A remar águas e ventos
numa orgia de rotas
e salivas sem destino à vista
encontrei na margem
uma pedra
com vida por dentro
exilada no espelho do rio
a amanhecer
no ressoar das marés
Juntei-me ao seu corpo
convergi na paisagem
subscrevi-lhe as pautas
os improvisos
e ali mesmo desconstruímos
a recusa do impossível
aprendemos que nada
é completamente inútil
muito menos a magia do tempo
que transportamos
portas abertas
janelas escancaradas
por onde inevitável
circula o pó
e tudo se move
até os velhos pássaros refulgentes
que libertámos dos lábios
em pleno voo (e)ternos
num barco de remar
33 comentários:
Muito belo, este poema! Um verdadeiro hino à esperança a rasgar dias em que grassa o pessimismo e a impotência.
Muito obrigada!
Quando a poesia flui como os remos num rio.
É bom remar para que o barco ande.
Abraço
Partirei mais calma para o dia seguinte..."num barco de remar".
Beijo
:))
Águas e ventos também se fizeram para remar.
Leito de amar...
voltei a remar este mar, querido eufrázio :) obrigada pela porta sempre aberta e pela casa de belas palavras. um grande beijinho.
"...uma pedra
com vida por dentro..."
Mais uma criação
deliciosa!...que me encantou.
...
Quero ser pedra
na margem
de um rio navegável
Quero ser pedra
com vida de cristal
Quero ser pedra
que solfeja
ao luar
que deseja
e aguarda quem a liberte
"em pleno voo"
princesa
...e tudo se move!
(esses remos, poeta, são a extensão dos meus braços)
Aprendemos com a pedra.
bj
Beleza... beleza.
Remar contra as marés e encontrar a harmonia dos pássaros libertados.
É esperança, sim mas não sei onde ela mora!
Na recusa do impossível remarei, mesmo que a bruma me cegue o olhar límpido que procuro. E aqui, há sempre um horizonte delineado à espera de ser lido.
Um abraço, Eufrázio.
Fulgurante maetáfora da força do companheirismo, da esperança, da solidariedade!
Poeta
Apenas sublime.
que libertámos dos lábios
em pleno voo (e)ternos
num barco de remar
Apenas o horizonte eterno
beijo
Sonhadora
*
sublime poema,
,
meu barco rochoso
com remos de pedra
ruma entre as fragas
arribando ás falésias !
,
abraço
,
*
um barco a remar poesia.
e por vezes as pedras teem vida.
um beij
Na interior travessia do sentimento somos sempre os remadores...
Um beijo.
Um turbilhão no tempo
dos "Esteiros", dos homens
(ainda) que remam
num sonho.
Inevitável que circule o pó: para isso mante(re)mos as portas abertas.
Abraço
Nada é completamente inútil... E remar é essencial, qualquer que seja o final
Beijo
Carla
O NADA seria completamente inútil não fora o caso de ser tão útil para aferir a PLENITUDE.
Como a deste poema, toda esperança e resistência.
BEIJINHO
Lindíssimo,parabéns!
Beijinhos,
Ana Martins
Ave Sem Asas
Caro Eufrázio;
Excelente poema de grande magia poética.
Gostei imenso.
Mar...
sublime este teu barco de remar
no encontrar de uma pedra com vida por dentro, onde escreveste pausas e imprevistos e juntos cantaram, e amanheceram e remaram...
... e a desconstrução da recusa do impossivel... eu amei!
e tudo se move...
e achei lindo o voo terno dos pássaros entre os lábios!
como gosto tanto deste teu falar de amor, qualquer amor!...
Beijos
Barcos de remar à beira do Guadiana ( minhas memórias).
Que saudades...
Obrigada, por este momento, Eufrázio.
Beijos.
Maria
Mar Arável
Vim caminhando devagar mas com segurança.
Um beijo
CAMINHAR
Caminhar e parar
Chegar e não chegar...
Caminhei...
E cheguei...
Parei...
E não cheguei...
A contradição
Do certo e do errado
O caminhar e o parar...
É preciso caminhar...
É preciso agir...
Só assim
Cheguei e consegui!...
LILI LARANJO
Que belo passeio de barco me proporcionou!
Lindíssimo!
Beijinho
Bela poesia.
Excelente.
Um abraço
Pedras vibrantes, dinâmicas, emotivas e (e)ternas são pedras que alentam.
Abraço e bom fim-de-semana.
Nada arável.
Profundo - isso sim.
Bela imagem. Parabéns!
Obrigado pela partilha.
Gostei da poesia. Profunda.
Não falemos de política hoje.
Depois da cimeira estou completamente enjoada, não se podia ligar a TV e...pimba, sempre do mesmo.
Como pessoa nascida sob o signo Carneiro ando sempre sob várias tensões, logo a impaciência, a irritabilidade e a impulsividade vão ser o estado destes nativos, na próxima semana; de nada serve, tentar controlar os Carneiros durante esta semana.
Boa semana.
Há remos que não é suposto compreendermos, são com a poesia: levam-nos para onde não somos capazes de ir sozinhos...
Um abraço
belíssimo poema, onde tudo é possível, «em pleno voo» «num barco de remos».
beijo.
Eufrázio,
Vir lê-lo torna-se, dia a dia, clara certeza de que estou a ir ao encontro da verdadeira poesia - a que leveza de uma brisa e a força das marés. É, como bastas e repetidas vezes aqui deixei escrito, de uma qualidade singular.
Este barco de remar, tocou-me particularmente.
Bem-haja, pois, Eufrázio, pela generosa partilha.
Fraterno abraço
Sua amiga e admiradora
Mel
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