Com olhos tão abertos que nem pareciam olhos de ver, à tona partimos de tão longe. Navegámos a noção de um dia chegar, nus em chama a cerzir o recorte da montanha.
Na verdade o que havia para arder já tinha ardido, mas ainda respiramos a verticalidade dos mastros tutores de árvores persistentes, o esplendor da nossa cordilheira de fragas nos mais profundos silêncios alcantilados.
Partimos à míngua da luz dos relâmpagos indomáveis, muito antes das palavras se debruçarem na vertigem dos sonhos, muito antes de construirmos um barco para voar. Partimos à pergunta - não de um conflito de estrelas nos céus,
mas de estrelas estateladas no chão.
Nós sabíamos que por vezes a realidade ultrapassa a ficção, só não sabíamos que perante uma discreta sonata de pássaros silvestres, no pomar da romãzeira, o Dique ladrava mais alto, quase humano, como se fosse um cão - e tu passeavas indiferente.
Versos
ResponderEliminarcom sabor vincado
frutado
de romã
a debruçarem-se na "vertigem dos sonhos"
Embora conscientes da realidade, sempre buscamos a ficção.
ResponderEliminarÉ sempre melhor um mundo menos real, mais poético.
Um bom 2014.
Difícil ficar indiferente, seja ao ladrar quase humano do Dique, ou à discreta sonata dos pássaros silvestres, quando se tem olhos tão abertos, que não parecem olhos de ver. Lindo!
ResponderEliminarBeijo
Sónia
ResponderEliminarA "partida" é uma ideia emigrante a tanger o abandono a que vai sendo votado, o pomar.
Um beijo
O texto é muito belo...o pomar está abandonado...
ResponderEliminarbj
uma guerra de estrelas no chão do pomar da romanzeira..., que imagem linda, Eufrázio.
ResponderEliminarbeijo.
Por vezes, quando a realidade ultrapassa a ficção, até o Dique sente que romã(sed) pode ser desamor.
ResponderEliminarBelíssimo como tudo o que escreve.
ResponderEliminarUm bom ano para p meu amigo e todos os que lhe são queridos.
beijinho e uma flor
Belo!
ResponderEliminarBeijo.
Um trilhar de caminhos que não trilha almas...ao som dos poemas falados! Divino!
ResponderEliminarbeijo!
Quando encontramos as estrelas estateladas no chão significa que a paisagem e os homens e as mulheres que a habitam sofreram horrores.
ResponderEliminarUm texto soberbo, como sempre.
xx
O poeta das metáforas,nos
ResponderEliminarproporciona viajar no curso
do sentir,vestido pela
beleza exuberante das
palavras com asas,que
nos permite tirar
os pés do chão...
É na transcendência de nós, que se atinge a verticalidade...
ResponderEliminarAssim foi desde os primórdios...
Abraço e Bom Ano!
Que a romãzeira floresça e dê fruto...:)
É realmente um trilhar de caminhos...
ResponderEliminarEspero que possamos trilhar caminhos
diferentes em 2014.
Bj.
Irene Alves
Muito belo! É sempre um gosto enorme lê-lo.
ResponderEliminarUm abraço.
gostei destes olhos.
ResponderEliminarbom ano,
Fabuloso! Não conhecia este blog mas fiquei fã. É tão bom quando temos alguém com quem possamos construir "um barco para voar"!
ResponderEliminarbom ano
Não creio que haja indiferença perante um cenário destes. Pode haver divagação, momentos instantâneos de ausência... por vezes é preciso.
ResponderEliminarBoa semana!:))
romãs com fogo por dentro...
ResponderEliminara arder como círios ou corpos inflamados.
belo
Abraço, Poeta.
Muito bonito! O texto e a cada uma das palavras. Escolhidas a agulha de chochet. Sempre com o marulhar das águas por trás. E nós tentado manter-nos à tona...
ResponderEliminarLindo este teu teatro de personagens quase fantásticos.
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ResponderEliminarA Romã! What else? E faz todo o sentido. Símbolo do amor e da fecundidade,com ela vemos aqui germinar ideias do passado e do presente, deste chão de metáforas que nos interpreta. Até o Dique...
Abraço
Olinda
E muitas vezes não sabemos quando é realidade ou ficção, até ouvirmos o canto dos pássaros.
ResponderEliminarBelo
Abr
Quase sempre sabemos do ponto de partida, mas quase nunca do que se encontrará no percurso, e muito menos no final dele....
ResponderEliminaro Dique, era como se fosse um homem
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