Lá em cima no mais alto
entardecer dos últimos ninhos
as pedras
num sopro de alvoradas
assumem o coração das aves
erupções de asas
e das suas entranhas correm
lavas vertilíssimas
pelos nossos lábios
uma certa navegação de símbolos
em carne viva
ao rubro pelas vertentes
e o ar que se respira a si mesmo
promete um silêncio profundo
em anfiteatro
onde só os pássaros sem amos
crescem em coro sibilino
Lá em cima no mais alto
entardecer dos últimos ninhos
o frenesim da paisagem
exalta-se em vertigens passageiras
precárias definições
como se os melhores caminhos
não estivessem vivos
nos desertos conhecidos
por debaixo das areias
quase à tona
gloriosos,nómadas,tatuados
silvestres
Aromas fortes, telúricos.
ResponderEliminarAbraço.
"Lá em cima no mais alto
ResponderEliminarentardecer dos últimos ninhos" silencio a voz para não profanar a beleza do poema.
Um abraço.
"Lá em cima no mais alto
ResponderEliminarentardecer dos últimos ninhos"...
existe sempre o mais alto que se busca num "frenesim da paisagem" e uma constante incredulidade no trilho "dos desertos conhecidos
por debaixo das areias"
**
Sempre um prazer viajar neste mar de mão cheia.
Li e reli... vou ler de novo!
Grata
Mel
Sempre me pergunto - e respondo - donde vem essa canção da terra que à terra volta, em pés descalços.
ResponderEliminarAbç
Um prazer, como sempre. Deixa-me na boca o sabor dos movimentos cósmicos que determinam a vida, o fogo, a paixão e o entardecer.
ResponderEliminarUm beijo
e o ar que se respira a si mesmo
ResponderEliminarpromete um silêncio profundo...
"Lá em cima no mais alto
ResponderEliminarentardecer dos últimos ninhos
o frenesim da paisagem
exalta-se em vertigens passageiras
precárias definições"
mas aqui nada é precário.
antes o discurso silvestre de quem sabe.
ver.
_________________beijo. grato.
Que lindo poema... pulsante, fez vibrar meu âmago ancestral, minhas raízes, minha cor.
ResponderEliminarE estão vivos os caminhos,à espera de um golpe de asa, de um voo picado.
ResponderEliminarcomo se....
ResponderEliminarcomo se.
..
x
Poderemos titular, estas palavras, como sendo "O Poder da Natureza"?
ResponderEliminarAbraço
lá em cima, no mais alto livro, o poema que aqui escreveste. adorei também a ilustração :) um beijo*
ResponderEliminarbelíssimo poema silvestre!
ResponderEliminarhá muito que não te lia
ResponderEliminartão
BELO
.
um beijo ,ainda sem café
pássaros sem amos... em sopro de alvoradas!
ResponderEliminarcomo um grito de vermelho e negro (in)esperado...
belo, Poeta!
abraços
Me recordo da minha cidadezinha como um lugar de infância chapinhada, um lugar onde o próprio tempo transpirava.
ResponderEliminarO mar não nos tocava apenas como margem do nosso pequeno mundo.
O mar vinha de baixo, fluía entre os poros da terra, como um suor imenso.
E tanto éramos feitos de líquido que ainda hoje eu creio não ter terra-natal.
A Beira é minha água-natal.
Assim escreve o Mia Couto e eu assino por baixo, concordando.
Bom fim de semana.
Bons banhos de praia ou de rio.
Ao rumor das palavras laceradas e ferozes junta-se a simbologia inquietante da fotografia, para nos monstrar, com a clareza inerente ao poeta, que os melhores caminhos podem estar substerrêneos.
ResponderEliminarBelíssimo
Em consonância com a terra. Muito belo.
ResponderEliminarBelissimo...
ResponderEliminarParabéns.
http://desabafos-solitarios.blogspot.com
Aqui de cima
ResponderEliminaravisto todo o deserto
Desorientada
contemplo
um ou outro oásis
perdidos
na imensidão
Desorientada
rebusco
símbolos e convicções
...
o último ninho
que deixei
para além do deserto...
princesa
Estudei o acordo ortográfico.
ResponderEliminarBoa semana é o que lhe desejo.
não só a imagem é linda... teus versos?! belíssimos!! Valeu, mesmo!!!
ResponderEliminarum abraço fraterno.