezes, mas agarramo-nos com força aos pequenos sinais de vida que com coragem vão furando através das "fissuras " das pedras. Sao duras as pedras , mas conseguem os corais explodir , dando-os sinal de que tudo é possivel. Há que ser corajoso e esperar , pois o mar , como sempre, vai acalmar, pelo menos até que outro barco chegue e uma nova viagem comece. Mar é a tua vida e a vida é um autêntico mar, também ela cheia de marés. Lindo como sempre, amigo! Um beijinho
ResponderEliminarEmilia
Não fujo da poesia, gosto de abraçar com os braços da leitura, lubrificada pelas águas das margens que tu tão bem conheces!
ResponderEliminarUm abraço e vivam os versos que ora navegam, ora se afogam nas águas
Lindo!! Tão intenso
ResponderEliminarquanto a poesia que abraça as aguas
e escorre pelos dedos dando formas aos espelhos.
Beijos
Nas fissuras menos conhecidas das pedras, um pequeno sinal de vida é já o amanhã que se anuncia.
ResponderEliminarAbraço meu irmão poeta
Pois são nas fissuras das pedras
ResponderEliminarpor onde emergem as nascentes !
como "um pequeno sinal de vida
incontido".
Abraço.
Há pedras que são maternidades.
ResponderEliminarExcelente poema, parabéns por mais esta pérola poética.
Bom resto de domingo e boa semana, caro amigo Eufrázio.
Abraço.
ResponderEliminarÉ disto que se alimenta
o flagelado na tormenta
eo Poeta sabe da ordem
na desordem dos espelhos
que emergem da fenda.
É lá que se revelam
cristalinos segredos.
Abraço
e enquanto a asa se deixar voar na luz
ResponderEliminarentão tudo ainda tem solução
mesmo que os espelhos espelhem a desordem
a foto da arte xávega da Costa foi um bom suporte para a foto
saudações poéticas
boa semana.
beijo
:)
As pedras. As palavras arremessadas pelo poeta a partilhar "um coração de ave", uma "asa suspensa" voando na luz... Magnífico, meu amigo!
ResponderEliminarBeijo.
Por todo o lado pulsam vidas mas só a sensibilidade e mestria poética de alguns é que a veem.
ResponderEliminarBelo, original (e mais uns quantos adjetivos...)
:) :)