Gaudiol
Junto ao portão
os cães ladravam
aos outros cães
porque havia um portão
de faúlhas
e a noite acordava
com pássaros claros
E agora?
neste restolho de latidos
e gestos inacabados
que hei-de fazer
a tanta luz?
que hei-de fazer
quando te deitas
nas escadas do templo
a tecer fios de música
e os cães não se calam?
42 comentários:
Tenho dito (por aí) que a arte é a coisa mais necessária, logo a seguir ao pão.
Depois de te ler, não sei não... (talvez o comentário seja excessivo... Se for, é da comoção)
Depois de uma ausencia de leituras "amigas"...vou-me chegando pouco a pouco e voltar a ler-te de novo em alta voz.
Beijo, pois.
Mar,
A ilustração é fantástica e o poema, enquanto leio no exercício da sensibilidade, os meus sentidos vão descodificando toda a beleza dos versos. Obrigada
Beijos com carinho, um ótimo domingo e excelente semana.
Quem tece fios de luz,
se banha de luar,
se veste de aurora e se alimenta de amor.
Bom vir aqui, me fez bem.
bj - cozinha dos vurdóns
Quando a noite acordar com pássaros claros,calar-se-ão os cães.
Um abraço,
mário
"e os cães não se calam" mas a caravana está demasiado lenta, será que (desta vez) passa?
abraço
Faz como José Gomes Ferreira e manda apagar a Lua.
"Lâmpada dos cães e dos poetas magros".
Abraço
que beleza de poema.
adorei lê-lo.
mar, agora vou estar mais no Letras & Sensações http://letraseletrass.blogspot.com/
um beijinho
Ana
Há que mergulhar a fundo na luz, não é? E deixar de ouvir os cães...
Deitar-te ao lado dela e cantar!
Abraço
Os cães relembram-nos que devemos estar atentos aos sinais...
Um poema de um alerta angustiado!
Verdadeiro...
Ficarmos presos ao passado é criar uma amarra, que não nos liberta para seguirmos em frente.
Beijo
Neste restolho de latidos, onde nos encontramos, há que seguir a luz e estar atentos ao ladrar dos cães.
bjs
Quantos códigos, sinais,
nesta precisão de luz...
Lindo!
Abraço
"e a noite acordava
com pássaros claros"
os anjos da noite...
Transformar-se num elemental e balançar os fios de música com a paixão contida quando a vida se faz nessa luz que te tonteia e envolve. Quero ver cão não se calar...
Concordo com o Rogério. A arte é o pão do espírito e este também pode morrer de fome.
Aqui nunca se morre.
Beijos
Mar Arável,
Regressei do mar e agradeço o perfume que dele emana aqui.
Abraço!:)
Luminoso.
Um abraço
"Faúlhas"... sinais que nos acordam! Ou não!
Abraço
Quicas
talvez os cães se calem...
e os fios de música serão quiçá também de luz..
um beij
...é sempre um gosto mergulhar ...por aqui...e banhar-me na tua criatividade...
Há sempre luz nos fios de música que teimam em desfiar os gestos inacabados....
...E cada latido outro cão vai tecendo, como os galos, a madrugada.
nunca a luz é em demasia, meu amigo.
e os cães são sempre premonitórios do devir, lugar onde as coisas se transformam.
um abraço daqui, a minha gratidão pela luz dos seus textos, belíssimos.
Mel
PS: abraço também aos companheiros de quatro patas.
Que fazer, Poeta?
A luz está lá, os cães não se calam. E nós?
Abraço, Eufrázio.
O restolho dos nossos sentimentos esbarram em cães de guarda... Um belíssimo poema.
fechar os olhos e sentir o que todos os sentidos nos fazem sentir...dar-lhe a mão e voar...como os pássaros fazem. Sentir o seu cheiro e fechar os olhos...tocar e morrer...e a alma tornou-se azul....
Um abraço
Blue
que os fios de música inundem o templo. e a luz perdure...
sublime.
abraço, meu caro Poeta
Nem todas as noites acordam com pássaros claros.... que pena!
Um abraço, Eufrázio
Tanta luz só pode ser a cor dos pássaros nocturnos...
Um beijo
... e os cães não se calam?
Pior ainda... há muitos, por aí, prontinhos a ferrar o dente... isto vai ser a Feira dos latidos e do permanente abocanhar ;)
Bjos
Queria só dizer-lhe: é tão bonito o poema!
Abraço
o falcão
Aqui mesmo ao lado há um cão que aprendeu a uivar como se fosse a cantoria de um galo.
Quem sabe a solução para tanta dor passa por aí... por reaprender a cantar.
É sempre um prazer te ler.
Beijo
Que hei-de fazer a tanta luz? Guardar como reserva, ao preço a que ela vai chegar :) Brinco. Ou nem tanto. Reservas de luz são sempre necessárias, porque há sempre "lugares" pouco luminosos.
Um abraço.
Naveguei aqui entre o sentir, o olhar e as ilusões. Palavras e imagens combinaram perfeitamente num sopro vago entre o ontem e o hoje.
E agora, o que faço?
bacio
Na luz os latidos ecoam em farrapos de som...amanhã o som virá.
Bj.
Poeta
Na noite se envolvem todos os segredos...todos os medos.
Um beijinho
Rosa
"...que hei-de fazer
quando te deitas
nas escadas do templo
a tecer fios de música
e os cães não se calam?"
Um abraço envolto em fios de música onde a luz da ternura possam calar os cães que vos olham embevecidos...
Adorei este poema. Obrigada pela partilha da beleza.
Ignora os cães
distribui a luz
e
nas escadas
aconchega-te
com o tecido de música
princesa
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