quinta-feira, 17 de novembro de 2011

BARCOS DE PASSAGEM



                                                         DALI
                                                         


Imponente e doce no fervor dos silêncios
produzias saberes incendiavas pedras
eras um rio abrupto
a desbravar margens

e eu soltava-me vertiginoso
no teu corpo lìquido
aprendia a navegar

Quando tateavas brumas
de olhos abertos não vias nada
mas vencias espaços esquinas e becos

eras um rio de beber
às mãos cheias por entre os dedos
corpo fluido no refúgio das águas

sussurro de harpas
por toda a escarpa
véu de noiva
luz de fósforo
a alumiar destinos improváveis

barcos de passagem



38 comentários:

  1. Barcos que apesar de passagem, permanecem incólumes nas eternas marés da emoçao que a sua poesia nos causa!

    ResponderEliminar
  2. Dizer alguma coisa, seria pecado. Poderiamos distrair o barqueiro.

    apenas 5 bjs, suaves na testa.

    ResponderEliminar
  3. Deslizando por aqui, como um barco de passagem - vertiginosamente. Mas de olhos fechados, porque barcos me assustam mais que aviões. ;)

    ResponderEliminar
  4. Corroboro o comentário de www.amsk.org.br e fico-me por uma leitura silenciosa e sentida perante tanta emoção...

    Beijos

    ResponderEliminar
  5. Sem palavras perante a magia das (tuas) palavras!
    Abraço

    ResponderEliminar
  6. Sempre os gostei de ver a subirem e a descerem rios... como que a escreverem histórias!

    ResponderEliminar
  7. Soberbo!
    E calo-me perante a beleza das tuas palavras.

    Beijo-te.

    ResponderEliminar
  8. Doce o amor ... que suave desliza nas águas, serenas ou revoltas, conforme a brisa que insufla a vela do barco.

    Beijo amigo,

    ResponderEliminar
  9. ...demorei...mas cheguei!
    Pensavas que não viria??? Nada disso...

    Li e achei uma delícia:
    "eras um rio de beber
    às mãos cheias por entre os dedos
    corpo fluido no refúgio das águas"...
    Tão doce...um ancanto, mesmo...

    ResponderEliminar
  10. "
    eras um rio de beber
    às mãos cheias por entre os dedos
    corpo fluido no refúgio das águas"

    Todo o poema está excelente, mas esta estrofe foi como um afago.

    Abraço.

    ResponderEliminar
  11. Julgo que os barcos e a fluidez dos rios podem ser também bonitas metáforas para os vários processos da vida!!!
    Abraço

    ResponderEliminar
  12. Juntar a poesia a Dali = perfeito.
    Um abraço,amigo
    Irene

    ResponderEliminar
  13. E tateei brumas
    no teu mágico poema

    Um voo.

    Lindo!

    Abraço daqui

    ResponderEliminar
  14. uma imagem que ilustra bem o poema.

    e sim os barcos são de passagem assim como os seus marinheiros.

    um bom fim de semana.

    beij

    ResponderEliminar
  15. E quantos de nós se atreveriam a abandonar-se a alguém / algo que de olhos abertos não via nada?
    Haja fé... :)
    Um abraço.

    ResponderEliminar
  16. há um encanto nesses barcos que desbravam vertiginosamente os mares, há sim.
    e eu infinitas vezes entro muda e saio calada, no receio de estragar a beleza dos momentos que aqui nos proporcionas.
    é embriagante a beleza da tua poesia.
    agradeço-te a permissão de aqui me passear.
    beijo meu, Mar.

    ResponderEliminar
  17. Todos os barcos são de passagem...
    Excelente poema, como sempre.
    Abraço.

    ResponderEliminar
  18. rio

    deveria se um substantivo feminino,
    mas permanecer rio

    ria, é um outro braço de mar


    um abraço

    ResponderEliminar
  19. E neste rio, suave terno e manso onde aprendemos a navegar, te diria -
    "olha este azul do céu
    Esta imensidão do mar
    Que foi sempre o teu olhar."

    Beijinhos

    ResponderEliminar
  20. Querido amigo Mar,

    Um poema sublime, uma leitura das emoções nestes belos versos.

    Beijos com carinho e ótima semana.

    ResponderEliminar
  21. "Imponente e doce...
    ...eras um rio..."

    Em cada barco que passa
    vejo e sinto
    por instantes...
    ...instantes tão longos
    ...tão longe
    ...tão perto...
    ...
    vejo e sinto
    movimento/aventura
    coragem
    perseverança
    música
    luz

    princesa

    ResponderEliminar
  22. Há nesta poesia um "não-sei-quê" que nos leva... Talvez um barco silente a atravessar um "corpo líquido" talvez só um gemido de harpas, uma luz...

    Temos então: a água - (corpo líquido), a música e o fogo... Elementos essencias na construção de um canto de amor.

    Um beijo

    Grata pelas palavras no "Searas"

    Lídia

    ResponderEliminar
  23. poesia cristalina. de beber e saciar a sede...

    abraço, poeta amigo

    ResponderEliminar
  24. A sua poesia, meu caro Eufrázio, é como um barco que conhecendo rios, oceanos e marés, navega sereno sobre as palavras, para nos dizer das certezas que se encontram na profundidade das águas.
    Por isso, é sempre belo o que escreve.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  25. "Destino improvável, barco de passagem."
    Que triste!
    Que frase tão insensivel Eufrázio.
    Um homem tão romântico, com esta afirmação parece não ter sentimentos.
    Bem... Haja o que houver, com uma Noite de rezas profundas e devoção, rapidamente o AJUDO a voltar ao meu coração.
    E nas veias do seu mar ficar toda a minha emoção.

    ResponderEliminar