ceifeira/tribosdegaia
Cheias de terra e sol
as tuas mãos
sobre o ventre em festa
de searas
têm o perfume das papoilas
Quando faz vento
um mar de cabelos desgrenhados
voa campo fora
fulvo na transparência dos teus gestos
cresce o pão
nas nossas bocas
e os teus olhos dulcíssimos
mostram
como se move a sombra das azinheiras
todo o corpo
todo o corpo
Cada fruto semeado
pare uma multidão
e nós cantamos
aqui
em todos os póros da palavra
neste chão
Cheias de terra e sol
as tuas mãos
sobre o ventre em festa
de searas
têm o perfume das papoilas
Quando faz vento
um mar de cabelos desgrenhados
voa campo fora
fulvo na transparência dos teus gestos
cresce o pão
nas nossas bocas
e os teus olhos dulcíssimos
mostram
como se move a sombra das azinheiras
todo o corpo
todo o corpo
Cada fruto semeado
pare uma multidão
e nós cantamos
aqui
em todos os póros da palavra
neste chão
Entre a terra e o corpo - a visão do poeta.
ResponderEliminarMãos... ventre... seara... papoilas... neste chão
ResponderEliminarA vida assim cantada é muito mais bonita!
gostei tanto... acho que foi o meu poste preferido de sempre no teu blogue... adorei o "cresce o pão nas nossas bocas"... a partir daí nem me apetecia ler mais, mas conseguiste levar o poema até um outro fim...
ResponderEliminare "todo o corpo, todo o corpo" fez-me lembrar o "pouca terra, pouca terra" das canções da infância...
chão de vida.
ResponderEliminare as palavras, férteis, brotando de rios primordiais.
um abraço
aquilária
cantar os póros das palavras.
ResponderEliminaralter adas :)
beijO
Do chão se ergue a seara, da seara se desprendem os frutos. A vida respirando pelas palavras.
ResponderEliminarUm poema fértil.
A imagem da ceifeira ainda é um mistério nos campos de trigo... porque tudo começou com o trigo e com o pão. Só depois nasceram outras necessidades, que se calhar nem são necessidades, são apenas o artificialismo das anti-vidas que levamos!!!
ResponderEliminarpalavras belas. de um grande Poeta.
ResponderEliminarabraços
Levantado do chão o pão da palavra.
ResponderEliminarEstou de volta!
ResponderEliminarMuito obrigada pelas visitas na minha ausência!
Beijinhos e bom fim de semana!
verde linho branco.
ResponderEliminarsombra fruto póros.
belo que te escreves...
do corpo ao pão
ResponderEliminare do pão ao corpo
das
palavras
Lindíssima comunhão entre o corpo, a terra, o amor, o pão.
ResponderEliminarCaso de amor que alimenta e encanta.
beijos
"cresce o pão nas nossas bocas" sabe bem! Sabe muito bem!
ResponderEliminarOlá
ResponderEliminarA imagem uma beleza.
O poema também.
"sobre o ventre em festa das searas"
a terra como mãe fértil, a melhor imagem da terra, para mim.
" ... e os teus olhos dulcíssimos
ResponderEliminarmostram
como se move a sombra das
azinheiras..."
Ahh... Como este poema, mexeu nas minhas memórias...
e como respiram, estes póros da palavra, MAR ARÁVEL.
ResponderEliminarMas que lindo poema! Privilégio de quem consegue transpor emoções através de palavras simples, mas excelentemente encadeadas.
ResponderEliminarAo lê-lo, relembro as tardes em que minha mãe, com enorme satisfação, me fala da sua juventude:
"...naquele chão de terra dura
muito dura!...
Sob sol escaldante, na nossa planície alentejana...
As foices, ritmadas, deixavam para trás o restolho, rastos de suor e sementes das papoilas e demais flores silvestres...
As nossas mãos, doridas, cheias de carapetos, cheiravam ao pó das espigas do cereal loiro...
Algumas, de tão sofridas, sangravam!
Mesmo assim, de rostos escondidos, olhos brilhantes e lábios secos, cada ceifeira do rancho lançava
naquela terra dura
o seu punhado de trigo, cevada ou centeio...sempre ao mesmo ritmo.
Só a aragem nos deliciava quando nos percorria o ventre, o peito, a alma e tudo o mais!...
Naquele tempo, a vida do campo era dura,muito dura, tal qual a terra que pisávamos em cada ceifa!
princesa
" em todos os póros da palavra "
ResponderEliminarquando a palavra ganha vida,
toca-se e respira ...
são assim estas tuas palavras
orgânicas
vivas
!!!
Adorei
ADOREI a forma como escreves e dás vida à alma das palavras!
ResponderEliminarUm abraço com carinho*
Fanny
Nas searas... ondula o vento do porvir...talvez um amanhã da pão-papoila.
ResponderEliminarBeijo.
Olá Mar!
ResponderEliminarTão LINDO este Poema!
Gostei Imenso!
Beijinhos aqui do meu...do nosso mar!