Olho-te como se fosse a primeira vez
Na verdade a água
corpo líquido de mulher
tem segredos escondidos no fundo das pedras
alimentos de fogo
talvez uma praia onde se fundem
areias e lábios
um piano de luzes
que determina o tempo das estações
Ainda bem que tens ilhas selvagens
sinais apócrificos que se desnudam
em gestos simples
no pestanejar de uma vírgula
Na verdade a água sabe rir e chorar
no espelho das próprias lágrimas
no rumor das maresias
e eu descobri uma vez mais
que tens póros por onde respiras
silêncios escarpas por onde escorrem salivas
que te ergues e desmoronas
abrigo e mensageira
te desprendes do chão
ou hibernas nos corais
Que bom ainda hoje
partilhar contigo este despertar
aprender vida fora a descobrir-te
como se fosse a primeira vez
deixar por um instante
a outra água
para os peixes se moverem
Curioso! Estou a ler Luandino e fixei-me numa utilização frequente do verbo pestanejar. Achei muito interessante. E agora, aqui, reencontro-o. E gostei.
ResponderEliminarPara além da riqueza metafórica, gravei a contraditória simplicidade (e verdade boa de sentir e de dizer) de quatro versos:
Que bom ainda hoje/partilhar contigo este despertar/
aprender vida fora a descobrir-te/
como se fosse a primeira vez.
Um abraço
poesia... tem sempre outra linguagem.
ResponderEliminarÉ tão difícil saber olhar e ver sempre, todas as vezes que se olha, como se se visse pela primeira vez.
ResponderEliminarMas é possível, assim li no teu poema...
Na verdade a água - o mar, a onda...
ResponderEliminar... e descobrir-te sempre como se fosse a primeira vez...
Na verdade, às vezes fico em perfeito estado líquido...
Obrigada!
Belíssimo!
ResponderEliminarsem pestanejar li, e gostei.
ResponderEliminarUm abraço.
Belíssimo!
ResponderEliminarE com destinatária...
dias
ResponderEliminarem que
das mãos
olhos virgens
líquidos
águas
~
Olhar com o coração
ResponderEliminaré do que fala o teu belíssimo poema
do amor que só o coração sabe falar.
E
muito bem escrito metafóricamente
embora eu disso não entenda muito, apenas o suficiente :)
Um beijo
grande
Indispensável aprender a redescobrir, para que o amor não se afogue nos traiçoeiros pegos da rotina: gostei!
ResponderEliminarPenso que sabes do acontecido a Montecristo, não?
Feliz semana para ti.
olhar como se fosse a primeira vez é dom de poeta.
ResponderEliminargostei muito da imagem da água como corpo líquido de mulher.
um abraço.
É o amor?
ResponderEliminarSó pode...
:)
Viva! vim agradecer a sua presença na minha festa e informar que tem lá a resposta por tão amável visita.
ResponderEliminarQuanto a este poema...é por demais belo!
Se assim fosse com todos, o Amor jamais se afastaria da rota certa!
Deixo um abraço sentido
Mariz
Voltei para falar das minhas gentes, da minha terra, das memórias vivas e reais que perduram na minha alma e no meu coração.
ResponderEliminarBeijinhos
Autêntico hino à mulher
ResponderEliminarGostei muito do poema
e da essência
Essência que inalei
muito a meu jeito
Enquanto Mulher
deliciei-me
ao sentir-me
"água"
"praia..."
"ilha..."
"...piano de luzes"
"abrigo"
"mensageira" ...
...do possível
após hibrenação
entre "corais"!
princesa
"Ainda bem que tens ilhas selvagens"
ResponderEliminarUma ilha tem tanto para descobrir e o poema dá-nos conta desse desejo.
Um abraço.
Descobrir o mar... Descobrir a mulher...
ResponderEliminarViver tudo ou, pelo menos, o importante, como se fosse a primeira vez... é preciso! :)
ResponderEliminarBoa semana de fim de Agosto!
Que bonito poema.
ResponderEliminarE eu estava para aqui a pensar como foste parar ao meu blogue, mas já vi aqui "caras" conhecidas...
Vou-te linkar, que é mais fácil.
Beijinhos, volta sempre.
A poesia é, tal como o ser humano, sempre uma permanente descoberta.
ResponderEliminarGrata pela partilha deste belíssimo poema. Vou reler.
Fraterno abraço
Mel
Belíssima linguagem poética. Uma delícia para ler.
ResponderEliminarÁgua e mulher, um paralelo que por entre os dedos vai e vem.
ResponderEliminarBelo!
Bj.
Tive o meu primeiro SELO!
ResponderEliminarBeijinhos.
Nada mais belo que um amor que se renova e é capaz de se traduzir assim em palavras.
ResponderEliminar~CC~
Olá!
ResponderEliminartão lindo! lindo!
sou Mulher. Obrigada p'la sua sensibilidade.
fiz um pequenino hiato, de dia e meio nestas férias, regressei à "base" e à net, sigo amanhã para Madrid e Saragoça, vou à EXPO (apenas 3 dias), depois Castelo branco, quando voltar em meados de Setembro, vou ler tudinho com calma, agora vim só dar um abraço
e um sorriso :)
ah! nem de propósito a Expo ... é Água!
que bom ainda hoje!
ResponderEliminarternura, amigo e alguns condimentos
abraço
luísa
como persistes na arte de relevar a ESCRITA
ResponderEliminarretomo.te ,pontualmente ,no meu regresso
[pós férias]
com
.
um beijo
água para mergulhar. e descobrir a beleza dos seus reflexos.
ResponderEliminar... e outra(s água(s) para "os peixes se moverem"!
o poema faz a subtílissima diferença.
Excelente, Poeta maior.
abraços
Fascinante. Belo bailado de palavras.
ResponderEliminarPorque é sempre a primeira vez.
Cada momento é único e irrepetível.