domingo, 22 de março de 2015

A VOZ OCULTA DA LUZ



                                              republicado



As pedras marinhas de tão azuis
regressam à tona
juntam-se para respirar
a paciência das aves
cumprem destinos de migalhas

respiram fundo pelas narinas do vento

Viris e soltas povoam afluentes
puríssimos novos celeiros

talvez por isso queiram voar
contra o rosto das palavras
ou pairar como sinais de penas

As  pedras marinhas
reanimam a voz oculta da luz
que se quer liberta insofrida

a coragem de lutar sobre ruinas




     Eufrázio Filipe

9 comentários:

  1. As vezes é preciso respirar fundo e seguir em frente.

    Sua poesia é de uma delicadeza imensa.

    Beijinho.

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  2. Em cada verso
    revejo mais uma razão
    porque cabem aos poetas
    dar ânimo a quem luta

    não que me falte agora
    mas cada dia é mais difícil
    lutar sobre ruínas

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  3. O problema é que muito poucos têm a coragem para lutar a partir de ruínas. E a voz inconformada dos poetas tem sempre uma razão de ser. m
    Mas teria mais, se as vozes fossem divulgadas.
    No fundo , ninguém quer saber.
    xx

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  4. Tão cristalina que me ofuscou o azul!
    Imensa, a sua poesia!

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  5. Vir à tona respirar o perfume de palavras marinhas que esvoaçam com as aves, é bom, muito bom. E a voz oculta da luz acabará por se fazer ouvir.

    Abraço.
    Olinda

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  6. Os sinais de penas que as penas deixam gravados no rochedo hão de guiar as aves pelo labirintico percurso da liberdade.

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  7. Até o obscuro anseia pela claridade... Mas quando está há tempo demais nas profundezas, o fôlego falta...
    Sempre um encantamento passear-me nos teus versos.
    Bjo, Mar :)

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