segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

AMANTES SEM DESTINO



Estávamos no tempo da nidificação
das garças
por entre moliços e neblinas
encantados
a soletrar metáforas

dulcíssimos
errantes
a agitar marés

amantes sem destino

Desapercebidos das águas ancoradas
no chão dos barcos
ainda hoje o rio ousa madrugar
eriçado nos cilios do corpo
e as aves despontam
silvestres

sussurram nos mouchões
vozes
que sentimos na pele
subir aos mastros
para amarmos melhor
as tempestades

Ainda hoje no alvor do rio
transportamos as margens
para o mar

47 comentários:

  1. Um poema lindo para um dia lindo...
    O enamoramento é um estado sublime.

    ResponderEliminar
  2. Caro Eufrázio
    Li e reli. Só dá para dizer que partilho da ideia que o amor pode assumir muitas formas e até se pode "subir aos mastros para amar melhor as tempestades"

    ResponderEliminar
  3. No mar cada onda é um perigo
    Na estrada cada curva é um
    incerteza
    No jardim cada flor é uma beleza.
    No mundo cada pessoa é uma
    surpreza
    O amor é um tesouro.
    Beijo

    ResponderEliminar
  4. Será que os amantes alguma vez querem ter destino,
    para além da loucura sã e louca?

    Um abraço,
    mário

    ResponderEliminar
  5. Uma bela escolha para este dia. Assim, dá gosto invocar São Valentim :)

    ResponderEliminar
  6. ...transportamos as margens
    para o mar.
    Que melhor bagagem para a viagem!?

    ResponderEliminar
  7. Nós somos assim, seres humanos, sempre mudando as coisas a nosso favor, mesmo por vezes, sem perceber...

    Um abraço!!!

    ResponderEliminar
  8. E haverá palavra mais bela que a palavra amantes?
    se, na génese, denomina quem ama, quem nutre afecto.
    o destino dos amantes?
    amar.
    tudo o demais, acessório.

    belo o seu poema meu amigo.

    a minha gratidão pela partilha
    fraterno e saudoso abraço
    Mel

    ResponderEliminar
  9. ainda hoje o rio ousa madrugar

    eriçado nos cilios do corpo


    A imagem é um achado, adorei!
    beijos,

    ResponderEliminar
  10. O mar, as aves e o amar... Ainda hoje são ambiente de sonho!

    Beleza poética!

    Beijinho

    ResponderEliminar
  11. Poema maravilhoso, cheio de metáforas deliciosas.
    Beijo

    ResponderEliminar
  12. dulcíssimo

    vagabundear de amor, o seu poema

    um abraço

    manuela

    ResponderEliminar
  13. A beleza da metáfora está na descoberta.
    No seu dom maior de adornar o peito de quem lê ou escuta, no regaço do coração.
    E, fechando os olhos, cabe-lhe a tarefa sublime de nos encher do convencimento de que podemos, querendo, transportar as margens para o mar e subir aos mastros para amarmos melhor as tempestades.

    Maria José Bravo

    ResponderEliminar
  14. Temos mesmo de as "transportar". Belíssimo!

    ResponderEliminar
  15. Amantes sem destino transportando as margens para o mar...
    Que belo!
    Um beijo.

    ResponderEliminar
  16. Amantes sem destino...com destino de ser feliz, mas a felicidade é uma conquista que os covardes não tem.

    Bom resto de semana
    Beijos.

    ResponderEliminar
  17. Soletrar metáforas, só os poetas,tecer os poemas nas ondas, os anjos querubins. Teu poema é uma canção que nos deleita.

    ResponderEliminar
  18. elegante poema de amor.

    tão genuino e belo que se aclara em "neblinas encantadas", derramando-se em cascata de em metáforas dulcíssimas.

    abraço, Poeta.

    ResponderEliminar
  19. e esse movimento para o mar é sempre magnífico.

    Abraço

    ResponderEliminar
  20. Imagem linda!
    E poema a condizer
    Amantes...
    Amados...
    Da nascente até à foz
    Em todos os momentos
    Em qualquer circunstância
    Amantes
    Com destino!

    princesa

    ResponderEliminar
  21. As metáfora são lindas, como é habitual.

    Fica bem.

    ResponderEliminar
  22. Lindísimo, envolvente e profundo.
    Chegar às águas ora agitadas ora calmas do mar, é chegar à vida no seu melhor.

    "Ainda hoje no alvor do rio

    transportamos as margens

    para o mar"

    Adorei.
    Beijos

    ResponderEliminar
  23. o caminho onde desagua o amor nas margens dos corpos fundidos.
    arável o mar que salga de cristais, os amamntes.

    ResponderEliminar
  24. São tão doces as metáforas nos regatos de mel!... às vezes como fel!... Mas sempre doces enquanto a neblina não se quebra no reflexo aninhado dos espelhos!... A panaceia da metáfora que corre em veias etéreas de neblina!... Sabe bem... a anestesia da metáfora!... E a prostração suave que esvoaça como um véu finíssimo de seda... ou fumo azulado que se espreguiça, muito lentamente, dum cigarro enrolado na luz da meia-luz!... Como um farol perdido na vontade de não ser encontrado!
    Ao largo!... Entre a imensidão e as velas solitárias, entre a suspensão no alto da falésia e a silhueta que se perde no crepúsculo da memória!... Na imensidão de um regato onde a Alma do Oceano dorme!




    Abraço

    ResponderEliminar
  25. Olá, boa noite!

    Motivos alheios à minha vontade
    fazem que só agora possa regressar
    à blogosfera
    e a visitar os amigos.

    Saudações poéticas.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  26. São as margens do rio que vão desenhar as ondas do mar...

    ResponderEliminar
  27. amantes sem destino. será bom? (será o que faço?)

    ResponderEliminar
  28. Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos.

    Autor Miguel Unamuno
    Bjs com carinho

    ResponderEliminar
  29. porque me surpreendo sempre que por aqui passo?


    ( sento.me ,a ler ,pausadamente )




    .
    um beijo

    ResponderEliminar
  30. e nestas margens caminhamos à procura do que o mar nos trouxe. lindo! um grande beijinho*

    ResponderEliminar
  31. Há destinos que não nos pertencem... são tão maiores!...

    E as palavras por aqui, sempre imensas!

    Um abraço

    ResponderEliminar
  32. Assim são os amantes: "desapercebidos" de tanto, mas com uma consciência tão apurada de tanto mais.

    ResponderEliminar
  33. O mar, o amor, os amantes com ou sem destino, tudo é perfeito e único na sua poesia.

    beijinhos

    ResponderEliminar
  34. A permanência do amor tão bem cantada! Um abraço.

    ResponderEliminar
  35. Há poesia que não se nos oferece comentar, mas apenas fruir. Assim é esta. Obrigada.

    Um abraço e parabéns pela excelente ideia dos ´poemas falados'.

    ResponderEliminar
  36. O amor às coisas simples e puras..
    Um abraço!

    ResponderEliminar
  37. Só agora li. Adorei! e... levei (espero que não se importe)
    Beijinhos :)
    mariam

    http://olhares.sapo.pt/mares-de-neblina-foto5523873.html

    ResponderEliminar