PUBLICADO EM 2011
Junto ao portão
os cães ladravam
aos outros cães
porque havia um portão
de faúlhas
e a noite acordava
com pássaros claros
e agora?
neste restolho de latidos
e gestos inacabados
que hei-de fazer
a tanta luz?
que hei-de fazer
quando te deitas
nas escadas do templo
a tecer fios de música
e os cães não se calam?
eufrázio filipe
24 comentários:
E a luz era tão intensa que cegava.
Beijos, MA. :)
Na minha humilde opinião o seu poema é genial e atualíssimo.
Os portões estão prestes a abrir. Que vença o melhor.
Beijinho.
Poeta
se a luz se dá
dá-me um pouco
aqui, apenas vai raiando
e os cães permanecem calados
Belo poema.
Linda foto.
Tudo continua perfeito no MAR ARÁVEL.
Abraço.
O portão abrir-se-á para melhor se ouvir os pássaros e os fios de música
Fios de música e torrentes de luz, uma dualidade perfeita.
Ai, meu amigo, eu teceria com ela uma colcha, aliás, um xaile
do tamanho do mundo com gestos bem precisos, enquanto espero
que o portão se abra de par em par. Os latidos dos cães
guiar-me-iam, indicando-me o caminho.
Abraço
Olinda
Pois se a luz é tanta
distribua-se segundo a precisão
dos que ladram para os que estão
amarrados ao não
Abraço
Esperar que os portões se abram finalmente para que luz entre e todos gritem...
Gostei muito...
Beijos e abraços
Marta
A luz terá de ser encarada com naturalidade até que todos saibam usá-la.Depois, os cães calar-se-ão.
:)
...tanta luz: A luz necessária em momentos de escuridão.
Aprisioná-la (a luz) e criar um universo de utopia.
ab
Belíssimo!
Que nos resta? Aguardar que a luz não esmaeça nos gestos inacabados.
Bjs
Ailime
Bonito.
Boa noite.:))
Que beleza! E como andamos a precisar de Luz, Poeta!
Beijinhos
Os cães são recebidos com pompa e circunstância, num mundo-cão. A luz virá quando menos se esperar. A poesia acontece como uma dor súbita.
Conseguimos sempre sair de nós e ir ao encontro das palavras, estas, de grande poder.
"a noite acordava
com pássaros claros"
Foram os pássaros que trouxeram tanta luz para iluminar a nossa alma...
Um beijo, meu amigo.
As suas palavras são sempre luminosas. Muito belo.
que a luz se cumpra!
e os gestos (inacabados) também!
forte Abraço
A qualidade da tua excelência poética
é inegável.
Mas, fiquei rendida aqui:
"Que hei-de fazer
quando te deitas
nas escadas do templo
a tecer fios de música"
Belíssimo!
Bjs.
A luz aclara sentimentos, mesmo que os cães não parem de ladrar.
Abraço
SOL
a luz encarregar-se-á de calar os cães, e a música inundará a(s) cidade(s)
um beijo
:)
Os cães sabem ver a luz ao fundo do túnel.
Abraço poeta
Profunda (e criativa) metáfora de uma sinfonia de vozes dissonantes e a sinfonia alternativa que apenas alguns são capazes de compor.
Meu apreço maior pela tua arte, Mar.
Bjo :)
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