sexta-feira, 7 de maio de 2010

ANTES DE PÉ





Há uns dias disse na apresentação do meu " Para lá do azul " que a vida pode ser vivida sem poetas, mas nunca sem poesia.
Hoje apetece-me dizer - europa pois claro - mas não esta - vulnerável e cordeira, sem dimensão social evolutiva, a fingir de coesa, culta e solidária, a reboque do dólar e das agências americanas de rating.

Europa pois claro - mas não com o euro de joelhos perante um sistema selvagem
de arbítrios, a mando dos promovidos a donos do mundo, a saque nas mãos de um punhado de famílias nas duas margens do Atlântico.

Esta europa está à espera de quê - nesta liturgia penosa que expropria direitos
adquiridos aos pobres para os emprestar a juros altos aos pobrezinhos.

Esta europa está à espera de quê?

Com excesso de chefes e na ausência de lideranças credíveis, esta europa pífia,
revela incapacidades estratégicas para a construção de um espaço comum,
no respeito pela diferença - provoca inevitáveis revoltas, justas, globalizadas -
mobiliza o incomensurável exército dos pobres, cada vez mais arredados
nos subúrbios da vida.

Esta europa está à espera de quê?

Que os povos espoleados peregrinem silenciosos rumo à indiferença?
Que a esperança bendita nos céus calem os vulcões?

Antes nas ruas, em protesto.

Neste chão - antes de pé. 

23 comentários:

_Sentido!... disse...

Olá Mar!

Sim, neste chão, antes de pé!
Beijo!

Justine disse...

De pé, sempre!
(um texto que é um grito, um hino, uma determninação)

São disse...

Peço desculpa, mas ainda existe Europa?!

E, claro, sempre de pé!
Abraços.

jrd disse...

Da ideia a chama já consome!...

Abraço

Manuel Veiga disse...

de pé. neste chão. sempre...

a Europa (des)espera! precisa de poetas...

texto certeiro. como um dardo ao coração da Europa.

abraço, Poeta amigo.

lino disse...

Antes morrer de pé do que ser enterrado com uma grande marreca.
Abraço

Lídia Borges disse...

Um texto a trazer ventos de nostalgia.
"Europa- pois claro- mas não esta"

Não esta!

L.B.

anamar disse...

Foi mesmo a melhor maneira de "festejar"... os 60 anos deta (des)união europeia...

1900, sempre e de pé...
Bjs, meus

poetaeusou . . . disse...

*
antes sós
do que europeus sem nexo,
,
maresias coloridas,
deixo,
,
*

svasconcelos disse...

Certeiro! Esta europa desigual e em desiquilibrio social não serve o nosso colectivo. É urgente mudar!
bonito texto.
bjs

Licínia Quitério disse...

Sim, de pé, como o disse a Pasionaria. Maus tempos estes, Amigo.

Mel de Carvalho disse...

Tive o (enorme) prazer de ouvir, ditas em 1ª voz (a sua) as palavras que refere. Tive o prazer (imensurável) de acompanhar a leitura de textos que nos apelam à luta pela liberdade e pelo direito de estarmos e sermos verticais.
Tenho o prazer de continuar a seguir o rasto do seu pensamento e da sua palavra e o desejo de que, a mesma, permaneça lúcida, poética e oportuna, sempre.
E que seja de protesto, sempre, como ao caso! Desde que a ele haja lugar, que não se calem vozes como a sua. E aplaudo "de pé".

Bem-haja
Mel

Anónimo disse...

Quando foi necessario salvar, primeiro, os bancos americanos, não me lembro de ter ouvido falar de agências e rating...

Agora -- Era preciso reiterar a principal fraqueza da europa? -- tal como no passado recente, na Europa a crise é de liderança e incapacidade de fazer seja o que for para além de decisões unilaterais dos países de uma certo Directório...

Prpporciona ganhos atacar o Euro? -- Força! Vamos a ele...

Um abraço

A.S. disse...

Meu caro,

A palavra é uma arma!
É chegada a altura de todos libertarmos as palavras que tentam sufocar-nos na garganta!!!

Um abraço fraterno
AL

Joaquim do Carmo disse...

Neste chão, difícil é manter-se de pé!
"Esta Europa está à espera de quê?" -
De outra guerra que lhe avive a memória?!...
Um abraço

Gabriela Rocha Martins disse...

vamos ,como dizia no post anterior ,pintar de azul

a europa - pois claro - mas não esta?



.
um beijo

Mar Arável disse...

Estimada Gabriela

O texto não aponta geografias

nem memórias

Fixa-se neste chão
com outros olhos

Bj

Sofá Amarelo disse...

A europa ( com letra minúscula) bateu no cimo, a partir daqui a queda será abrupta, perante a emergência de Brasis, Chinas e Índias... mas em especial de deslumbramentos e más lideranças...

Anónimo disse...

a europa está à espera que as pessoas se levantem... beijinhos.

© Maria Manuel disse...

excelente texto sobre o estado das coisas neste pedaço geográfico que ainda chamamos Europa. concordo contigo. e preocupo-me.

abraço.

Laura Ferreira disse...

E eu assino em baixo!

maré disse...

é preciso a lucidez de um olhar pragmático

e vontade na ilharga

sempre de pé com um vulcão na voz

L e n a disse...

So com GRITOS destes se pode la chegar...

beijos...