domingo, 18 de outubro de 2009

NA SÍNTESE DA TUA NUDEZ




As romãs estavam a abrir
em bagos vermelhos na tua boca

ao fundo a erva crescia desmesurada
por sobre a mesa e as cadeiras
onde sentamos os silêncios

quase todos

porque ainda reservamos passos
e asas na memória comprometida
bago a bago
folha ante folha
para não acordar os pássaros

Ali ao fundo vagueiam sem amos
madeixas de vento por um fio

Neste caminhar traço a carvão
nas paredes da casa
o teu corpo livre de sombras
desnudo-me com as romãs
na síntese da tua nudez

25 comentários:

  1. Quando me falam em romãs a água cresce-me na boca...porque também de romãs é feita a sensualidade! Gostei imenso. Beijinhos.

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  2. Um dos mais belos que li por aqui. [na injustiça, bem sei, da minha subjectividade... tudo o que escreves é belo!]


    Beijo meu.

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  3. Vou repetir-me, mas este poema é... belíssimo! Um arrepio nos sentidos...

    Beijos

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  4. A sensualidade das coisas naturais a perfumar o teu poema!

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  5. e eu sento-me à sombra desta nudez iluminada pelo compromisso de uma escrita "impositiva". como quem cumpre o ritual de prender os fios da ternura.Amiga.


    (até sexta?)

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  6. Despir-se em palavras, traduzir sentimentos, gestos de entendimento que seduz a alma e afasta as sombras.

    Lindo! :)

    bjs

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  7. Da síntese, das romãs, das sugestões, da vida.

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  8. Guardo sob os olhos pingos de comoção que daqui me chegam...

    - Até ao próximo poema -

    Beijinho

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  9. fico.me em leitura
    .atento.me na repatição do verso
    e gosto


    muito



    .
    um beijo

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  10. Não é só por falares em romãs ( como gosto delas!!)que acho o poema lindo, juro.

    Um prato de granadas para ti.

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  11. "Corpo sem sombras", como é difícil manter o nosso corpo assim.
    ~CC~

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  12. Fico impressionada como sai duma romã, tão lindas palavras..

    bjos

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  13. bago a bago. verso a verso. mordendo a vida.

    belíssimo, Poeta.

    abraços

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  14. Para quê palavras? As suas, sempre.
    Belíssimo.Bj.

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  15. ali ao fundo

    desmesura
    mente
    o teu corpo
    a enrolar-se em mim
    como uma asa
    que me amarra á tua nudez


    ______
    beijos Eufrázio, de maresia içada de moliceiros

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  16. Belíssimo poema, nesse caminhar entre memórias comprometidas de nudez...
    Bjs
    Chris

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  17. Iluminados são os corpos livres de sombras, sensuais, sobre adereços de romã...

    Muito belo.

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  18. A nudez das romãs, do corpo. O silêncio crescendo como as ervas. Um clima de sensualidade e encantamento. Muito belo.

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  19. Vim lá da Meg. Adorei este seu poema! Gostei da beleza das imagens e da liberdade das sensações.

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  20. Vim reler-te. Nunca cansa :).

    Beijo de boa noite.

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  21. ... foi a primeira vez que viu um corpo livre de sombras. Nu e feminino. Esfregou os olhos e a mesmíssima visão. Seria que com ele... Só havia uma maneira de o saber. Despiu-se integralmente e tentou descortinar alguma sombra de parte do seu corpo na parede do prédio onde se cruzavam sombras de gente comum e vestida. A mulher sem sombras sorriu enquanto o polícia o levava para a carrinha sem cerimónias. «Posso, pelo menos, levar as romãs?» perguntou esperançado ao guarda.

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