SOLTAR OS PÁSSAROS
Os cães choravam em silêncio
e eu não sabia porquê
Pensei no pobre limoeiro a afundar-se
lá onde nidificam toupeiras
ao entardecer
na estrela persistente
que viceja à noite no portão
nos olhos claros de um certo azul
que ilumina a casa
no desfolhar ensombrecido
das roseiras
Vasculhei tudo
invadi searas proibidas
até ao mais íntimo da pele
pó, sombras, sonhos
Perguntei-te - quando desaguas?
e tu desaguaste à janela
a marejar entristecida
e eu não sabia porquê
Foi quando os cães se levantaram
para soltar os pássaros
Talvez surrealismo. Não, rótulos para quê? Surreal ou qualquer outra coisa, mas belo.
ResponderEliminarGostei mesmo.
ResponderEliminarGrande abraço.
Permito-me destacar:
ResponderEliminar"Vasculhei tudo
invadi searas proibidas
até ao mais íntimo da pele
pó, sombras, sonhos"
Um abraço.
O desaguar é uma figura metafórica e eu interpretei isso como um acto de liberdade, o soltar dos pássaros, o desaguar... Não sei se estou certa, sei apenas que gostei imenso do poema e este é um daqueles que gostava de ter sido eu a escrever!
ResponderEliminarBeijinhos
Porque sobre este poema voa a liberdade.
ResponderEliminarMuito bom.
Sabe que isto lembrou tanto um sonho que tive esses dias? É como passear em lugares nunca pisados, mas há muito conhecidos.
ResponderEliminarTudo no seu tempo.
beijos
lindo
ResponderEliminarJokas
Paula
O voo e as asas(do desejo).
ResponderEliminarBelíssimo poema.
Estruturalmente irrepreensível.
Parabéns.
Saudações
Gosto dos teus versos. Assim, só por que gosto!
ResponderEliminarO ritmo, o encontro das palavras com os sentimentos, as metáforas...
"...E tu desaguaste à janela
a marejar entristecida..."
Um beijo
desaguar é um verbo muito bonito que gostei de encontrar nestes seus dois últimos poemas. e neste a presença dos cães também me agrada. um grande beijinho.
ResponderEliminar..."foi quando os cães se levantaram"...
ResponderEliminarPois é, também "TODOS NÓS" nos temos de levantar... para correr com os "abutres"... que nos sugam, quotidianamente... o sangue...
Ab. - EL.
Encontro-me em cada verso
ResponderEliminar...perdida.
Olá,
ResponderEliminarMuito interessante o poema. Nele encontro expressa a liberdade de ser, ultrapassados todos os impedimentos.
Bjs,
Manuela
um dia ainda me hás.de ensinar a poetar ,certo?
ResponderEliminar.
um beijo
Mar Arável,
ResponderEliminarEm cada poema, encontro imagens marcantes e belíssimas.
...e tu desaguaste à janela
a marejar entristecida...
Lindo, mais uma vez.
Um abraço
Querida Gabrela
ResponderEliminarPoetar?
Como te posso ensinar?
Limito-me
Bjs sempre
Poeta,
ResponderEliminar_______ sublime ________.
.sempre.
um sorriso :)
mariam
Liberdade bem cantada
ResponderEliminar:)))
Muito bela imagem. Senti-a como passagem da imobilidade à acção, esta representada pelo soltar dos pássaros...
ResponderEliminarUm abraço :)
É lindíssimo, quer este, quer os poemas que o antecedem.
ResponderEliminarImagens, metáforas, figuras de estilo de uma riqueza rara, impressionante.
Palavras com som de rio e de suspiro, entre outros ...
Pura e simplesmente extraordinário!
Searas proibidas nunca as havrtá para quem escreve assim poesia...
ResponderEliminarUm excelente final de semana, Amigo!
Um estranho ritmo cheio de encanto nas palavras, essa arte de soltar pássaros...
ResponderEliminarUm beijo
Chris
A voar...
ResponderEliminarPássaros e corações.
tua poesia é sempre bela...
ResponderEliminartems aquela maneira, aquel estilo particular que sabe encantar até o fim.
optima semana !
Beijos
às vezes a casa tem sombras
ResponderEliminarque só as asas agitam.
às vezes as pétalas desaguam
em lençóis de azul entristecido
às vezes... não sabemos da tristeza das flores.
_______
um beijo Eufrázio
Invade-me uma espécie de nostalgia... talvez seja da intensidade desta paisagem maior, onde as palavras são montanhas muito mais altas...
ResponderEliminarBeijinho, a olhar para cima!
É sempre um cobertor para a alma voltar aqui.
ResponderEliminarContinue, para nosso deleite e regozijo, esta sua lavoura náutica.
Abraço e bom fim-de-semana.
Os cães soltaram os pássaros e o poeta soltou as palavras.
ResponderEliminarUm belíssimo poema, amigo.
Beijos.
Como já outras vezes disse, venho cá muito mas comento pouco. O que é que se comenta sobre a alma dos outros?
ResponderEliminarContudo, às vezes, não se pode resistir, quando o que se lê é como este Soltar os Pássaros. Por isso aqui deixo esta nota, simples, apenas para dizer que os dias em que as palavras saem assim, deviam ser marcados a azul no calendário e decretados como feriados nacionais.
Um abraço e obrigada.
... que voaram rente à janela onde ela desaguara marejando.
ResponderEliminarEm cada bico, levavam uma lágrima. Em cada lágrima, uma resposta muda de amor impossível.
Belo, o poema.
Tão belo, que mais palavras estragariam...
ResponderEliminarBeijo
os seus pássaros são eternos....ma magia do pasto de uma imaginação onde os cães nos abrem a porta do tempo.
ResponderEliminarabraço amigo. sempre.
Isabel
ResponderEliminarOs meus pássaros são eternos?
Tenho que lhes dizer.
Abraço amigo
tambem para os seus
Por hoje
ResponderEliminarsó a minha saudação...
Abeleza, fica comigo..
beijo meu
Incomentável. Incomensurável. A transbordar das palavras. O teu poema.
ResponderEliminarAdorei o seu blogue e o texto!! Voltarei. Beijos
ResponderEliminaros cães são senhores de uma sabedoria antiga. antecipam o voo dos pássaros.
ResponderEliminar... em boa medida a sabedoria dos poetas. que antecipam o tempo.
^("Cães como nós" - disse outro grande Poeta )
belíssimo, meu Amigo.
Esses teus cães prenunciam liberdade. Eles e os pássaros que povoam os teus poemas, como arautos de outros tempos. Muito belo.
ResponderEliminarapenas para deixar um beijo em véspera de feriado e novo mês
ResponderEliminar.
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dizem que vai haver natal ... dizem!
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ResponderEliminarEnquanto presos os pássaros, haverá sempre um choro sentido...
Lindíssimo o seu poema!
Beijos de luz e o meu carinho...
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e então os cães levantaram-se, voaram os pássaros, essas asas de liberdade... belo!
ResponderEliminarPor fim os conheço! :)
ResponderEliminarMerecedores de todos os horizontes guardados,
desaguam nos passaros,
na impossibilidade do vôo.
Gostei muito.