quinta-feira, 22 de novembro de 2007

ÁGUA EM VEZ DE CHUVA

renoir










São cabelos em tranças

velocíssimos rios suspensos

esta chuva magoada



que se desprende

no declive da aragem

e nos afoga



ou somos nós

de tanto olhar

em pleno voo



a respirar um sono profundo

enquanto o musgo cresce

e nos invade a fala



no preciso momento

em que inscrevemos no corpo

palavras infinitas



raios de luz

vestigios de incêndios

que apodrecem nos teus cabelos



ou somos nós

esta chuva incolor



com vergonha de ser água








13 comentários:

  1. Deixo-te beijinhos, desejo-te uma boa noite e digo-te, gostei muito do poema.

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  2. Belíssimo como habitualmente.
    Gosto especialmente de "esta chuva magoada que se desprende no declive da aragem e nos afoga...".
    Tal como nós que muitas vezes também nos afogamos no declive da vida...

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  3. havia ainda restos

    duma água mais clara

    mais chuva

    mais

    desesperadamente

    molhando

    indecifráveis

    oásis

    na branca imensidão

    desértica


    ...



    ~

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  4. " esta chuva incolor/ com vergonha de ser água!"

    Tinha saudades de ler a sua poesia...

    Perdi os contactos dos links.

    Obrigada por ter- me visitado.

    Bom fim de semana.

    Beijo

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  5. Quem anda à chuva - mesmo belíssima, como esta - molha-se.

    O que não é mau, pois só a água lava, regenera e vivifica.

    Que poema escreverás quando, um dia, os senhores doutores (a velha nobreza reciclada, o feudalismo disfarçado de democracia) privatizarem a própria chuva?

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  6. belíssima esta água.


    __________________


    bom fim de semana.

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  7. É o primeiro poema que leio, mas não será nem o único nem o último!!
    Por favor, coloque hoje no blog
    ABAIXO A VIOLÊNCIA DE GÉNERO :HUMANIDADE NÃO TEM SEXO!!
    Bom domingo!

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  8. ou somos nós
    esta água de olhos
    - incolor de ser vergonha....




    ..

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  9. Adorei respirar esta tua chuva

    mesmo envergonhada. Estes salpicos

    de água feitos vida .

    Um beijinho

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