Álvaro Cunhal (desenho na prisão)
A noite estava tão fria
desencantada
anoitecida
nos ramos das árvores
e os cães uivavam
para as estrêlas
Íntegros por sobre as pedras
no caminho das águas
traçávamos linhas
a carvão em folhas de papel
ousávamos transgredir
à tona dos lábios
o fulgor alumiado
dos cristais
Estava tão frio
mas nas ruas despontavam coros
centelhas de cravos
pavios
na boca das sementes
para alimento dos pássaros
E os pásaros livres comeram e cantaram!
ResponderEliminarLindo, triste e muito dolorido ao ler. Ainda bem que existe um novo amanhecer para cada ser.
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ResponderEliminarApesar do frio, foi bom vir aqui colher uma centelha para acender, com ela, o verde que pode esmorecer, mas não morrer.
Um beijo
Voltará a acontecer
ResponderEliminarCom cravos nas vozes
Os cravos são vermelhos como o teu coração-Poeta.
ResponderEliminarAbraço,
Véu de Maya
...e na noite fria, centenas de milhares de pavios iluminaram e deram voz às bocas sedentas de sementes, que ainda não germinaram...ou murcharam?...
ResponderEliminarEsperemos que pássaros inquietos, impacientes e ansiosos de justiça, renovem a sementeira!
Que a colheita seja farta e de boa qualidade.
Um abraço!
Há histórias que se repetem.
ResponderEliminarBeijinho
Nas margens, o calor da fusão.
ResponderEliminarCristais, quartzo, feldspato.
Projectos em linhas e a semente do 25 de Abril.
Quem espera sempre alcança...
Vermelho de sangue e Verde de seiva.
E viva,viva o sonho esperado da Liberdade!
Quão grande é 'ousar transgredir' e poder vislumbrar centelhas ...
ResponderEliminarBelíssimo, com a esperança e a força que nos deixas nas palavras e com o exemplo de persistência e resistência de um grande Homem, que fazia desenhos na escuridão da sela, a caminho dos cravos e da luz de Abril.
ResponderEliminarIdeais que hão-de voltar.
Beijos
O frio da noite que nos assola bem merece ser cortado com estas "centelhas de cravos" que iluminam cada vez com mais força.
ResponderEliminarTenhamos esperança.
Beijinho. :)
Genial o seu poema com um significado enorme! Os cravos vão florir de novo, porque continuam desenhados(gravados) na alma do povo. Beijinhos Ailime
ResponderEliminarLer,sentir,reflectir.
ResponderEliminarGostei do desenho do Álvaro Cunhal.
Que falta que ele hoje - mais do
que nunca - faz.
Bj.
Irene Alves
Que nunca nos faltem transgressões e transgressores para nos alimentarem os sonhos...
ResponderEliminarCentelhas de cravos
ResponderEliminarque um dia
voltarão a iluminar
o chão dos pássaros
Beijo
Sónia
Também escolhi um desenho de Álvaro Cunhal para o soneto que, com muita dificuldade, publiquei no blog do sapo... mesmo os menos saudosistas de entre nós lembram as sementes e as águas de Abril...
ResponderEliminarO meu abraço, Mar Arável!
E o frio, assim, começará a diminuir...
ResponderEliminarO frio não há-de ser maior do que os gritos dos cravos.
ResponderEliminarUm abraço, Eufrázio
*
ResponderEliminarna boca das sementes,
residem as esperanças,
da lezíria expectante,
entrosando o trigo,
no calor da papoila,
tolerando o joio,
no mar das searas !
,
marés de luz,
das cativas janelas,
viradas para o mar,
negrume no antanho,
libertas agora,
de um actual Peniche,
e sempre filho Nazareno,
deixo-te,
para ti,
e para o AUTOR do desenho,
numa cela, que todos os
Portugueses podem visitar !
*
Poesia pura e boa!
ResponderEliminarAdorei o sol em movimento
ResponderEliminarPoesia de que gosto! Magnífico poema. Bj Ailime
ResponderEliminarApesar do frio, era acolhedor o sentimento.
ResponderEliminarabraço
cvb
na boca das sementes
ResponderEliminarpara desassossego das sombras
remos velas e rotas
encontram o caminho
no dizer de ser
mais que as rotas
o desígnio de marinheiros
chamando os poetas
com cânticos de sereias
O calor das coisas é sempre a luz impúbere na narração das ruas. É sempre, a chuva que aliás agora parou, logo a seguir à noite, onde os olhos se olham entre dois lábios ansiosos na boca.
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