quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A SEDE DO ENTARDECER





Nem o mar sabia
entardecer
numa folha de papel

esculpir em síntese
a tua nudez

Nem o mar sabia responder
a tanto azul
nem eu sabia que tardavas
mas chegavas
chegavas chegavas
nunca mais acabavas de chegar
a tempo de plantar
uma árvore
que se desnudasse
folha a folha

Nem tu sabias senhora
neste deserto
a sede do entardecer


Eufrázio Filipe (2010)

19 comentários:

  1. A sede nao cessa, aumenta... a medida que a noite avança...

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  2. Olá, Filipe.
    Divino poema. Bela e abençoada inspiração que lhe chega, chega, chega...

    abç amg

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  3. Agradecendo seu carinho no Solidão de Alma e amando tudo por aqui...Lindo o poema postado, beijos

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  4. Bom dia Poeta,
    Magnífico poema!
    O mar (aparentemene distraído) sempre, sempre a despoletar paixões que ao entardecer se tornam mais flamejantes.
    Bjs e bom domingo.
    Ailime

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  5. Há paixões a saciar...magia que nasce ao entardecer....
    Lindo....
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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  6. "Nem o mar sabia
    entardecer
    numa folha de papel"
    Que belo começo deste excelente poema, meu amigo!
    O entardecer tem ilhas de sede para que os poetas inventem as nascentes...
    Uma boa semana.
    Beijos.

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  7. A sede do entardecer sacia-se durante a noite, quando o luar adoça o mar.
    Um abraço Poeta irmão

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  8. É lindo! Teu poema me deixa uma certa nostalgia de beleza em fim de tarde, num Outono que se aproxima.

    Sempre com muita inspiração. O respeito amoroso pela mulher.

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  9. O mar aprendendo com o poeta a entardecer os dias.
    Tão belo este poema, meu amigo!
    Beijinho.

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  10. Se não fosse a «sede do entardecer» poderia chamar-se «poema azul»... Muito bonito. E sempre com o mar por fundo...

    Beijinhos azuis

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  11. Costuma dizer-se: quem espera, desespera; neste caso, o desespero é eterna ânsia, uma espera que se espera se demore...
    Malha muito fina, a tua poética.
    Bjo, amigo :)

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  12. A sede do entardecer
    cabe numa folha de papel?
    Cabe
    a folha e a pele pele pele...
    e o apelo pelo pêlo
    o mar amar mar
    sabia o poema.

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