quinta-feira, 17 de maio de 2007

MAR DE MIM

Contra o sabor do vento que faz
metemo-nos mar adentro por sobre as águas
no caminhar dos barcos
olhos postos
no incógnito porto de outros destinos
Inseguros neste chão de azuis
céus tresmalhados
nesta pátria de naufragos e outros amores silvestres
partimos
a rasgar vagas neblinas afetos
sem pausas
a namorar outros infinitos
no desejo de um barco
onde se possa subir os mastros
só para ver
onde nos consentimos
mar de mim
(Óleo de Théodore Géricault - A balsa de Medusa)

11 comentários:

  1. nesta pátria de naufragos e outros amores silvestres
    partimos

    este poema pode ter várias leituras, não sendo dispicienda a que pode resultar do estado de alma de grande parte dos portugueses.

    Hoje dia internacional dos museus fou bom encontrar aqui esta obra prima o Géricault.

    ResponderEliminar
  2. Também eu me sinto sempre a namorar os infinitos. Sempre novos infinitos.

    ResponderEliminar
  3. Quando de novo se começa a dizer.
    "Há só mar no meu País...",
    de novo sentimos que esse mar não é o mar que queríamos, o nosso mar.

    ResponderEliminar
  4. a favor do vento

    .

    mar adentrO


    .


    estrelas nos pés

    .

    ca-mi-nha-mos


    ...

    ResponderEliminar
  5. «Inseguros neste chão de azuis
    céus tresmalhados
    nesta pátria de naufragos e outros amores silvestres»

    Em poucas palavras uma imagem fortíssima de naúfragos que se calhar somos todos um pouco... andamos namorando infinitos e raramente encontramos o «mar de mim»...

    ResponderEliminar
  6. Um poema que reflecte o nosso presente, passado e futuro.
    Sempre na incansável procura de riquezas inventadas...

    Poema riquissimo em palavras...onde cada uma pode ter a sua tradução!

    Não menos belo o quadro de Géricault...onde se pode contemplar um naufrágio...muito semelhante á vivência do ser humano:
    Mar calmo... mar revoltoso...mar adentro!

    Abraço amigo da

    Maria

    ResponderEliminar
  7. "Romeiro" de mares e desertos por conquistar
    Do imenso e do ínfimo!
    "Romeiro em águas serenas ou revoltas
    Em areias finas e brancas
    Tu que vês para além do azul
    Tu que acolhes o infinito e projectas o indizível...
    Continua a "rasgar vagas neblinas afectos", pois as tuas princesas vão contigo!
    Parabéns por mais esta obra de arte!
    Princesa

    ResponderEliminar
  8. Mais um lindíssimo poema com o mar como pano de fundo, esse mar que está na alma portuguesa.
    Lembrei-me dos Lusíadas e de Pedro e Inês...

    Tens um desafio no meu cantinho. Quando puderes, passa por lá!

    Um grande beijinho.

    ResponderEliminar
  9. O poema está tão bem conseguido que a partir dele, sem alterar a estrutura das frases, podemos (re)construir outros. É uma questão de sensibilidade de cada visitante. parabéns!

    ResponderEliminar
  10. MARIA

    Mar de nós - é verdade
    Luis Galego

    A poesia por vezes só mas nunca isolada

    Inimaginável

    É bom ver para lá do alcanse dos olhos

    Jrd

    Este mar tem costas largas e disponíveis

    Un dress

    A cada mar seu vento

    Alexandre

    O que é raro é precioso

    Maria Valadas

    Cada palavra um mar de espumas

    Anónimo

    Agradeço princesa -aqui no meu castelo raso

    Angela

    Bem vinda a este mar

    Augusta

    Quando o mar se torna poema tudo
    é plasticidade na vida dos espelhos

    ResponderEliminar