terça-feira, 21 de janeiro de 2014

NO PESTANEJAR DE UMA VÍRGULA



                                         publicado em 2008



Olho-te como se fosse a primeira vez

na verdade a água
corpo líquido de mulher
tem segredos escondidos no fundo das pedras
alimentos de fogo
talvez uma praia onde se fundem
areias e lábios
um piano de luzes
que determina o tempo das estações

ainda bem que tens ilhas selvagens
sinais apócrifos que se desnudam
em gestos simples
no pestanejar de uma vírgula

na verdade a água sabe rir e chorar
no espelho das próprias lágrimas
no rumor das maresias
e eu descobri uma vez mais
que tens poros por onde respiras
silêncios escarpas por onde escorrem salivas
que te ergues e desmoronas
abrigo e mensageira
te desprendes do chão
ou hibernas nos corais

Que bom ainda hoje
partilhar contigo este despertar
aprender vida fora a descobrir-te
como se fosse a primeira vez
deixar por um instante
a outra água
para os peixes se moverem


 

33 comentários:

Alexandre de Castro disse...

Há mulheres assim, que merecem tudo!...

Arco-Íris de Frida disse...

Desde a primeira vez... é assim que ainda a ve?

Maria Eu disse...

A (re)descoberta do outro em aprazíveis viagens.

Lindíssimo!

Beijinhos Marianos, MA! :)

Mar Arável disse...

FRIDA

As metáforas
não se veem

Pérola disse...

Nada como (re)descobrir novos olhares, novas palavras que se ficam aquém da pele.

beijo

jrd disse...

Ah Poeta!

Cantar assim um Mar-mulher que nos leva aos horizontes de esperança onde estão os nossos olhos.
Ora próximo e disponível, tão próximo que, na maré-cheia, a lâmina suave das ondas, como que vêm acariciar o corpo para, após um vai e vem de sedução e encantamento, se retirar de mansinho, deixando na fímbria da areia o espaço e o sal das palavras.

Grande e fraterno abraço

GarçaReal disse...


Muito bom....


Gostei

Bjgrande do lago

A. disse...

Águas quase cristalinas, corpos de água e água na alma!... Água que não se afoga no desgaste e o desgaste que não quer afogar-se na mesma água!... E, logo ali, a redescoberta do princípio e a memória à beira mar!... Um dia virá, uma vaga trará mais água e com ela levará a espuma dos corpos e, grata, deixará as primeiras vezes da Alma!...


Abraço

Anónimo disse...

Que lindo esse reencontro.

Beijos.

Arco-Íris de Frida disse...

Metáfora: é a palavra ou expressão que produz sentidos figurados por meio de comparações implícitas


Poderia ser uma mulher que vc ama comparada ao mar... mar-mulher... bem que poderia...

Sónia Micaelo disse...

Que a inspiração não lhe falte nunca.

Beijo

Elvira Carvalho disse...

O mar feito mulher amante ou vice-versa, emondas de poesia.
Um abraço

Laura Santos disse...

Belíssimo poema; mar, maré, mulher.
xx

teresa dias disse...

Lindo, lindo, lindo!
Bjs.

Fernando Santos (Chana) disse...

Belo poema...Espectacular....
Cumprimentos

Manuel Veiga disse...

o culto da Mulher - salvé, Regina!

abraço fraterno, Poeta.

JANE GATTI disse...

Uma bela lição de amor: olhar como se fosse a primeira vez; descobrir poros que respiram silêncios; partilhar; aprender a descobrir a pessoa amada como se fosse sempre a primeira vez. Poema encantador. Abraços.

Tétisq disse...

Um olhar que se quer sempre como o primeiro:)

Branca disse...

Vim matar saudades de uma poesia que leio sempre como se fosse a primeira vez... e a releitura deste poema e´um momento de grande satisfaçao.
Na verdade nunca parti, mesmo quando nao estou.

Ha dois poetas na blogosfera que sempre considerei de eleiçao, eles sabem quem sao.

Beijos
Branca

Suzete Brainer disse...

O encanto do(a)mar é sempre

sentir e olhar de forma única.

Este teu belíssimo poema

expressa e guarda esse encanto!

Rita Freitas disse...

Arriscaria a chamar-lhe Amor… incondicional.

Muito bonito!

bjs

OceanoAzul.Sonhos disse...

No pestanejar de uma vírgula encontra-se um olhar, um sorriso, ainda não descoberto.

Bonito poema.
abraço
cvb

Canto da Boca disse...

No pestanejar de uma vírgula, cria-se um mundo de encantamento, magia e poesia...

Vénus S. disse...

Mar Arável, um verdadeiro elogio à mulher e à imensidão da sua alma. Lindíssimo! :)

Vénus S.

vida entre margens disse...

Existem sempre lugares inóspitos por descobrir...no entanto, há um reconhecimento absoluto, em cada passo do seu caminhar...:)

Bem-haja Poeta!

Abraço...

Ailime disse...

Lindo, terno e transparente como a água que brota das nascentes. Bj
Ailime

Graça Pires disse...

Como se fosse a primeira vez e a poesia fosse também convocada.Que belo poema, amigo.
Beijos.

Marta Vinhais disse...

Um amor que se vive como se fosse a primeira vez...Renova-se, renasce-se...
Lindo...
Gostei muito.
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Bandys disse...

Lindo!
Um amor renovado é uma delicia.

beijos

Shirley Brunelli disse...

Lindo, pleno de enigmas.
Beijos!

Licínia Quitério disse...

Um eterno renascer. Lindo!

. intemporal . disse...

.

.

. entre.sinais de um tempo que teimamos ávido . ainda que avaro . de fora.para.dentro .

.

. da liquefação se edificam as palavras que "quasi" roçam . ,,, . a perfeição . e é por isso que permanecemos . :) .

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mmm´s disse...

Um soberbo hino à mulher.