Enquanto aquele anjo permanecer nas areias, bem pode o vento soprar
- O cão ou o velho?
Lentos, tropegos, com os pés a tracejarem os caminhos de sempre, todos os dias aquelas almas percorriam memórias.
O cão - mais velho que o dono - era o guia, a sua bengala de cego.
Pela orla da praia, desde a gruta onde viviam até à colossal duna, abrupta sobre as águas, as aves marinhas mergulhavam a pique e esbracejavam só para os salpicar. Lá íam - serenos - livres - sem palavras - imensos.
No ar o sussurro dos silêncios embalava-lhes os passos num concerto de maresias.
Chegados ao topo da montanha era sempre assim - o velho afagava as orelhas do cão e o cão lambia-lhe as mãos.
Sentados - respiravam infinitos - o perfume das algas - adormeciam no tempo.
Ao longe, muito ao longe - alguém de um barco bramou
- Fuja - a duna vai desmoronar-se.
Imperturbável respondeu baixinho para não acordar o cão.
- A duna sou eu.
Verdadeiramente belo :)
ResponderEliminarFiquei a pensar sobre... também...
...E permaneceu de pé,estático e firme como um rochedo, até que o cão acordou e juntos prosseguiram a jornada.
ResponderEliminarBelo como sempre.
Abraço
Estou voltando de Fortaleza, onde vi dunas assim. Faltou o cão. Não faltou a vontade de gritar: A duna sou eu!
ResponderEliminarAbraços.
Que beleza!
ResponderEliminargostei bastante!
ResponderEliminarQue bonito!
ResponderEliminarGostei muito da ideia: a duna sou eu!
:))
No ar o sussurro dos silêncios embalava-lhes os passos num concerto de maresias.Belíssima a imagem poética.
ResponderEliminarÉ um prazer passar por aqui.
Um abraço
lindíssimo!!!
ResponderEliminarsem mais comentários.
beijo.
Um poema surpreendente e belo!
ResponderEliminarUm abraço.
... Belo!...e eu que estou a caminhar para ser DUNA!!!
ResponderEliminarAB. - EL
Adorei! [gosto de belas palavras, enfim]
ResponderEliminarBeijo meu
Sem palavras.
ResponderEliminare a leitora sou eu. e saio encantada!
ResponderEliminarBom poema meu caro duna.
ResponderEliminarera sim. a duna! sem margem para dúvida.
ResponderEliminaraí estás tu testemunhar. em palavras certeiras.
belíssimo.
abraço
hercúleo
ResponderEliminaro resistente caminho
e as palavras a desbravar a montanha
_____
que dizer-te daqui desta praia?
sem cão
.
ao longe um bradar de silêncios
impressionante
ResponderEliminara força anímica que as tuas palavras "transpiram"
sejamos um pouco mais cegos ,a fim de vislumbrarmos a luz......
.
um beijo
Múltiplas sugestões neste belo texto.
ResponderEliminarUm abraço
Sentados-, respiravam infinitos e embalavam dunas...vejo-os eu.
ResponderEliminar:) um beijo
Posso ser também?!
ResponderEliminarbeijos
Como se já não se distinguissem da paisagem. Belísimo. **
ResponderEliminarOlá
ResponderEliminaramei o teu blogue!
A sério!
bgda pela tua visitita
desgrenhado, só o meu cabelo mesmo!
O mar desgrenhado assusta-me um pouco!
Prefiro-o em calmaria!
Para não ter que me zangar com ele! Porque eu gosto-o...E quando se desgrenha...é um cadito mauzito, não achas!?
Besito em tu
Eufrázio,
ResponderEliminar_____ BELÍSSIMO!_____
... percorrer as memórias...
um grande abraço e o meu sorriso :)
mariam
bom dia duna....debaixo do sol.
ResponderEliminarabraço.
.
(sem acordar a montanha....agradeço)
É sempre bom ler a tua sensibilidade, Amigo.
ResponderEliminarBeijos.
Belíssimas palavras !
ResponderEliminarBela parábola. Somos todos tão frágeis como uma duna. Como uma areia que o vento carrega daqui para ali.
Para quê tanta e tão desmedida
ambição de alguns ?
Um vento vai varre-los para sempre do cimo da terra.
Assim o povo queira.
Um abraço e parabéns.
Nocturna
a sensibilidade à superfície como se arranhasse a pele da alma... a poesia pode compreender-se , mas só alguns a desenham...
ResponderEliminarabraço
... pior cego é aquele que não quer ver.
ResponderEliminarLamentável, o do barco, não distinguir uma duna dum velho ou um velho duma duna ou ambos num só. Felizmente que o autor deste belo conto, pôs as palavras certas na boca de quem é quem.
Gostei muito do seu blog!
ResponderEliminarDe vez enquando irei passear à beira deste mar.
Gostei como sempre.
ResponderEliminarGosto muito, em prosa.
Um beijinho.
Muito bonito, mesmo.
ResponderEliminarSomos dunas...
Cão e velho, fazem parte dela. Quase duna fóssil. Muito belo este texto.
ResponderEliminar...porque somos algo que ninguém conhece...ou que não quer dar a conhecer!bjs
ResponderEliminarUm texto lindo, como so tu sabes escrever..
ResponderEliminar"E a duna sou eu.." gostei do fim.
Bjos
que belissimo texto.
ResponderEliminarvou voltar
xi
maria de são pedro
Que lindo poema!
ResponderEliminarEntranha-se na alma.
Seria óptimo que
...Nem nem outro
- Eu!
Bengala que subtitui o cão
Ave que rodopia e
te salpica
Concerto que afaga
o silêncio das marés
...
Apetecia me subir à duna
contemplar aquele barco longe
E sentir aquele vento...
princesa