quinta-feira, 15 de outubro de 2015

ATÉ A LUZ SE FAZER DIA


                                                              Justyna Kopania                           
                                                                                   
                          

Com os barcos às costas
num sopro de vento
de porto em porto
a dobrar esquinas

a comer pedras sem destinos
construtores de lonjuras
irreprimíveis

para lá das taprobanas
contra torvelinhos
silvestres
a domar escarpas
ao sabor das aves
que de tão abruptas
só poisam nos mastros

Num sopro de vento
andamos por aí a desbravar
arestas ruínas tempestades
até as águas correntes
se libertarem das crinas
invadirem o chão
para desassossego das sombras

De porto em porto
até a luz se fazer dia


 Eufrázio Filipe

"Presos a um sopro de vento"

21 comentários:

Unknown disse...

Um belo quadro acompanhado por um poema lindíssimo!

Rogério G.V. Pereira disse...

De porto em porto
até outra mais clara madrugada

Lilá(s) disse...

É surpreendente como o teu desassossego poético é tão belo!
Bjs

Graça Pires disse...

Os "construtores de lonjuras" fazem o dia...
Beijo.

deep disse...

«andamos por aí a desbravar/ arestas ruínas tempestades» e nem sempre conseguimos que as águas correntes se libertem. :)

Janita disse...

Até a Luz se fazer Dia, passamos por negras Madrugadas, Poeta!

Muitas arestas ainda há para desbravar.

Beijinhos, cheios de claridades.

Ailime disse...

Belíssimo!
"De porto em porto
até a luz se fazer dia
"!
Que a claridade seja consumada.
Beijinhos e bom fim-de-semana.
Ailime

Palavras soltas disse...

Belo!

Beijo.

jrd disse...

Quando as árvores inundarem as sombras a luz do Mar alcançará o porto.

Abraço poeta

ONG ALERTA disse...

Lindo bjbj Lisette.

JANE GATTI disse...

Poema da persistência, da busca incansável, da firmeza dos propósitos. Inspiradíssimo! O trecho "De porto em porto/até a luz se fazer dia" - como bem mostram os comentários acima, é antológico! Bom domingo. Abraços.

Arco-Íris de Frida disse...

De porto em porto... ate um dia...

Agostinho disse...

"Só poisam nos mastos"
Mais alto, mais alto!
"Para desassossego das sombras"
Mais fundas, mais fundas!
"Até a luz se fazer dia"

Abraço, Poeta!

AC disse...

Das taprobanas temos a nossa conta, é hora de se fazer luz.

Abraço

Magia da Inês disse...



Belo instante: "quando a luz se faz dia."
É uma poesia tão linda quanto a pintura da ilustração.

Boa semana, cheia de alegrias.
Beijinhos.
✿˚° ·.

Manuel Veiga disse...

assim ardemos, meu irmão-poeta.

forte e comovido abraço

mz disse...

Todos carregamos os nossos barcos como apêndices acoplados ao peito.

Beijo

manuela baptista disse...

uma grande viagem

maceta disse...

Sempre o mar e as águas salgadas... a proximidade dos sonhos.

Saltam-te as palavras para a mão com a naturalidade com que se faz o dia...

abraço, persistência...

Odete Ferreira disse...

Cada vez mais, urge desbravar outros mundos.
Nem que seja pela palavra, sempre tão bem talhada na tua poesia!
Desassosseguemos os espíritos conformados!
Sempre um deleite, ler-te.
Bjo, Filipe :)

vida entre margens disse...

Na lonjura da poesia, onde as pedras renascem com vida, há um lugar onde me perco para ler....