Estávamos no tempo da nidificação
das garças
por entre moliços e neblinas
encantados
a soletrar metáforas
dulcíssimos
errantes
a agitar marés
amantes sem destino
Desapercebidos das águas ancoradas
no chão dos barcos
ainda hoje o rio ousa madrugar
eriçado nos cilios do corpo
e as aves despontam
silvestres
sussurram nos mouchões
vozes
que sentimos na pele
subir aos mastros
para amarmos melhor
as tempestades
Ainda hoje no alvor do rio
transportamos as margens
para o mar
47 comentários:
Um poema lindo para um dia lindo...
O enamoramento é um estado sublime.
Caro Eufrázio
Li e reli. Só dá para dizer que partilho da ideia que o amor pode assumir muitas formas e até se pode "subir aos mastros para amar melhor as tempestades"
No mar cada onda é um perigo
Na estrada cada curva é um
incerteza
No jardim cada flor é uma beleza.
No mundo cada pessoa é uma
surpreza
O amor é um tesouro.
Beijo
Lindo poema. Um abraço.
O mar por destino,
acompanhando as margens...
Será que os amantes alguma vez querem ter destino,
para além da loucura sã e louca?
Um abraço,
mário
Uma bela escolha para este dia. Assim, dá gosto invocar São Valentim :)
...transportamos as margens
para o mar.
Que melhor bagagem para a viagem!?
Muito adequado ao dia!
Abraço
Nós somos assim, seres humanos, sempre mudando as coisas a nosso favor, mesmo por vezes, sem perceber...
Um abraço!!!
E haverá palavra mais bela que a palavra amantes?
se, na génese, denomina quem ama, quem nutre afecto.
o destino dos amantes?
amar.
tudo o demais, acessório.
belo o seu poema meu amigo.
a minha gratidão pela partilha
fraterno e saudoso abraço
Mel
O rio nidifica nas margens do mar.
ainda hoje o rio ousa madrugar
eriçado nos cilios do corpo
A imagem é um achado, adorei!
beijos,
O mar, as aves e o amar... Ainda hoje são ambiente de sonho!
Beleza poética!
Beijinho
Poema maravilhoso, cheio de metáforas deliciosas.
Beijo
dulcíssimo
vagabundear de amor, o seu poema
um abraço
manuela
Do alvor do rio até ao mar,
a imensidão.
Ana
A beleza da metáfora está na descoberta.
No seu dom maior de adornar o peito de quem lê ou escuta, no regaço do coração.
E, fechando os olhos, cabe-lhe a tarefa sublime de nos encher do convencimento de que podemos, querendo, transportar as margens para o mar e subir aos mastros para amarmos melhor as tempestades.
Maria José Bravo
Temos mesmo de as "transportar". Belíssimo!
Amantes sem destino transportando as margens para o mar...
Que belo!
Um beijo.
Amantes sem destino...com destino de ser feliz, mas a felicidade é uma conquista que os covardes não tem.
Bom resto de semana
Beijos.
Soletrar metáforas, só os poetas,tecer os poemas nas ondas, os anjos querubins. Teu poema é uma canção que nos deleita.
elegante poema de amor.
tão genuino e belo que se aclara em "neblinas encantadas", derramando-se em cascata de em metáforas dulcíssimas.
abraço, Poeta.
e esse movimento para o mar é sempre magnífico.
Abraço
Imagem linda!
E poema a condizer
Amantes...
Amados...
Da nascente até à foz
Em todos os momentos
Em qualquer circunstância
Amantes
Com destino!
princesa
Tão belo!
Poeta.
abraços
As metáfora são lindas, como é habitual.
Fica bem.
Lindísimo, envolvente e profundo.
Chegar às águas ora agitadas ora calmas do mar, é chegar à vida no seu melhor.
"Ainda hoje no alvor do rio
transportamos as margens
para o mar"
Adorei.
Beijos
o caminho onde desagua o amor nas margens dos corpos fundidos.
arável o mar que salga de cristais, os amamntes.
A garça é uma pré-metáfora.
São tão doces as metáforas nos regatos de mel!... às vezes como fel!... Mas sempre doces enquanto a neblina não se quebra no reflexo aninhado dos espelhos!... A panaceia da metáfora que corre em veias etéreas de neblina!... Sabe bem... a anestesia da metáfora!... E a prostração suave que esvoaça como um véu finíssimo de seda... ou fumo azulado que se espreguiça, muito lentamente, dum cigarro enrolado na luz da meia-luz!... Como um farol perdido na vontade de não ser encontrado!
Ao largo!... Entre a imensidão e as velas solitárias, entre a suspensão no alto da falésia e a silhueta que se perde no crepúsculo da memória!... Na imensidão de um regato onde a Alma do Oceano dorme!
Abraço
O amor, tão simples e tão complexo!
Olá, boa noite!
Motivos alheios à minha vontade
fazem que só agora possa regressar
à blogosfera
e a visitar os amigos.
Saudações poéticas.
Um abraço
São as margens do rio que vão desenhar as ondas do mar...
amantes sem destino. será bom? (será o que faço?)
Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos.
Autor Miguel Unamuno
Bjs com carinho
porque me surpreendo sempre que por aqui passo?
( sento.me ,a ler ,pausadamente )
.
um beijo
e nestas margens caminhamos à procura do que o mar nos trouxe. lindo! um grande beijinho*
Há destinos que não nos pertencem... são tão maiores!...
E as palavras por aqui, sempre imensas!
Um abraço
Passei para ler-te.
Tem um bom fim de semana.
Exaltante história de amor! Que seja eterna!
Assim são os amantes: "desapercebidos" de tanto, mas com uma consciência tão apurada de tanto mais.
O mar, o amor, os amantes com ou sem destino, tudo é perfeito e único na sua poesia.
beijinhos
A permanência do amor tão bem cantada! Um abraço.
Há poesia que não se nos oferece comentar, mas apenas fruir. Assim é esta. Obrigada.
Um abraço e parabéns pela excelente ideia dos ´poemas falados'.
O amor às coisas simples e puras..
Um abraço!
Só agora li. Adorei! e... levei (espero que não se importe)
Beijinhos :)
mariam
http://olhares.sapo.pt/mares-de-neblina-foto5523873.html
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