quinta-feira, 20 de maio de 2010

COMO SE FOSSEM PEDRAS


Mal amados
com um nó na garganta
os barcos desaguam no cais
despidos de velas

adormecem
carregados de sonhos

Talvez à míngua dos seus olhos doces
um fio de água se ateie
e lhes devolva a voz
no intervalo das areias

ou na aprendizagem do voo
soltem aves
como se fossem pedras



33 comentários:

  1. ..."adormecem carregados de sonhos..., despidos de velas..."

    Estava com saudades da doçura da tua poesia, Mar!

    Abraço e beijo, amigo.

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  2. Lindo poema...adorei.

    Mal amados
    com um nó na garganta
    os barcos desaguam no cais
    despidos de velas

    Belo.

    Mal amados
    com um nó na garganta
    os barcos desaguam no cais
    despidos de velas

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  3. Com este poema, apetece perguntar-me: que brilho é este que me brinca nos olhos como se fossem lágrimas?
    Beijos.

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  4. Gostei muito, cântico de resistência emabalada na água.
    ~CC~

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  5. A imagem do fio de água que se ateia é sublime!
    Incendiou-me os sentidos.
    G...

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  6. Gostava de ser barco para poder adormecer carregado de sonhos.
    Abraço

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  7. que as velas e os ventos se incendeiem. em novos rumos...

    que os barcos se ergam. em novos Bojadores...

    abraço.

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  8. Desaguamos despidos no nosso descontentamento, ágeis como pedras atiradas.

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  9. Belíssimo e fundo poema, na sua aparente simplicidade!

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  10. que esta voz se perpetue no silêncio, com a qualidade da água que, de tão dura, fura as pedras. um beijinho, eufrázio.

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  11. Belíssimo poema.
    Repouso de embarcações acostadas ao molhe até que o mestre e a sua tripulação decidam rasgar águas, rumando...
    Sonhando

    Um abraço

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  12. Amigo e poeta, que mais posso fazer do que te repetir que aprecio a tua poesia?!

    Bom fim de semaana.

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  13. Nestes tempos difíceis, é bom sentir que ainda há barcos que "adormecem carregados de sonhos"!
    Oxalá, ao despertar, não os vivam como pesadelos!
    Abraço

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  14. Que imagem e texto belissimos..

    Parabéns pela inspiração!!

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  15. ...nunca se sabe das essências das pedras, principalmente das que são de outras capacidades...
    Muito linda, esta foi uma das que mais gostei.
    Uma pedra que talvez voe - talvez eu seja ...

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  16. os barcos
    ancoradouro
    e miragem

    talvez uma ave
    no desassossego das marés
    lhes oriente o caminho
    e os salve do esquecimento

    ___

    beijos Eufrázio

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  17. Eufrázio

    ah! como é bom ler o que escreve!obrigada por momentos assim...

    um sorriso :)
    mariam

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  18. A tela é belíssima e está de acordo com teu poema.
    Li e reli os últimos versos e minha mente obtusa insistia em ler: soltar pedras como se fossem aves.
    Abraço e parabéns.

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  19. ... sem barcos, os rios e o oceano em que "navegamos" são o que se está mesmo a ver: águas paradas de desiquílibrios e injustiças.

    Abraço.

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  20. ..."no intervalo das areias" há sempre uma viagem em que as pedras se diluem...


    Abraço

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  21. No estropio de uma agonia, apenas o nó da garganta é garante de que, na alvorada das coisa que ainda não nasceram, no pré-cambrico das areias,
    e ".. à míngua dos seus olhos doces
    um fio de água se ateie
    e lhes devolva a voz
    no intervalo das areias"

    de novo,

    se faça, em cada um de nós, a (tão) necessária
    [re] "aprendizagem do voo
    soltem aves
    como se fossem pedras"

    pedras no charco das águas lodosas e inertes. E de novo voemos sem medo de voar. Em processo.
    Libertatório.

    Aprendamos, pois, a lição dos gansos... "Voar em V"...

    Eufrázio, um imenso prazer ler cada pedra (pérola) que nos confia.

    Um bem-haja, um abraço fraterno e amigo.

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  22. Pedras que solto
    feitas sonhos
    no balouçar terno
    das palavras
    que desenha...

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  23. Acredito que um fio de água nos devolverá a voz, dissolvendo todos os nós que se acumulam na garganta.

    Um abraço

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  24. Mais um lindo poema,
    gostei de ver esses barcos adormecerem cheios de sonhos...

    Um beijo

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  25. Andam tão cansados, os barcos. Tão saudosos de águas claras. Como a dos teus poemas. Beijo.

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  26. como o vinho do Porto.....o teu poetar está cada vez melhor com o passar do tempo.......do teu escrever

    e

    do meu LER


    ......"pelo cansaço dos barcos"!



    . beijo
    um

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  27. Barcos, como retratos de um País/mundo que desaba.
    Emocionada, leio a arte de quem a sabe fazer.
    beijo

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