quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

LÁBIOS





Demoras-te senhora nestas águas
porque é sempre breve
o instante
das pequenas vertigens

Vieste colher os meus lábios
para incendiar uma pedra

Na verdade o teu corpo
tão líquido e incerto
na voragem dos destinos inventados
vibra no ritmo das marés
ilumina-se por dentro
num feixe de faúlhas

habita as fendas rema
por onde espumam as salivas

Demoras-te senhora nestas águas
sentada no meu barco

mas nunca saberás
dos meus lábios uma palavra
sempre que tocar os teus

nem das línguas
o fogo regurgitado
que nos liberta


eufrázio filipe ( Que fizeste das nossas flores )

21 comentários:

Silenciosamente ouvindo... disse...

Precisamos urgentemente de algo que nos liberte.
Abraço, amigo.
Irene Alves

Lídia Borges disse...


Instantes líquidos por onde passam barcos e palavras de não dizer.

De sugerir, apenas.


Lídia

Suzete Brainer disse...

Um poema belíssimo, sensual e sem nenhum traço
de vulgaridade.Um talento raro (o teu) de
Poesia erótica e sublime (!):
"Nem das línguas
o fogo regurgitado
que nos liberta"
Adorei, Poeta (mestre das metáforas)!!
Bjs.

Marta Vinhais disse...

Tudo tão incerto... Escondido num fogo que anseia ser livre...
Demora.... O tempo magoa....
Lindo...
Beijos e abraços
Marta

Sónia Micaelo disse...

Também eu me demorei por aqui

Para repetir o instante
da leitura deste poema
tão líquido

Um gosto
sempre
olhar daqui o mar...

Beijo

Arco-Íris de Frida disse...

Palavras nao ditas...labios que incendeiam... fogo que liberta
Bela construçao de uma poesia...

jrd disse...

Nos instantes das pequenas vertigens, apenas as promessas sugerem fogo por arder.

Um abraço meu irmão poeta.

Lucy Mara Mansanaris disse...

Lindo demais, parabéns pelo compor!

Janita disse...

Muitas vezes, um beijo, sela o silêncio
daquilo que é para calar...
Belo poema, Mar.

Um abraço.

Janita

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, a sensualidade do belos poema que escreveu é perfeito.
AG

Manuel Veiga disse...

labaredas de fogo branco - de tão vibrante!

forte abraço, Poeta

ONG ALERTA disse...

Lindo, Bjbj Lisette.

Agostinho disse...

"Porque é sempre breve o instante"
é nele que se fundem as vontades.

Belíssimo!

Palavras soltas disse...

Belíssimo.

Miss Smile disse...

Muito belo este seu poema. Mas o beijo tem destes milagres :)

Bandys disse...

Muito belo e sensual.
Adorei,

Bjs

Graça Pires disse...

Lábios que incendeiam as águas e nos deixam presos ao encantamento das palavras. Que belo poema, meu amigo!
Um beijo.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

não saberás dos lábios as palavras, mas fica o sabor das águas...

tão belo isto!

:)

Laura Ferreira disse...

demorei-me neste poema :)

Odete Ferreira disse...

Por vezes também me demoro a vir até aqui mas a culpa não é da tua poesia, se bem que, quando venho, venho por culpa dela... E retardo-me na leitura de cada verso, procurando pelo sentido das palavras. Em vão! Os lábios que as pronunciam são sempre diferentes!
Confesso, também me senti uma senhora destas águas... :)
Bjo, Filipe. :)

lupuscanissignatus disse...

belo lume este que brota das águas

e das pedras


"Demoras-te senhora nestas águas
porque é sempre breve
o instante
das pequenas vertigens

Vieste colher os meus lábios
para incendiar uma pedra"