sábado, 7 de novembro de 2015

GARATUJAS ( 2 )



                                  Aceitei o desafio do meu neto para escrever uns textos como se fossem garatujas 




Falei com o meu amigo de quatro patas e aprendi que precisava de espaço para ser livre. 
Aprendi a saber ouvir e ele disse-me 

Um cão como eu não é feliz numa varanda. 
Se fosse de barro terias de inventar uma vida para mim, mas não seria eu. 

Não devias mas atravessaste o jardim da tua escola pelo meio das flores. 
Sei que foi um sonho, mas apeteceu-te. 
A mim apetece-me ser teu amigo, sem dono.  
Foi por isso que te lambi a ferida e te olhei. 

Queres ser meu amigo?

Não faças como a flor com espinhos que te rasgou a perna. 
Sabes o que quero de ti?

Coça-me as orelhas, olha para os meus olhos. 


Eufrázio Filipe
 

8 comentários:

  1. Olá, " Mar Arável"
    Estamos, sempre, recebendo lições dos
    animais. É só prestar atenção.
    Um fraterno abraço, amigo, aqui do
    Brasil.
    Sinval.

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  2. Teu neto deve ter ficado encantado

    (a Isabel e os alunos dela, também)

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  3. Caro Eufrázio,

    Que maravilha tu seres desafiado, nos
    proporcionando esta leitura encantadora...
    Li a garatuja (1) e quero continuar
    aprender as lições do "mestre" de quatro patas:
    a primeira, a liberdade; a segunda, saber ouvir
    e a terceira, olho no olho acompanhado de carinho...
    Adorei!
    Bjs.

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  4. Há sementes a não esquecer
    Primeira: a liberdade
    e também a amizade
    Tem dias que se dá
    chama-se fraternidade.

    Com avidez a Terra tudo recebe.
    São putos de orelha espetada.

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  5. Quando o poeta sabe bem do que gosta um cãopanheiro.

    Abraço fraterno

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