Publicado em 2010 na revista SEARA NOVA
A noite carregava
a sua própria sombra
mas nós carregávamos uma noite
que não era a nossa
quando uma luz de sol
despontou nas paredes do cais
para ergueres as pálpebras
e veres claramente
espalhadas no chão dos barcos
o que pareciam ser
as últimas flores do Inverno
tu sabias
que estavam a medrar
novas marés
quando subiste à gávea
dos barcos ancorados
para confirmar o rosto branco
da madrugada
tu sabias
que alguém andava
a lavrar desertos
para nascer uma flor
mais vermelha que os teus lábios
50 comentários:
Insistem os lavradores
Num deserto regressado
Cada um o mais esperançado
em que renasçam flores
como o teu dizer
vermelhas
cor de lábios de mulher
E depois,
tantos que de inveja mais vermelha ficaram
foram pisar flores
nos desertos lavrados.
"Tu sabias
que alguém andava
a lavrar desertos
para nascer uma flor
mais vermelha que os teus lábios"
Bolas, Eufrázio, que coisa mais linda!
Obrigado.
Abraço
novas marés.. para quando?
Lindo, lindo.
Bj.
Da noite se fez a clara manhã
em que nasceram cravos vermelhos
de todos os desertos.
Beijo.
Mar Arável,
A imagem da flor que nasce no deserto é demasiado bela, se este seu poema tivesse só os cinco versos era igualmente encantador.
Gostamos sempre de algo que é único, maravilha-nos ou entristece-nos.
Eufrázio
A tua força de mar arável desaguando sempre em poemas tão intensos e belos tais como este. Adorei...a última parte então é lindissima.
Beijo
Parece-me que os solos estão a bradar por novos lavradios...
É urgente voltar a lavrar desertos.
Abraço
Poeta
O deserto clama por uma nova cultura...mais viçosa.
Um beijo
Sonhadora
Há sempre no fundo da terra um húmus insuspeito, uma semente, uma promessa, um parto...
...
há sempre o vermelho e o trigo...
sabe-se lá quando vai explodir uma flor...
abraço, meu caro Poeta
belíssimo teu poema.
E duas lágrimas me nasceram na emoção destes versos, na última estrofe deste poema, porque cravos são beijos de Abril a arder na fogueira das memórias...
Sublime Eufrázio.
Beijos, tantos.
Encontrei aqui um Poeta!
Feliz Páscoa!
Obrigada pela sua visita!
Beijo.
isa.
Lavrar desertos...
Persistente e ousado lavrador!
Um abraço!
Marlene
muito bonito mesmo
Que as noites e as sombras não se envolvam numa dança... precisamos de sol.
"tu sabias
que alguém andava
a lavrar desertos
para nascer uma flor
mais vermelha que os teus lábios"
Que não murche a flor vermelha é a nossa esperança.
Um beijo e Boa Páscoa.
E continuamos a carregar sombras na noite...
ao menos que os nossos lábios nunca se cansem de soltar as palavras urgentes a tingi-las de colorido.
Há sempre alguém que nos estima... há sempre alguém que pensa em nós!
Um lindo poema de atenção ao outro!
"... alguém andava
a lavrar desertos
para nascer uma flor
mais vermelha que os teus lábios"
Uma pétala de rara beleza, amigo! Parabéns!
Abraço
Um deserto que produz flores, pode bem ser um oásis.
alguem a lavrar desertos, já por si só é um verdadeiro poema.
belissimo.
foto bem escolhida.
beij
Uma flor e uma poesia bélissima aguarda na entrada do seu blog.
Eu amei seu blog e ja estou a seguir-te.
Deixando um convite venha conhecer
o meu blog Brasil e Portugal.
Uma linda noite beijos e beijos ,Evanir.
www.aviagem1.blogspot.com
E
www.fonte-amor.zip.net
Nasce a flor e o poema.
abs
E prenhe de esperança, de rubra esperança, despertou aquela longínqua madrugada que lutaremos por manter viva enquanto por cá andarmos.
Lindo poema alusivo ao Abril que eu/nós tantas vezes desejámos, lutámos e vimos nascer.
Bem-hajas!
Beijinho
Tenho uma infinda esperança vermelha, que outras flores hão de brotar nesse deserto que também é composto de oásis!
Impécavel esse poema, impécavel!
Estes cravos vermelhos são lindos.E o poema a festa deles.
Votos de Pascoa feliz.
abraço,
Véu de Maya
Há flores que nascem à própria revelia da noite que carregamos ou do deserto que atravessamos. Felizmente.
Muito belo!
E nasceu! E não morrerá!
Agradeço a visita ao meu blogue
e comentário. Cravos vermelhos que
muitos quiseram destruir...e também
as muitas conquistas do 25 de Abril
estão a desaparecer e o povo (algum) parece querer persistir no
voto nos que levaram o país há
humilhante situação em que está...
Um abraço
E quando essa flor nascer... não haverá mais deserto!
Que lindo!
Beijinho!
Parece.me que as flores estão a precisar de nascer de novo.
Uma Páscoa Feliz
Caro amigo, Poeta Eufrázio;
E nos barcos, regressaram outros amores.
Um abraço.
Que renasça a cor rubra que a sombra escureceu...
Um abraço
AL
Venho desejar Boa Páscoa com o azul e o vermelho no horizonte! :)
Recordamos a noiva vestida de vermelho! Sabemos que a filha nem sequer casou! Mas o que eles não sabem é que, vê-se na ecografia, que a neta vai ser ainda mais bonita e poderosa! Tal como a avó vai-se chamar Abril!
Um abraço para anos de 12 abris - ou abriles?! porra! abril tem plural?!não! é só um! o seguir a março - o mês dos burros - e o antes de Maio o mês das cantigas e das espigas!
mais um abraço da ecografia
As marés ainda voltarão a encher e teremos de novo Maré Alta! Assim se cumpra Abril, apesar de lhe quererem pôr um pano preto por cima...
E qdo a nova maré chegar, o brilho dos lábios há te te chamar.
mil beijos prá ti!
ter a esperança nessa flor. Não é simples
O deserto floriu, tua mão produziu. Boa páscoa.
e sabem os homens da terra
que lavrar, não acaba mais
seja qual for o sonho de marés
a cor das flores e do cais
no vermelho do seu poema
um abraço
manuela
"tu sabias
que alguém andava
a lavrar desertos
para nascer uma flor
mais vermelha que os teus lábios" - muito belo. Mulher, país, poema, o que quisermos, desde que nasça urgentemente uma nova flor que em seu odor divinal nos mantenha na utopia da palavra VIDA!
Abraço,
João Rasteiro
Meu amigo vim desejar uma santa e feliz Páscoa. Um beijinho muito doce.
... e afinal Mar quem sabe és tu, melhor que ninguém!...
eu adoro este poema!
vim estendendo os braços de lá até aqui para no mesmo abraço te desejar uma Páscoa feliz e doce.
beijo.
E o vermelho foi chama...e o grito flor...num deserto adormecido...pelos abandonos das mentes oque mentiam...
«A noite carregava
a sua própria sombra
mas nós carregávamos uma noite
que não era a nossa...»
Espero que nunca nos esqueçamos dessa longa noite.
bjos
E ela nasceu mesmo...
E os lábios, como reagiram?
Bjssssssssssss
Fala de desertos lavrados onde germina a flor da Esperança.
Sentido e muito belo!
L.B.
Que venham marés, vermelhos e flores!
Existe muita qualidade nestas composições. Muito coração na letra.
Parabens por tratar tão bem a poesia.
Abraço.
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