sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O CHÃO DOS BARCOS




Lá fora os céus liquefeitos
tombam abruptos
dividem-se nos telhados
estatelam-se nos teus olhos

Apócrifas aves quase divinas
em poses magestáticas
lançam arrufos de ternura
desfolham-se infinitas
em silêncios sibilinos
de asas ventos e remos

Lá fora os céus coados
fingem que são chuva
e eu debruço-me
a meio da ponte
só para ver a água deste rio

o chão dos barcos



27 comentários:

  1. "Lá fora os céus coados/fingem que são chuva/"______lindo.

    Magnífico poema, metáforas líquidas... palavras que navegam no mar de poesia que és.


    Beijo meu

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  2. Magnífico! Um espanto de metáfora.
    Porque os barcos, os teus barcos, terão sempre os "pés" bem assentes.
    Viva a poesia!
    Um abraço

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  3. Uma foto lindíssima, com não menos belas palavras! Gostei imenso...beijos.

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  4. "lá fora" o poema cria formas fidedignas ou prolongamentos "de dentro"


    de TI



    .
    um beijo

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  5. Eu nem vou dizer nada, quem sou eu para analisar tão belo poema? Gostei e muito!...A situação chuvosa que vivemos é bastante inspiradora!...
    Um abraço,
    Manuela

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  6. Uma chuva de metáforas, estrelas cintilantes num poema estrondoso. assim a tempestade implícita.
    Bj

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  7. lavrador de chão(s) maduro(s). e semeador de palavras belas...

    abraço, Poeta.

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  8. Aqui dentro
    recebo "arrufos de ternura"
    desfeitos

    Aqui dentro
    "debruço-me"
    para te ver
    reflectido
    nas águas do rio

    princesa

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  9. ... por temor ou qualquer outra razão que não estava interessado em explicar a quem lhe perguntasse, nunca confiara em pontes de tal natureza.
    Preferia, de longe, ter os pés bem assentes no chão... dos barcos.

    Ontem, encontrei-o em Cacilhas e brinquei «Então desta vez com os pés bem assentes no chão... do chão?» Retorquiu num fósforo «Então você não sabe daquela forma de dizer "que andamos todos no mesmo barco" tenha ele chão navegável ou chão de terra batida?»

    Este homem desarma-me sempre com os seus repentes cheios de lógica popular. E ninguém o convida para a tripulação deste complicado navio. À beira-mar ancorado...

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  10. Deitamo-nos no chão dos barcos para ouvir o silêncio das águas...
    Um belo poema, Amigo.

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  11. nesta tarde de outono, leio e releio vários grandes poemas deste blog que é um exemplo de serviço público...

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  12. Poeta com Dom nas palavras...

    Beijos.

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  13. Embarcamos nos sonhos,
    atracamos na Vida,
    pela mão de um(a) Amigo(a)!

    Assim me sinto quando te leio.

    Esta noite podemos dormir mais uma hora, com a mudança da hora;
    pois aproveito essa hora a mais, para visitar os meus amigos da blogosfera, que ando em falha.

    Beijinhos.

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  14. este chão dos barcos
    tão liquido da marés cheias.
    debruço-me sobre este rio sobrevoado de aves e arrepios na pele.


    ______

    daqui, da ria, um beijo Eufrázio

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  15. Tienes un blog precioso.. es un gusto pasar por tu espacio y disfrutarlo.. te sigo para poder visitarte con mas continuidad..

    Un abrazo
    Saludos fraternos..

    Suerte en esta semana que inicia...

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  16. "Os céus coados fingem que são chuva" é uma das tuas mais belas imagens.

    Uma feliz semana.

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  17. um belo poema atravessado pelas águas onde fluem imagens poéticas.

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  18. Deitei-me no chão destas palavras e caíu-me a chuva no rosto.

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  19. e nesse chão eu agradeço o imenso abraço!





    sempre a admirar quem assim escreve.




    beijoooooooooooooooo.



    imf.
    (grata)

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  20. Belíssimo poema

    A fúria dos Elementos também favorece essa mistura tão querida dos apaixonados: hipersensibilidade e enlevo.
    Belo.

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  21. Excelente expressão poética "o chão dos barcos"

    Apaixonante...o poema!

    Beijo

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  22. Navegar com as palavras, com as imagens, com os sentidos e transformar essa leitura num prazer.

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