sexta-feira, 11 de julho de 2008

MÃE


pintura de Almada Negreiros

Uma vez mais acordei

a respirar por guelras

para surpreender os pássaros marinhos

que remam contra o vento

a sombra pendente das árvores

que escuta o chão

nesta vereda de peregrinos



Se a morte existisse

os teus olhos clarinhos

não seriam tão azuis

nem se demoravam

tão andarilhos

nos meus



e só tu sabes porquê

minha mãe

15 comentários:

  1. e só tu sabes porquê

    minha mãe


    Quando a Maria Teresa Horta resolver (re)publicar o livro sobre a mãe na literatura, tem que fazer referência a este comovene pedaço de escrita...

    ResponderEliminar
  2. Pungente, comovente e apaziguador, o teu poema. Então para uma mãe...

    ResponderEliminar
  3. porque existem razões ocultas que apenas os olhos de uma mãe conseguem entender...

    Belo, muito belo este poema.

    Abraço
    Mel

    ResponderEliminar
  4. Comovente o poema e a pintura do Almada. Um abraço.

    ResponderEliminar
  5. Abençoado ventre
    que acolheu
    e foi esculpindo
    tamanho talento poético!
    Parabéns à Mãe
    baú de memórias
    e segredos
    deste Romeiro
    que tantos seguem
    e admiram!

    princesa

    ResponderEliminar
  6. as mães sabem tudo. dos filhos...
    "doi" de tão belo e comovente, sabes?

    abraço

    ResponderEliminar
  7. e assim se re criam as palavras
    onde os andarilhos se escondem

    ao escrever

    BELO


    .
    um beijo

    ResponderEliminar
  8. Dançam sempre aqui estes olhos azuis, agora com mais um nome, talvez o primeiro.
    ~CC~

    ResponderEliminar
  9. A tua Mãe, a minha Mãe, as nossas Mães.
    Obrigado.

    ResponderEliminar
  10. Belíssimo! Comovente! Se calhar porque sou mãe, também. Ou então porque também sinto os olhos da minha mãe que "se demoram andarilhos nos meus".

    ResponderEliminar
  11. se algum dos meus filhos disser uma coisa assim de certeza que origino um novo oceano de tanto chorar...

    ResponderEliminar
  12. ah! este tocou num ponto fragil...
    vou dizer-te um segredo, Mar:
    emociona-me tanto, mas tanto, a ternura de um filho homem para sua mãe.
    tão lindo este tesouro de poema.
    e a tela de Almada Negreiros, outro tesouro.
    um imenso abraço, mar!

    ResponderEliminar