Justyna Kopania
Com os barcos às costas
num sopro de vento
de porto em porto
a dobrar esquinas
a comer pedras sem destinos
construtores de lonjuras
irreprimíveis
para lá das taprobanas
contra torvelinhos
silvestres
a domar escarpas
ao sabor das aves
que de tão abruptas
só poisam nos mastros
Num sopro de vento
andamos por aí a desbravar
arestas ruínas tempestades
até as águas correntes
se libertarem das crinas
invadirem o chão
para desassossego das sombras
De porto em porto
até a luz se fazer dia
Eufrázio Filipe
"Presos a um sopro de vento"
21 comentários:
Um belo quadro acompanhado por um poema lindíssimo!
De porto em porto
até outra mais clara madrugada
É surpreendente como o teu desassossego poético é tão belo!
Bjs
Os "construtores de lonjuras" fazem o dia...
Beijo.
«andamos por aí a desbravar/ arestas ruínas tempestades» e nem sempre conseguimos que as águas correntes se libertem. :)
Até a Luz se fazer Dia, passamos por negras Madrugadas, Poeta!
Muitas arestas ainda há para desbravar.
Beijinhos, cheios de claridades.
Belíssimo!
"De porto em porto
até a luz se fazer dia
"!
Que a claridade seja consumada.
Beijinhos e bom fim-de-semana.
Ailime
Belo!
Beijo.
Quando as árvores inundarem as sombras a luz do Mar alcançará o porto.
Abraço poeta
Lindo bjbj Lisette.
Poema da persistência, da busca incansável, da firmeza dos propósitos. Inspiradíssimo! O trecho "De porto em porto/até a luz se fazer dia" - como bem mostram os comentários acima, é antológico! Bom domingo. Abraços.
De porto em porto... ate um dia...
"Só poisam nos mastos"
Mais alto, mais alto!
"Para desassossego das sombras"
Mais fundas, mais fundas!
"Até a luz se fazer dia"
Abraço, Poeta!
Das taprobanas temos a nossa conta, é hora de se fazer luz.
Abraço
シ
Belo instante: "quando a luz se faz dia."
É uma poesia tão linda quanto a pintura da ilustração.
Boa semana, cheia de alegrias.
Beijinhos.
✿˚° ·.
assim ardemos, meu irmão-poeta.
forte e comovido abraço
Todos carregamos os nossos barcos como apêndices acoplados ao peito.
Beijo
uma grande viagem
Sempre o mar e as águas salgadas... a proximidade dos sonhos.
Saltam-te as palavras para a mão com a naturalidade com que se faz o dia...
abraço, persistência...
Cada vez mais, urge desbravar outros mundos.
Nem que seja pela palavra, sempre tão bem talhada na tua poesia!
Desassosseguemos os espíritos conformados!
Sempre um deleite, ler-te.
Bjo, Filipe :)
Na lonjura da poesia, onde as pedras renascem com vida, há um lugar onde me perco para ler....
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