terça-feira, 9 de novembro de 2010

DESLAÇAS-TE



Nas paredes mais navegáveis da casa
os teus retratos a preto e branco
com muitas cores
soltos de margens

são meandros vertebrados

onde cantas silêncios

em campânulas de sons

ateias relâmpagos por entre vagas

desmandas sílaba a sílaba

remoçada de lábios

o esconderijo das palavras

Quase silvestre e maternal

dedilhas fios de linho

no tear onde te oiço

sussurrar claridades

passos remos e passos

Nas paredes mais navegáveis

navego-te os timbres

até à fímbria de um sopro

onde emerges em flor

nos meus olhos

Deslaças-te


31 comentários:

  1. As palavras não deslaçam, enlaçam. Belíssimo!

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  2. Belíssimo!
    Quem tem palavras de si, para comentar tanta beleza das tuas palavras?
    Abraço

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  3. E com os fios de linho te deslaças.
    Um abraço,
    mário

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  4. Ao centro das paredes
    canto silêncios
    para que façam eco!...

    Eco que faça vibrar
    corações distantes

    Distantes das memórias
    das "paredes navegáveis"
    com imagens de "todas as cores".

    Parabéns por mais esta criação!
    É sempre agradável
    encontrar um barco novo
    no seu, mas
    também nosso
    "mar arável"!

    princesa

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  5. Em cada fio de linho nasce a palavra-água de um poema.
    Parabéns!
    Bj.

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  6. Um deslaçar pleno de cumplicidade, tecido em palavras ternas e profundas...

    Abraço

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  7. Navegar pelos retratos expostos numa parede; eis uma ideia que nunca me tinha ocorrido.

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  8. poema sereno. em plenitude de sáfaras. e colheitas...

    belissimo

    abraço, Poeta.

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  9. uma viagem tendo como pano de fundo um retrato ( a sépia)com a imaginaçao poética nas palavras do autor.

    um beij

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  10. Ao contrário do título, meu amigo, as tuas palavras fascinantes (nos) enlaçam.

    Um abraço.

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  11. No deslumbre da musicalidade poética, enlaço-me nas palavras e fico, sem saber de mim, simplesmente. Apenas a flutuar no que é perfeitamente belo.

    Um abraço

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  12. ... nos meus olhos se deslaçam as tuas palavras como fios de linho, Mar, tecem uma renda como a espuma das marés a se desfazer na areia porosa.
    Me encanto com a tua escrita, Poeta.
    Beijo.

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  13. 'Retratos soltos de margem' inspiram liberdade, prolongamento... materialização e dinâmica do que é imaterial e estático. São retratos sem as amarras das molduras e também por isso ganham vida e convocam-nos a reagir.

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  14. Sem dúvida, gosto de navegar nas palavras do teu mar.
    Jogas com as palavras de uma forma que eu invejo.

    "...são meandros vertebrados

    onde cantas silêncios

    em campânulas de sons..."
    LINDO!


    Beijinhos e bom fim de semana

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  15. Até o laço mais frágil é difícil de desatar...

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  16. A poesia assim dá gosto...
    É toda uma ternurenta passagem de modelos em que os modelos são... as palavras...

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  17. Belíssimo, intimista e se por vezes as palavras ficam muito aquém dos sentimentos, nesta poesia elas ficam muito próximo da emoção e do sentir, por isso nos levam numa onda de espanto...
    O quadro é belíssimo, muito apropriado!

    Beijos
    Branca

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  18. *
    enlaçaste-me,
    nas palavras navegáveis,
    em Nau Catrineta feitas !
    ,
    conchinhas,
    ,
    *

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  19. ... de mestre.
    E a mestria fala por si.
    Beijinho

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