Alguém apagou as luzes da sala que passou a brilhar
nos contornos dos objectos com a sensualidade da arquitectura
das sombras.
A sala assim despida de artifícios passou num ápice
a respirar por todos os poros, a crepitar por via do azinho
que dava alma à generosa lareira.
Num instante o clique do interruptor devolveu ao espaço
a dimensão da noite com lua cheia
o cântico dos animais com cio
o veludo poético das palavras de Eugénio de Andrade.
Na aparelhagem Daniela Mercury gingava o corpo e a voz
ao ritmo do samba, enquanto o Dik se deliciava pensativo
no último entrecosto do jantar.
Adivinhava-se o seu pensamento:
“-Se há-de ir para os cães.”
O Dik naturalmente surpreendido com a nova paisagem
de luzes e sombras, largou o osso, espevitou-se no sofá
pestanejou os olhos de esmeralda chinesa e viu aproximar-se
da lareira, patinhas erguidas e ternos miaus
a sua gata de peluche.
Docemente abandonou-se no sofá, lambeu os lábios, e assistiu
pela primeira vez a um bailado sedutor.
A gata tinha a dança no corpo.
Por vezes a vida surpreende-nos
e a capacidade de nos surpreendermos faz do barro vida
e da vida uma constelação de sonhos.
Adivinho que foi isto que o Dik pensou
enquanto punha mais uma acha na fogueira.
A gata – um belo exemplar escultural, distribuía afectos
estimulava afectos, tinha prazer em dar prazer.
Falava pelo movimento.
De costas para as claridades exibia-se ao ritmo
da música e do ondulado das chamas.
Olhos postos no Dik, despia-se
despia-se despia-se até ficar em pêlo.
Na verdade há dias em que um cão não é de barro.
O Dik ainda se recordou de um verso que o dono escreveu
no verão passado - “ há quem consiga agarrar a água em movimento.”
Assim fez a gata de peluche.
Os dois em uníssono e de corpos transpirados
ondularam até às cinzas.
Exaustos e doces aninharam-se, dormiram profundamente.
Abraçados, de bocas coladas. Eternos.
nos contornos dos objectos com a sensualidade da arquitectura
das sombras.
A sala assim despida de artifícios passou num ápice
a respirar por todos os poros, a crepitar por via do azinho
que dava alma à generosa lareira.
Num instante o clique do interruptor devolveu ao espaço
a dimensão da noite com lua cheia
o cântico dos animais com cio
o veludo poético das palavras de Eugénio de Andrade.
Na aparelhagem Daniela Mercury gingava o corpo e a voz
ao ritmo do samba, enquanto o Dik se deliciava pensativo
no último entrecosto do jantar.
Adivinhava-se o seu pensamento:
“-Se há-de ir para os cães.”
O Dik naturalmente surpreendido com a nova paisagem
de luzes e sombras, largou o osso, espevitou-se no sofá
pestanejou os olhos de esmeralda chinesa e viu aproximar-se
da lareira, patinhas erguidas e ternos miaus
a sua gata de peluche.
Docemente abandonou-se no sofá, lambeu os lábios, e assistiu
pela primeira vez a um bailado sedutor.
A gata tinha a dança no corpo.
Por vezes a vida surpreende-nos
e a capacidade de nos surpreendermos faz do barro vida
e da vida uma constelação de sonhos.
Adivinho que foi isto que o Dik pensou
enquanto punha mais uma acha na fogueira.
A gata – um belo exemplar escultural, distribuía afectos
estimulava afectos, tinha prazer em dar prazer.
Falava pelo movimento.
De costas para as claridades exibia-se ao ritmo
da música e do ondulado das chamas.
Olhos postos no Dik, despia-se
despia-se despia-se até ficar em pêlo.
Na verdade há dias em que um cão não é de barro.
O Dik ainda se recordou de um verso que o dono escreveu
no verão passado - “ há quem consiga agarrar a água em movimento.”
Assim fez a gata de peluche.
Os dois em uníssono e de corpos transpirados
ondularam até às cinzas.
Exaustos e doces aninharam-se, dormiram profundamente.
Abraçados, de bocas coladas. Eternos.
a constelação de sonhos a ser o quê a ser o quê.
ResponderEliminarclara-chama.
dias-de-ondulação... até das cinzas.
há dias em que por momentos se lê se decifra algures o milagre dos líquidos. ou
por segundos, sem nada que faça prever, não ter medo...
a.bra.çO :)